E professor do Instituto Federal do Espirito Santo (Ifes)

Desemprego vem sendo o vilão do aumento da desigualdade salarial

Com a precarização e a elevada subutilização da força de trabalho, as pequenas melhoras na economia estão deixando os mais pobres para trás

Publicado em 06/08/2019 às 15h31
Desemprego no Brasil. Crédito: Reprodução/Folha de S. Paulo
Desemprego no Brasil. Crédito: Reprodução/Folha de S. Paulo

Uma recente pesquisa do Instituto Ipsos, de maio de 2019, indica que 59% consideram que o Brasil está no caminho errado. A média mundial nos países é de 58% para essa questão. Crime e violência, saúde, desemprego, corrupção e educação aparecem na lista de preocupações sociais. A série histórica da pesquisa mostra que o pessimismo caiu no Brasil de um patamar próximo aos 90% no ano passado, mas ele voltou a subir.

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Segundo aponta a pesquisa, as três maiores preocupações dos brasileiros são violência, saúde e desemprego. Apenas 7% dos brasileiros se preocupam com o crescimento do extremismo, algo bem próximo da média global de 9%, e somente 2% se preocupam com as mudanças climáticas, distante, portanto, da média global de 13% das preocupações sociais.

Nesse clima de insatisfações generalizadas no Brasil, chamou a minha atenção um artigo dos pesquisadores Marcelo Medeiros e Rogério J. Barbosa sobre como o desemprego vem sendo o vilão do aumento da desigualdade salarial entre nós desde 2015. Para os pesquisadores, “historicamente, o mercado de trabalho brasileiro sofre de crônica informalidade e subemprego.

O desemprego, contudo, nunca havia sido uma causa importante de desigualdade”. O desemprego é mais alto entre pessoas com menor escolaridade. Com a precarização e a elevada subutilização da força de trabalho, as pequenas melhoras na economia estão deixando os mais pobres para trás.

A reforma trabalhista prometia a geração de milhões de novos empregos no curto prazo. Essa flexibilização laboral, entretanto, não reduziu a grande informalidade na economia brasileira e tampouco impactou na redução da subutilização da força de trabalho, segundo o IBGE.

De acordo com Medeiros e Barbosa, “a crise do trabalho só não é maior porque o Estado serviu de amortecedor. Não só por meio das políticas sociais estabelecidas em sucessivos governos, mas também pela proteção às atividades em educação, saúde e serviços sociais”. Sem esses estabilizadores automáticos, o mergulho da economia teria sido mais profundo.

Medeiros e Barbosa afirmam que “quem apostou em privatizar os ganhos e socializar os prejuízos perdeu. A instabilidade política não resultou na dança de cadeiras esperada e acabou agravando a crise. Todos saíram piores”. Os mais pobres pagaram a maior parte da conta. Nesse sentido, a perspectiva de funcionamento da Emenda Constitucional 95, que diz respeito ao limite para o avanço dos gastos primários, será dramática para os estabilizadores automáticos da economia brasileira.

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