É professor do Instituto Federal do Espírito Santo. Em seus artigos, trata principalmente dos desafios estruturais para um desenvolvimento pleno da sociedade. Escreve quinzenalmente, às segundas

Multiplicidade do conhecimento produtivo favorece economias sofisticadas

Economias mais simples têm bases mais estreitas de conhecimentos produtivos e produzem produtos simples

Publicado em 12/07/2019 às 19h21
Atualizado em 30/09/2019 às 04h42
Conhecimento sofisticado. Crédito: Divulgação
Conhecimento sofisticado. Crédito: Divulgação

A literatura internacional sobre o processo de desenvolvimento econômico e social é extensa e diversificada. No âmbito das discussões do Observatório do Desenvolvimento Capixaba (ODC), temos empreendido um rico debate sobre a estrutura produtiva e a sua relação com o processo de desenvolvimento. Para tanto, a relevante publicação “The Atlas of Economic Complexity” (2011), de Ricardo Hausmann (Harvard University), César Hidalgo (MIT) e outros tem sido útil.

Bem antes do filósofo Adam Smith (1776), os rendimentos crescentes de escala combinados com a divisão social do trabalho já eram a receita exitosa para a prosperidade de uma sociedade. Antonio Serra (1613), por exemplo, sugeriu estimar a riqueza de uma cidade a partir da contagem do número de profissões existentes, pois ele reconhecia o processo de desenvolvimento econômico como um fenômeno sinérgico e que demandava um setor manufatureiro diversificado.

Desde os primórdios da Revolução Industrial, entre o final do século XVIII e o início do século XIX, o processo de desenvolvimento esteve atrelado à industrialização, que conduz à complexificação econômica.

Por ser difícil de transferir, o conhecimento tácito é o elemento que restringe o processo de crescimento e desenvolvimento. Os países periféricos enfrentaram tal questão após a Segunda Guerra, quando muitos realizaram arrancadas desenvolvimentistas. Nos casos bem documentados de experiências na América Latina, as estruturas produtivas tradicionais, tomadoras de preços nos mercados e concentradoras de renda, dificultaram a superação da armadilha da renda média.

A sofisticação econômica está relacionada à multiplicidade de conhecimentos embutidos nas estruturas produtivas. A complexidade econômica, portanto, expressa a composição de produtos fabricados por um país e reflete estruturas emergentes que sustentam combinações variadas de conhecimentos. Estes só podem ser acumulados, transferidos e preservados se os mesmos estiverem embutidos nas redes de indivíduos e organizações que os coloquem em uso produtivo.

Economias complexas podem juntar vastas quantidades de conhecimentos relevantes através de redes sociais e organizacionais para buscar gerar grandes variedades de produtos intensivos em conhecimento. Economias mais simples, por outro lado, têm bases mais estreitas de conhecimentos produtivos e produzem produtos simples, que requerem redes de interações menores. Acreditamos ser essa uma oportuna reflexão para evitarmos circularidades do tipo “mais do mesmo”.

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