Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

"The Mandalorian", Disney+ e o retorno de Jack Sparrow

Lançamento de Disney+ em mercado restrito faz seu carro-chefe bombar, mas na pirataria

Publicado em 16/11/2019 às 09h50
Série "The Mandalorian". Crédito: Disney+/Divulgação
Série "The Mandalorian". Crédito: Disney+/Divulgação

Na última terça-feira, 12 de novembro, a Disney finalmente lançou seu serviço de streaming, o aguardado Disney+. Além de um catálogo gigante com filmes, séries e animações da empresa (além de outras empresas como Fox, Pixar, Marvel, LucasFilme etc.), a plataforma teve como grande atrativo “The Mandalorian”, primeira série live-action (com atores de carne e osso) do universo “Star Wars”. Elogiada pela crítica como um faroeste que expande a mitologia criada por George Lucas, a série obviamente foi um sucesso no dia de estreia… Tanto no serviço, que teve problemas de estabilidade devido ao grande acesso, quanto na pirataria.

É curioso analisar o fenômeno da pirataria - de algo completamente fora do controle nos anos 2000 e início dos 2010, ela se tornou controlável, estável, com a popularização do acesso a serviços como Spotify e Netflix, para ficarmos em dois pioneiros. Esses serviços de streaming facilitaram a vida de pessoas ávidas por séries; logo o “não estar na Netflix” virou justificativa para várias séries deixarem de ser vistas na pirataria, algo que envolve torrents (algo ainda não compreendido por muitos), links duvidosos etc.

Outra ação importante para a indústria de entretenimento combater a pirataria foi diminuir a janela entre o lançamento nos EUA e no resto do mundo de filmes de grande apelo popular. Assim, lançamentos passaram a chegar aos cinemas brasileiros até antes da estreia americana. O mesmo ainda não acontece com os filmes da temporada de premiação, que acabam se tornando hits na turma do Jack Sparrow, mas a procura por eles ainda é menor.

A questão da música parece ainda sob controle mesmo com o surgimento de novas plataformas, mas o conteúdo audiovisual está prestes a sofrer um novo baque. Antes era Netflix e HBO, hoje é Netflix, HBO, Amazon Prime Video, AppleTV+, Disney+ e Hulu (que não operam no Brasil), além de canais “premium” de Fox e Paramount. A soma dessas assinaturas dá algo em torno de R$ 150 (dependendo do plano) e nem todos estão dispostos a pagar por todos, mas dinheiro não é o único problema.

Ainda, voltando ao título, há a estratégia da Disney de lançar o serviço primeiro nos EUA, no Canadá e na Holanda, para depois levá-lo ao resto do mundo. Austrália e Nova Zelândia receberão na próxima semana, enquanto países como Reino Unido, França, Espanha e Itália só em março do ano que vem. Na América Latina, Brasil incluso, a previsão é de novembro de 2020. Você acha que os fãs brasileiros de “Star Wars”, que não são poucos, aguardarão um ano para conferir a série?

O serviço começou a operar às 4h da madrugada de terça para quarta no Brasil - às 5h “The Mandalorian” estava disponível para download ilegal; o mesmo aconteceu com a versão live action de “A Dama e o Vagabundo”, outro atrativo de lançamento. Nos últimos dias a série alcançou níveis de download de “Game of Thrones”, a mais pirateada da história (HBO ainda é um canal caro e restrito mundo afora).

Isso não vai parar em “The Mandalorian”. Em 2020 o serviço ainda vai lançar “Falcão e o Soldado Invernal”, parte do universo Marvel e já anunciado como essencial para quem quiser acompanhar o universo cinematográfico. Irão os fãs da Marvel “escolher esperar”?

A Disney obviamente não é ingênua de não prever isso, mas empurrando seus fãs para o “lado escuro da Força” novamente e saindo atrás da gigante Netflix e dos outros concorrentes em mercados importantes como o latino-americano.

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