Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

"White Lines", da Netflix, leva bom suspense à paradisíaca Ibiza

"White Lines", série desenvolvida por criadores de "La Casa de Papel" e "The Crown" para a Netflix, é um clássico "whodunit" em meio ao paraíso de "good vibes", festas e drogas da Ibiza

Publicado em 18/05/2020 às 22h44
Atualizado em 18/05/2020 às 22h44
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Série "White Lines". Crédito: Des Willie

A essa altura o nome de Álex Pina já se tornou uma força na indústria de televisão/streaming mundo afora. Criador de “La Casa de Papel” e “Vis a Vis”, o produtor ajudou a colocar a Espanha no mapa de dramaturgia televisiva para o resto do mundo. Sua mais nova empreitada, “White Lines”, agora o lado de Andy Harries (“The Crown”) é mais um passo na consolidação internacional na gigante Netflix.

Em 10 episódios de cerca de 50 minutos, a série anglo-espanhola se divide entre Manchester, na Inglaterra, e a paradisíaca Ibiza, na Espanha. O espectador acompanha a jornada de Zoe (Laura Haddock) na famosa ilha espanhola onde seu irmão desapareceu há cerca de 20 anos. Após uma grande chuva, o corpo de Alex (Tom Rhys Harries) aparece enterrado em um terreno da família mais poderosa da região. Agora, por conta própria, Zoe quer descobrir o verdadeiro destino de seu irmão.

A premissa é simples e a série funciona como um grande “whodunit”, ou seja, a série gira em torno da morte de Alex. A narrativa se divide basicamente entre duas linhas temporais - uma no presente, com Zoe no centro da ação, e outra nos primeiros dias de Alex em Ibiza, onde se tornou o DJ das maiores festas do badalado arquipélago. Enquanto na primeira linha temporal acompanhamos a investigação, na segunda vamos conhecendo os detalhes daquela sociedade em que tudo parece uma festa.

Da mesma maneira como “Toy Boy” mostrava as belezas da região de Málaga, “White Lines” é um cartão de visitas para Ibiza. A ilha, conhecida por suas boates e badaladas festas de música eletrônica, é filmada como em um filme publicitário - até os pontos vendidos como negativos, como, por exemplo, o consumo praticamente legalizado de drogas, funciona como um atrativo para o local, e talvez essa seja realmente a intenção.

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Série "White Lines". Crédito: Des Willie/Netflix

Apesar de simples, “White Lines” prende a atenção de quem assiste. As duas narrativas vão aos poucos fazendo mais sentido, se cruzando, e dando ao espectador a impressão de estar montando um quebra-cabeças, mesmo que tudo funcione no modo automático. A série também é sexy, abusando da latinidade e do clima de “vale tudo” de Ibiza - orgias regadas a cocaína são tão normais quanto um banho de mar, as “linhas brancas”, afinal, não estão no título da série à toa. 

Se aproveitando do clima “good vibes” de Ibiza, o roteiro tenta navegar por alguns caminhos que interessam o público consumidor desse conteúdo. Assim, o texto esbarra em questões espirituais, de autodescoberta e até caminha para uma jornada meio hippie na Índia. A série tira bom proveito de sua ambientação para passar uma sensação de complexidade - temos um conflito entre as festas, as energias positivas e o capitalismo, os interesses comerciais. Como já aprendemos em “Narcos”, onde há cocaína, há violência, há alguém que comande o tráfico, o que oferece outra camada à série.

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Série "White Lines". Crédito: Des Willie/Netflix

“White Lines” tem uma construção de mistério interessante. A série passa seus primeiros episódios mostrando quão maravilhosa é a vida daquelas pessoas na paradisíaca ilha, uma festa que nunca termina, “carpe diem”, etc., para em seguida trazer o espectador de volta à realidade. O problema da série, porém, é seu miolo - a premissa e a construção são interessantes, assim como sua conclusão, mas alguns episódios no meio se arrastam e parecem desnecessários.

“White Lines” não é incrível, mas se faz interessante com diálogos bem escritos, em inglês e em espanhol, um bom desenvolvimento da trama, cenários estonteantes e um clima sexy - o balé dos corpos nus em movimento pode servir como um grande atrativo para temperar a já irresistível Ibiza.

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