Publicado em 9 de novembro de 2023 às 10:54
BRASÍLIA - O ministro Fernando Haddad (Fazenda) comemorou nesta quarta-feira (8) a aprovação em primeiro turno da reforma tributária no Senado após 40 anos de discussão. Apesar disso, ele lamentou o trabalho de integrantes da oposição que atuaram para barrar o texto.>
O placar em primeiro turno foi apertado, com 53 fotos favoráveis — apenas 4 a mais do que os 49 necessários para uma alteração constitucional e abaixo do previsto pelo governo na véspera, que esperava o apoio de 55 senadores. Foram 24 votos contrários.>
Fernando Haddad
Ministro da FazendaPara ele, a discussão na Câmara — para onde a proposta retorna, por ter sofrido modificações no Senado — será mais fácil. "É incorporar ou não [as mudanças] e poder promulgar. Eu acredito que seja possível a promulgação da reforma tributária ainda neste ano", disse.>
Haddad disse acreditar que não será necessária uma promulgação de forma fatiada, como foi aventado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).>
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"Não acredito que vai precisar [promulgar de forma fatiada]. Acredito que ela vai, assim como o Senado se deu o direito, porque tem autonomia, de mudar alguma coisa, a Câmara vai avaliar o que o Senado fez e aquilo que for comum às duas Casas pode ser promulgado e o que não for comum fica para uma outra oportunidade, isso já aconteceu no passado", disse Haddad.>
O ministro avalia que, apesar da série de flexibilizações feitas nas duas casas, o cerne da proposta está mantido.>
"Penso que a espinha dorsal está ali, com a concordância de todo mundo. É um detalhe ou outro, mas a espinha dorsal da reforma tributária — IVA dual, não cumulatividade, desoneração de investimento, desoneração de exportação, cesta básica desonerada, alimentos mais baratos-- está na conta de todo mundo. Por isso, ela recebeu esse apoio massivo; se não, não passava", disse.>
"Penso que o Aguinaldo [Ribeiro] já está afiado para mexer ou não no texto, já tem exatamente o mapa do que é preciso fazer para ouvir os deputados e levar ao plenário da Câmara quem sabe ainda neste ano ainda para promulgação pelo Congresso Nacional", afirmou.>
"A noite é longa ainda, mas o primeiro turno do Senado dá algum conforto de que a reforma tributária depois de 40 anos finalmente vai passar", afirmou.>
Haddad voltou a expressar a avaliação de que a proposta não tem nota máxima por causa das várias concessões feitas durante a tramitação — que devem aumentar a alíquota de referência e diminuir o ganho de crescimento econômico oriundo da troca de sistema. Segundo ele, no entanto, o país está deixando para trás um sistema com nota 2.>
"Não [vamos] para um sistema tributário nota 10, porque teve que haver muita discussão e muito acordo para chegar nesse resultado, mas certamente nós estaremos hoje, se promulgada a emenda constitucional, em uma situação bastante mais confortável do que estamos hoje. Essa PEC merece uma nota 7,5, com louvor", disse.>
Para ele, a proposta pode ter nota máxima caso seja aprovado um dispositivo que demanda a cada quatro anos uma revisão das exceções. "Isso tudo vai ajudar o país a encontrar o equilíbrio entre os setores e o equilíbrio federativo", afirmou.>
"Quando a técnica encontra a política, o resultado final é satisfatório. O técnico vai dizer: 'podia ser melhor'. O político: 'podia ser melhor'. Mas o fato é que nesse encontro, nessa conjugação de esforços, nós aprimoramos muito o que estava muito ruim no Brasil", disse.>
O ministro disse que a proposta contém uma série de elementos novos "que vão aperfeiçoar nosso sistema e torná-lo menos injusto, menos opaco, mais convidativo ao investimento nacional e estrangeiro". "Estamos em um bom momento", disse.>
As declarações foram dadas após o Senado Federal aprovar a reforma que prevê a fusão de PIS, Cofins e IPI (tributos federais), ICMS (estadual) e ISS (municipal) em um IVA (Imposto sobre Valor Agregado).>
O sistema será dual: uma parcela da alíquota será administrada pelo governo federal por meio da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), e a outra, por Estados e municípios pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços).>
As alíquotas definitivas de cada tributo serão detalhadas depois, em lei complementar, mas estimativas do governo indicam que a cobrança total do novo IVA deve ficar entre 26,9% e 27,5% — já contando com o efeito das exceções adicionais incorporadas no parecer do relator, senador Eduardo Braga (MDB-AM).>
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