O anúncio da fusão da Fibria com a Suzano, em operação que cria uma gigante global de celulose, foi recebido com otimismo por analistas e empresários capixabas parceiros da empresa que tem unidade em Aracruz, Norte do Espírito Santo.
A expectativa é de que a união gere novos negócios e atraia mais investimentos para o Estado. Para o analista Pedro Lang, chefe da mesa de renda variável da Valor Investimentos, a formação de uma gigante mundial com forte presença no Espírito Santo pode movimentar a economia local. No setor de celulose, a fusão Suzano-Fibria vai corresponder a 50% do mercado global.
Se a fusão for aprovada, a nova empresa estaria muito à frente da segunda empresa, com uma produção de celulose quase duas vezes maior. Para o Estado, é pouco provável que haja uma revisão de estratégia, com mudança de investimentos já programados. O Espírito Santo, além disso, está em um lugar estratégico, bem servido de portos e na região da Sudene, afirma Lang.
Empresários capixabas também veem com otimismo a transação, mas adotam uma certa cautela. Para alguns, a possibilidade de revisão de investimentos, principalmente sobre a instalação da fábrica de bio-óleo em Aracruz - anunciada em fevereiro -, pode acender um sinal amarelo. Só para essa fábrica, o investimento anunciado foi de R$ 500 milhões.
É uma chance remota, já que existe um projeto pronto da fábrica e há incentivos fiscais acordados com o governo do Estado, mas é uma possibilidade que existe. Acredito que não vá acontecer. Mas o fator principal é que a empresa continua sendo controlada por brasileiros, já que havia interesse de companhias asiáticas e holandesas em atravessar o negócio. Essa fusão de era esperada há anos pelo mercado, assinala um executivo do setor industrial.
O presidente da Findes, Léo de Castro, ressalta que fusão vai criar uma empresa ainda maior. A nova empresa que surge desta fusão já nasce como líder mundial do segmento e tem, no Espírito Santo, uma planta com operação otimizada, desde a plantação de florestas, passando pelo beneficiamento e chegando à logística de exportação.
OTIMISMO
Diretor comercial da empresa de refrigeração Frioar, Antônio Falcão tem a Fibria como um de seus principais clientes. Ele diz que a notícia é positiva para o Estado. A Fibria tem uma presença muito grande aqui. São duas empresas que geram muitos empregos no Estado. A tendência é manter os investimentos, avalia.
Outro ponto destacado é que a união das empresas pode melhorar a relação de negócios para empreendedores locais.
O diretor do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Elétricas do Espírito Santo (Sindifer-ES), Fausto Frizzera, diz que muitas prestadoras de serviços têm tanto a Fibria quanto a Suzano como clientes e, com a fusão, haverá facilidade de negociação.
Mais de 60% dos serviços de metalmecânica da Suzano e da Fibria são feitos por capixabas. Já era uma relação muito boa e vai ficar melhor. Na hora de negociar, a gente conversa com uma empresa só. Vai facilitar os processos e gerar menos desgaste, pondera Frizzera.
Já o diretor jurídico do Sindicato dos Trabalhadores Químicos e Papeleiros do Estado (Sinticel), Artur Branco, afirma que os trabalhadores do setor ainda carregam um trauma após a compra da Aracruz Celulose pela Votorantim Celulose e Papel, em 2009. Na época, junto à incorporação, os novos acionistas anunciaram corte de 200 funcionários.
Nossa preocupação é que, com a mudança de controlador, a relação com os empregados piore. Quando algum grupo compra uma empresa, a tendência é que o comprador queira compensar o valor investido reduzindo gastos. Espero que isso não aconteça, diz.
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