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Sambando na roda: Marcelo Lages, um bailarino no carnaval

Coreógrafo de renome da dança, gaúcho foi convidado para comandar a comissão de frente da MUG e apresentou arrojado projeto à escola de Vila Velha

Publicado em 11/02/2020 às 08h00
Atualizado em 11/02/2020 às 08h00
Marcelo Lages trabalhou por 15 anos no Theatro Municipal do RJ como solista . Crédito: Acervo pessoal
Marcelo Lages trabalhou por 15 anos no Theatro Municipal do RJ como solista . Crédito: Acervo pessoal

O gaúcho Marcelo Lages, bailarino e coreógrafo de renome da dança brasileira e internacional, e agora gestor cultural do Sesi no Espírito Santo, empresta seu talento ao carnaval capixaba. Começou criando coreografias para escolas de samba no Rio Grande do Sul e depois, no Rio, foi coreógrafo de vários segmentos da Tradição, Portela, Beija-Flor e Império Serrano. Ao mesmo tempo, trabalhou por 15 anos no Theatro Municipal como solista e partner de ícones da dança clássica, como Ana Botafogo e Cecília Kerche.

Desde o ano passado morando e trabalhando em terras capixabas, Marcelo foi convidado para comandar a comissão de frente da MUG e apresentou arrojado projeto à escola da Glória (VV), que foi aprovado. Um dos itens mais importantes é a inédita profissionalização da comissão de frente, que passa a receber cachê, com termo assinado entre a MUG e os bailarinos, como é feito com alguns casais de mestre-sala e porta-bandeira, mestres de baterias e intérpretes.

Neste ano, Lages ainda está ajudando a Vila Isabel, no Rio, mas o foco principal é o Carnaval de Vitória. “Estou adorando morar aqui, e o clima do carnaval capixaba é ótimo. Gosto da animação das pessoas daqui. Carnaval é vício, a gente não consegue ficar longe”, empolga-se o coreógrafo. 

A atual menina dos olhos do nosso convidado do Sambando na Roda é o projeto do Centro Cultural do Sesi, que vai oferecer aos capixabas biblioteca, galeria, miniauditório e peças do Museu da Indústria. Enquanto isso, ele abre o jogo no bate-bola dos amantes do samba bom. Confira:

O CARNAVAL É...

O momento de resgaste da nossa cultura, de contar histórias de forma divertida, a nossa grande folia.

SE FOSSE UM INSTRUMENTO DE BATERIA, EU SERIA...

Um bumbo, por causa da marcação.

Gaúcho Marcelo Lages é bailarino e coreógrafo de renome da dança brasileira. Crédito: Acervo pessoal
Gaúcho Marcelo Lages é bailarino e coreógrafo de renome da dança brasileira. Crédito: Acervo pessoal

MEU SAMBA ENREDO PREFERIDO É...

A lenda das sereias (“ela mora no mar, ela brinca na areia/ no balanço das ondas, a paz ela semeia”). Eu estava trabalhando na Império Serrano quando fizeram a reedição do enredo e do samba em 2009. Foi a única vez que eu vi a Sapucaí inteira cantando a uma só voz um samba.

MINHA FANTASIA FAVORITA É…

O personagem que nós criamos no carnaval... Aliás, a própria folia é a melhor fantasia. Sou apaixonado pelo carnaval porque nessa vida corrida não temos tempo para nada e, no carnaval, as pessoas arranjam tempo para brincar, se fantasiar e voltar a ser criança.

PRA QUEM QUER QUE O SAMBA MORRA, EU RESPONDO…

Morra você antes (Marcelo responde em tom de brincadeira).

MEU ÍDOLO NO CARNAVAL É…

Eu admiro muito as pessoas anônimas das escolas, que trabalham muito pelo samba. Gosto do pessoal de Madureira, da Tradição, da Portela e do Império, onde trabalhei, porque eles dão o sangue pela escola.

Artista já criou coreografias para escolas de samba no Rio Grande do Sul e do Rio. Crédito: Acervo pessoal
Artista já criou coreografias para escolas de samba no Rio Grande do Sul e do Rio. Crédito: Acervo pessoal

SE FOSSE CONVIDAR ALGUÉM PRA DESFILAR COMIGO, EU CONVIDARIA…

Com toda essa situação do país, as pessoas estão precisando brincar. Eu traria para brincar no carnaval as pessoas que estão deturpando a seriedade. Políticos estão precisando brincar, mas de verdade, para estar perto e entender as necessidades do povo. Que eles brinquem junto com o povo e não afastados dele.

SEM SAMBA E CARNAVAL EU FICO…

Nu.

NO ENREDO DO MEU SAMBA, NÃO PODE FALTAR…

Alegria, alegria!

UMA LETRA DE SAMBA QUE ME DEFINE…

Vou citar um choro clássico: "Carinhoso", de Pixinguinha. Seus versos “meu coração, não sei por que/ bate feliz quando te vê...” me definem, não de forma romântica, mas por minha ligação com a arte, qualquer tipo de arte. Meu coração bate mais forte e feliz quando eu vejo arte e cultura sendo propagadas.

PRA QUEM NÃO ENTENDER O ENREDO DA MINHA VIDA, EU DIGO…

Vem viver comigo porque eu me considero uma pessoa de sorte por poder trabalhar com arte e cultura. Entender o enredo da minha vida é entender a arte, o que me faz respirar e ser feliz.

NESTE CARNAVAL, EU PROMETO…

Ser feliz. Eu prometo passar pelo menos um pouco da alegria que estou sentindo em participar do carnaval capixaba.

NA MINHA COMISSÃO DE FRENTE, NÃO PODE FALTAR…

Surpresas, porque sempre tem que ter e, sobretudo, verdade. A comissão fará um resgate da história dos povos indígenas capixabas com verdade.

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