Publicado em 6 de agosto de 2019 às 00:08
- Atualizado há 6 anos
Para o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a hora de o empresariado brasileiro mostrar se é patriota de verdade. Ele aproveitou evento em São Paulo nesta segunda-feira (5) para mandar o recado, ao falar da necessidade da aprovação de uma reforma tributária.>
"Os empresários, não estou criticando todos, foram muito patriotas na Previdência, mas eles não são atingidos pela Previdência. O que a gente quer deles agora é o mesmo patriotismo na reforma tributária", disse ele em encontro da Fundação Estudar, em um hotel na região da avenida Paulista.>
"Há um sistema distorcido, em que uns pagam muitos impostos e outros não pagam impostos no Brasil. É isso que a gente tem que cobrar de todo mundo. Não adianta querer ser patriota no tema do outro, tem que ser patriota para reconstruir um Brasil mais justo", completou.>
Maia participou, ao lado da ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia, do encerramento do evento anual da fundação criada pelo empresário Jorge Paulo Lemann. Os dois deixaram o local sem atender os jornalistas.>
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O presidente da Câmara falou à plateia, formada por bolsistas, ex-alunos e convidados da entidade, que fazer passar a alteração tributária será "muito mais difícil do que a previdenciária".>
"Mas vamos ver se os nossos empresários, parte deles, não vou dizer todos, conseguem compreender que esse sistema gera a falta de crescimento, a falta de geração de emprego", assinalou.>
Maia disse ainda esperar concluir nesta semana a votação da reforma da Previdência. Segundo o deputado, a discussão na Casa acabou tomando tempo de debates sobre projetos de temas urgentes como educação, saúde e primeira infância.>
"A gente perdeu muito tempo [de plenário] no primeiro semestre, mas agora eu acredito que, com eles [deputados], a gente vai conseguir avançar numa agenda muito positiva", afirmou, ao elogiar deputados novatos na Câmara.>
O presidente citou Tabata Amaral (PDT-SP), Felipe Rigoni (PSB-ES) e Tiago Mitraud (Novo-MG) como exemplos da "safra boa" que chegou nesta legislatura, uma "garotada com muita energia".>
No palco, ele também criticou a polarização no país. "Este é um problema que a gente tem no Brasil hoje: tem um grupo de extrema esquerda e um grupo de extrema direita que não querem ouvir", observou, acrescentando que pessoas dos dois lados tapam os ouvidos para ponderações.>
"Na esquerda, você põe uma vírgula no nome do Lula, as pessoas não querem ouvir. Na direita, você põe uma vírgula no nome do Bolsonaro, tem um grupo lá de 10% ou 15% que não quer ouvir. Então, o nosso papel [no Parlamento] é ter capacidade de ouvir todos e construir o ponto de equilíbrio.">
Cármen Lúcia divertiu a plateia com histórias e tiradas bem-humoradas. Em um momento mais sério, diante de questão sobre o peso da opinião pública nas decisões dos Poderes, ela disse que o Judiciário não pode ser movido por paixões e pressões.>
"Não significa que o Poder Judiciário não ouça; apenas ele não decide segundo o que foi dito. Ele tem que, para a segurança de todos, a garantia do direito de todos, aplicar a lei independentemente do que se diga", afirmou a ministra.>
"Até porque, para garantir avanços dos direitos fundamentais, humanos, sociais, é preciso muitas vezes que nós, especialmente os juízes constitucionais, sejamos [...] os juízes que cumprem o papel de ser contramajoritário.">
Na opinião dela, juiz que fica "preocupado com o que os cidadãos querem num determinado momento" não pode exercer a carreira. Tem que decidir "segundo o que a Constituição determina e as leis mandam", ensinou.>
Numa das passagens em que provocou risadas no auditório, a magistrada se intrometeu ao ouvir Maia contar que tem cinco filhos, a mais velha com 24 anos e o caçula com 1 ano e meio. "Os senhores veem que o Legislativo atua muuuito no Brasil", comentou ela.>
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