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Indústrias no ES economizam até R$ 20 mil por mês com energia solar

Indústrias no ES economizam até R$ 20 mil por mês com energia solar

Investimento está mais acessível e reduz custos de produção

Publicado em 7 de maio de 2018 às 00:33

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Carlos Sena é gerente de termelétrica que adotou energia solar. (Vitor Jubini)

Quando se pensa em investir em energia solar, há uma ligação quase que inevitável com residências e empresas. No entanto, a utilização dos painéis solares fotovoltaicos nas indústrias é uma realidade palpável e que vem crescendo aos poucos, tanto por fatores ambientais quanto econômicos.

Isso porque esse sistema tem ficado mais acessível financeiramente. Segundo especialistas, nos últimos cinco anos o investimento necessário caiu pela metade. Outro ponto são os custos de produção, que podem ser reduzidos consideravelmente uma vez que essa é uma energia mais barata que a elétrica, representando uma economia importante para as empresas.

Com 2.500 painéis fotovoltaicos instalados há pouco mais de um mês, a Pettrus Mineração, em Cachoeiro de Itapemirim, é uma das indústrias que já vê uma economia significativa com energia. De acordo com o presidente da empresa especializada em rochas ornamentais, Maxwell Viquietti Alcântara, só nesse primeiro mês, a despesa com energia elétrica caiu cerca de 33%, uma economia de R$ 20 mil.

“Estamos gerando com os painéis solares cerca de 400 quilowatts (kW) por mês, sendo que consumimos cerca de 550 kW. Então já estamos produzindo quase a energia que consumimos, de forma sustentável e gerando uma economia significativa”, conta.

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É um investimento como comprar um apartamento. Você paga pelo sistema por cerca de 5 anos, e depois a energia é sua, quase que para toda a vida, gerando economia

Marco Colmo, sócio da Sep Energia
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A ideia de investir na energia solar, segundo Maxwell, veio do desejo de ter uma empresa sustentável e com tecnologia de ponta. “Pensamos uma indústria lá na frente, com o que há de mais moderno, e de forma sustentável. A energia solar é uma tendência e um investimento que vale a pena, até em função da nossa alta incidência de raios do sol”, comenta.

 Os especialistas explicam que é um mito a crença de que o custo inicial para implantar o sistema não compensa a economia. Segundo Carlos Jardim Sena, vice-presidente do Sindicato Patronal da Indústria da Energia (Sinerges) e membro do Conselho Temático de Infraestrutura e Energia da Findes (Coinfra), o retorno desse investimento já começa a vir em torno de seis anos, sendo que, em média, os painéis solares duram cerca de 25 anos e com custo de manutenção muito baixo.

“A energia elétrica sempre tem o custo crescendo acima da inflação, diante disso, a oportunidade de gerar sua própria energia é um excelente negócio, com taxa de retorno de 17% ao ano. Se comparar isso com aplicações financeiras no mercado, o ganho é de cerca de três vezes mais com esse investimento”, afirma.

Dependendo do consumo de cada indústria, pode ser utilizada apenas a energia solar. Quando a empresa não opera, o excedente gerado pelo sistema é injetado na rede da concessionária, e pode ser reutilizado posteriormente, como crédito.

ALTERNATIVA

A prova de como a energia fotovoltaica pode ser vantajosa para indústria é que ela está sendo usada até por empresas que produzem outras formas de geração de energia. Em Viana, a termelétrica Tevisa – que gera energia a partir de equipamentos movidos a óleo combustível – instalou há pouco mais de dois anos cerca de 300 painéis solares, que hoje suprem boa parte do consumo interno da usina.

Carlos Sena, que é gerente operacional da Tevisa, explica que, quando a empresa decidiu implantar um sistema fotovoltaico como uma alternativa na geração, o objetivo era apenas desenvolver uma tecnologia mais inteligente de conversão de energia. Hoje, porém, a indústria obteve economia de recursos e até mesmo uma receita adicional.

“Esse sistema gera algo em torno de 25 mil kW por hora. Com isso, a gente tem uma economia porque deixa de usar a nossa própria energia, que tem um valor alto, e usa uma mais barata. Assim, podemos comercializar a nossa própria energia que deixamos de usar, o que tem nos gerado uma receita extra de cerca de R$ 11 mil por mês”, destaca.

Ao ver a crescente demanda, há quatro anos o empresário Marco Colmo decidiu entrar nesse mercado. Hoje, como sócio no Estado da italiana SEP Energia, ele elabora e executa projetos de energia solar em indústrias.

“Já instalamos duas, na Pettrus e na Vitória Stone, na Serra, e temos pelo menos 20 em negociação”, conta ele, que ressalta as vantagens do investimento. “O retorno é verdadeiro. É como comprar um apartamento: por um tempo você paga, mas depois ele é seu e te dá economia.” (Com colaboração de Beatriz Seixas).

ESTADO TEM 479 LIGAÇÕES FOTOVOLTAICAS 

Com um pouco de atraso em relação a outros Estados, o uso de energia solar finalmente está se tornando uma realidade no Espírito Santo. Dados da EDP apontam que hoje já são 479 imóveis, entre comerciais, industriais e residenciais, que estão gerando sua própria energia por meio do sistema fotovoltaico vinculado à rede da concessionária, a chamada microgeração distribuída.

Nos últimos cinco anos, o Estado saiu de apenas duas ligações de energia solar vinculadas à rede, em 2013, para 363 no final do ano passado. Além disso, só nos primeiros quatro meses deste ano já foram 116 novas ligações, segundo a EDP.

Os 479 projetos fotovoltaicos em atividade são responsáveis pela geração de 3.8 megawatt (MW) por mês, energia que corresponde ao consumo de 2.400 residências, o que seria suficiente para suprir a demanda de uma cidade do porte de Ibitirama, na região do Caparaó, por exemplo.

Um dos motivos que os especialistas apontam para a procura crescente do final do ano passado para cá é a adesão do Estado ao convênio 16/2015, do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que prevê a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da energia solar para a micro e minigeração de energia, ou seja, para quem produz até 1 MW por mês pelo sistema de compensação com as concessionárias.

“O Estado estava atrasado nesse mercado em função da demora em aderir ao convênio, o que trazia uma incerteza regulatória grande. A partir disso, é natural um aumento significativo de projetos nessa área”, afirma o vice-presidente do Sindicato Patronal da Indústria da Energia no Espírito Santo (Sinerges), Carlos Sena.

Outro fator é a queda do custo de se gerar energia solar, como aponta o sócio da SEP Energia, Marco Colmo. “A gente tem visto esses incentivos, que foram muito fortes na Europa e agora chegam ao Brasil. Há cinco anos, instalar uma usina fotovoltaica custava o dobro que hoje, o que mostra que está ficando mais acessível esse mercado.”

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As vantagens, segundo os especialistas, também são preponderantes para esse boom. Apesar da taxa de retorno alta, girando em média de seis anos, eles explicam que nesse tempo a própria economia paga o investimento, e depois a economia é real, já que os sistemas duram em média 25 anos.

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