Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"Outer Banks", da Netflix, mistura "The OC" e "Goonies"

Série "Outer Banks", lançada pela Netflix, coloca adolescentes em busca de seu lugar no mundo no meio de uma grande aventura de caça ao tesouro

Vitória
Publicado em 21/04/2020 às 22h44
Atualizado em 21/04/2020 às 22h46
Série
Série "Outer Banks", da Netflix. Crédito: Jackson Davis/Netflix

“Outer Banks”, nova série da Netflix, é um encontro geracional. Girando em torno de um grupo de jovens bonitos e sarados que embarcam em uma grande aventura de caça ao tesouro, a série consegue misturar elementos dramáticos de “The OC” com o aspecto aventuresco de “Goonies” ou alguma outra aventura oitentista.

Outer Banks, local que dá nome ao seriado, é uma região de pequenas ilhas no litoral da Carolina do Norte, nos EUA. É nessa região, obviamente, que encontramos John B (Chase Stokes), Kiara (Madison Bailey), Pope (Jonathan Daviss) e JJ (Rudy Pankow), os Pogues, jovens da parte pobre das ilhas. O grupo funciona como um núcleo familiar e cada um deles tem sua personalidade própria e seus problemas, alguns deles são desenvolvidos ao longo dos 10 episódios da primeira temporada.

Desde a sequência de abertura, quando somos apresentados ao ambiente e aos personagens, a série nunca para de se movimentar - seja no lado aventuresco da narrativa ou na construção dos relacionamentos da trama.

A série teen não reinventa nada, mas faz bom uso de suas influências. Após um fortíssimo furacão, os Pogues encontram uma embarcação afundada e resolvem explorá-la. Lá eles descobrem um artefato que pode estar ligado ao desaparecimento do pai de John B, um sujeito que dedicou a vida a encontrar um navio afundado na região e dentro do qual se encontrava uma verdadeira fortuna. É claro que eles não são os únicos atrás desse tesouro. Começa então um jogo de gato e rato com altos e baixos, mas sempre divertido.

“Outer Banks” é mais um produto Netflix voltado para adultos nostálgicos ou jovens. Além da caça ao tesouro, os Pogues também têm que lidar com os Kooks, os filhos dos milionários com casas na região e personagens provavelmente criados com a intenção de irritar o espectador.

Série
Série "Outer Banks", da Netflix. Crédito: Jackson Davis/Netflix

Mesmo não tendo sido filmada em Outer Banks, a série consegue emular bem a região e a diferença provavelmente só será perceptível para quem tem conhecimento da área. A fotografia é bonita, com filtros que parecem situar a ação sempre ao amanhecer ou ao por do sol. O cenário é sempre paradisíaco.

A série tem bons momentos em sua caça ao tesouro, mesmo que caia em várias saídas fáceis com os vilões aparecendo sempre no momento certo; até o roteiro faz piada com isso (creio que não-intencional) em uma sequência. Em compensação, o texto gasta tempo com tramas secundárias bobas e desnecessárias, talvez uma maneira de manter atento um público mais novo, que não consome as referências citadas anteriormente, mas sim os dramas adolescentes de amadurecimento - sexo, drogas e bebidas estão presentes, mas sempre de maneira muito conservadora.

Série
Série "Outer Banks", da Netflix. Crédito: Jackson Davis/Netflix

Para reforçar o aspecto nostálgico pelo qual a Netflix tanto preza, o roteiro é criativo: o furacão derrubou as comunicações locais, ou seja, nada de internet, mensagens e telefones de fácil acesso (a não ser quando convém ao texto). Tudo o que precisam saber está nas pistas deixadas pelo pai de John B ou nas encontradas pela turma.

“Outer Banks” poderia ter uns dois episódios a menos na temporada para enxugar seu arco final. Os últimos três episódios são movidos a burrices e a comportamentos inexplicáveis, tudo para mover o roteiro de um ponto a outro. É nesse momento também que a série perde um pouco de seu charme, na tentativa de colocar os Pogues em perigo, em situações que façam o público temer por eles - não é esse tipo de série.

Ao final, “Outer Banks” é sobre riscos - são jovens tomando para si o próprio destino, superando obstáculos e adversidades sociais e familiares para alcançar seus objetivos. Mesmo pouco original, a série é atraente e ágil o suficiente para não perde o espectador sempre ansioso para ver para onde a aventura vai levar os Pogues no próximo momento.

Acompanhe o colunista também no Twitter.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.