Publicado em 17 de junho de 2025 às 09:31
Concursos públicos realizados pelo Judiciário brasileiro deverão seguir novas regras de acessibilidade para candidatos com deficiência e com TEA (Transtorno do Espectro Autista). A medida, aprovada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na última terça-feira (10), impõe que os editais incluam adaptações na inscrição, nas provas orais e na fase final.>
A regra também se aplica a outros processos seletivos do Judiciário e entrará em vigor 60 dias após a publicação, prevista para esta semana, segundo o relator, conselheiro Guilherme Feliciano.>
As mudanças preveem o uso de tecnologias assistivas, apoio de profissionais qualificados durante as provas e a oferta de ambientes adaptados às necessidades de cada candidato — como salas com menos estímulos sensoriais, possibilidade de pausas durante arguições e realização por videoconferência. Também fica garantido o direito a tempo adicional de prova e à adaptação da linguagem utilizada pelas bancas avaliadoras.>
Os editais terão que prever a possibilidade de solicitar essas adaptações, mediante justificativa e avaliação de equipe multiprofissional.>
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Segundo Feliciano, a proposta surgiu após um candidato com TEA relatar dificuldade para disputar um concurso em condições de igualdade.>
Um levantamento do CNJ de 2023 mostrou que pessoas com deficiência representam apenas 0,8% dos magistrados, 2,9% dos servidores, 1,8% dos terceirizados e 0,7% dos estagiários do Judiciário.>
Embora alguns tribunais já adotem medidas de acessibilidade, elas costumam se concentrar em deficiências como visual, auditiva e motora. "Agora se torna um direito universal em relação a todos os 91 tribunais do país, menos o Supremo [Tribunal Federal], que não é alcançado pelo CNJ", afirma Feliciano.>
Segundo ele, a norma se aplica apenas a condições tecnicamente reconhecidas como deficiência. "Se o grau do transtorno for tão elevado que configure deficiência, poderá ser reconhecido pela equipe multiprofissional e, nesse caso, o candidato terá acesso às adaptações", diz.>
A nova regulamentação se baseia no princípio da adaptação razoável previsto na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.>
A medida busca ampliar a representatividade de pessoas com deficiência nos quadros da magistratura, entre servidores e estagiários. "A minha expectativa é a que, em dez anos, tenhamos mudado o perfil do Poder Judiciário nacional", diz o conselheiro.>
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