Thalles Contão é psicólogo clínico, existencialista, marido, pai, filho e humano, demasiadamente humano

É inevitável que os filhos aprendam a resolver alguns problemas

Crianças criadas em ambientes superprotegidos acabam despreparadas para lidar com frustrações – e elas as terão por toda a vida – e acabam por ser tornar adultos que não aceitam a realidade como ela é

Publicado em 20/01/2021 às 02h00
Crianças na escola estudando
Talvez, o problema em fazer amigos, seja uma típica dificuldade de uma criança servida pelos pais excessivamente. . Crédito: shutterstock

Pergunta: “Tenho um filho de 10 anos, ele não faz amigos na escola. É inteligente e tem boas notas. Foi um filho planejado, fazemos de tudo por ele (…) Qual seria o melhor tratamento para este tipo de problema? Como podemos ajudar?” G

Você pode ajudar muito ao seu filho percebendo que ele tem um problema, mas principalmente notando que será um de vários e que é inevitável que ele aprenda a resolver algum deles. Ao contrário do que você parece pensar, seu filho pode não ser tão frágil quanto imagina. Vocês podem fazer um grande mal ao futuro desta criança fazendo-a acreditar que é cheia de fragilidades.

É comum que pais desejem fazer tudo pelos filhos, mas o que este sentimento esconde é uma ilusão perigosa: a de que conseguirão. Crianças criadas em ambientes superprotegidos acabam despreparadas para lidar com frustrações – e elas as terão por toda a vida – e acabam por ser tornar adultos que não aceitam a realidade como ela é, incapazes de assumir responsabilidades e com problemas nos relacionamentos.

Uma criança de 10 anos com uma família que a assiste, uma vida confortável, boas notas e bom comportamento, se está com dificuldades em fazer amigos, antes de ser diagnosticada com algum tipo de transtorno, precisa ser ouvida e pelo que relatou isto não aconteceu. Porque todos os esforços estão em resolver mais um problema para ela. Talvez seja uma típica dificuldade de uma criança servida pelos pais excessivamente. Sendo um filho planejado, pode também estar sendo alvo de muitas expectativas, então seria bom, além de conversar com a criança, procurar informações concretas sobre esta suposta dificuldade de relacionamento, se ela se manifesta em todos os lugares ou se é pontual.

Há ainda o risco de que sua visão sobre o que seja “fazer amigos” esteja contaminada tanto pelas altas expectativas que vocês trazem quanto pela possibilidade de quererem evitar que o garoto enfrente dificuldades reais. Fazer amigos pode ser bem difícil se acreditamos que não precisamos nos responsabilizar. Talvez se vocês permitissem o garoto entender isto, o problema não existiria.

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