Curso de Residência
ArcelorMittal Tubarão
A mudança de bairro trouxe como bagagem extra uma preocupação para a manicure Ariane Mota: como o filho, Lucas, de 11 anos, poderia se adaptar a Cidade Continental, na Serra, o novo endereço da família?
No começo, de fato, houve problemas nesse ajuste a um novo lugar, mas o jogo virou após o ingresso do menino no InterAção Esportes, um projeto que vem ajudando a garotada não só a treinar futebol de graça, mas também, e principalmente, a se socializar, a criar vínculos e a se desenvolver emocionalmente – no caso de Lucas, com direito até a festa de aniversário com os novos companheiros de bola.
“Eu fico muito feliz de ver os amigos que o Lucas fez aqui, porque eu tinha tirado o ambiente dele. Notei que ele melhorou muito em relação à timidez. Hoje, ele chega brincando, conversando e interagindo com todos. Tanto que ele me pediu para comemorar o aniversário aqui, com um bolo nas cores da camisa do uniforme”, relata Ariane.
Patrocinado por meio da Lei de Incentivo ao Esporte Capixaba, o InterAção Esportes foi lançado pela ArcelorMittal no último dia 29 de julho. Ao todo, 350 crianças e adolescentes com idades entre 7 e 14 anos participam de atividades voltadas para o futebol, futsal, vôlei de praia e taekwondo.
Seis núcleos atuam nesse atendimento. Estão estrategicamente localizados em duas cidades da Grande Vitória. Em Vitória, uma unidade está de portas abertas em Jardim Camburi. No município da Serra, os palcos dessas experiências transformadoras são espaços de lazer em Cidade Continental, Jardim Limoeiro, Novo Horizonte, Praia de Carapebus e São Diogo.
O lema “Lugar de criança é aprendendo e se movimentando” é a essência que guia as ações executadas. A proposta é ir além do aprendizado nas quadras e campos, contando com a atuação de equipes multidisciplinares formadas por professores e auxiliares, assistentes sociais e psicólogos.
As transformações vistas pela mãe do Lucas são uma das vertentes trabalhadas no projeto. A psicóloga Ana Cristina Siqueira, que atua no InterAção Esportes, ressalta a importância do contato social. “Devido à pandemia, essas crianças ficaram dois anos dentro de casa e perderam o contato umas com as outras. Então, as aulas se tornam um ponto de encontro para elas”, pontua.
Além das habilidades sociais, a psicóloga percebe avanços no desenvolvimento cognitivo e na coordenação motora dos alunos. Mudanças sutis, como o jeito de chutar a bola e a atenção aos comandos do professor, revelam a evolução dos pequenos dentro e fora das atividades.
A atuação da profissional também auxilia na percepção das emoções dos alunos, refletidas no esporte.
“Em algumas ocasiões, por exemplo, acontece de eu chamar os pais para uma conversa por perceber que o aluno estava mais quieto. E aí descobrimos que o menino realmente não estava bem. Fazemos essa triagem e, se necessário, encaminhamos para o atendimento no sistema de saúde”, informa Ana Cristina.
Os ganhos sociais promovidos pelo InterAção Esportes não se restringem aos alunos. A comunidade também se envolve ativamente, estabelecendo parcerias que fortalecem os laços e garantem a segurança dos participantes.
O professor Jonas Alves destaca o envolvimento dos pais nas atividades, ressaltando que a participação dos responsáveis é fundamental. Para ele, o aprendizado mútuo entre educadores e crianças demonstra que essa ação contribui para a formação integral de todos os grupos envolvidos.
O envolvimento entre a comunidade e o projeto se torna uma base de suporte para que a iniciativa continue conquistando mais espaço ao redor das comunidades.
A dona de casa Glicimar Dias, mãe de Davi, conta que essa relação aproximou-a dos vizinhos. “Acaba que a gente troca mensagens e tem esse contato. Às vezes, uma busca o filho da outra quando pode e constrói essa relação de parceria”, afirma.
Para a analista de Responsabilidade Social da ArcelorMittal, Paloma Moreno, esse envolvimento das famílias desperta um sentimento de pertencimento. O projeto esportivo foi um pedido dos moradores, pois “a comunidade sabia que havia crianças sem acesso ao esporte ou com tempo ocioso. Então, na época das inscrições, nós procuramos crianças desses bairros.”
A ideia de cada projeto, acrescenta Paloma, é transformar a vida das pessoas do entorno. “A gente tem uma cadeia produtiva e social enorme. Produzimos o aço, fazemos relacionamento com as comunidades e trazemos projetos sociais que transformam a vida de uma criança. Esse ciclo não para”, afirma.
Para quem participa, o desejo é que o projeto continue. Na avaliação do motorista Jonatan do Carmo, pai do aluno Mateus, o InterAção Esportes faz diferença não só na vida do filho, mas também na de todos os envolvidos. “Meu filho acorda entre 5h30 e 6h da manhã já me pedindo para levar aos treinos. É muito gratificante ver a empolgação dele. Espero que o projeto continue por muitos anos”, diz.
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