Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

Os vencedores e as poucas surpresas da noite do Oscar 2021

Com poucas surpresas, mas algumas novidades, cerimônia do Oscar distribuiu seus prêmios entre os filmes favoritos, mas não realizou esperada homenagem a Chadwick Boseman

Vitória
Publicado em 26/04/2021 às 02h52

Em um ano obviamente atípico, a cerimônia de entrega do Oscar também foi atípica. Não que tenha havido grandes surpresas, mas sim um grande anticlimax. Eram poucos convidados no Union Station, um grande terminal de trem em Los Angeles, mas uma sensação de normalidade que teve início ainda no tapete vermelho, com indicados sem máscara, mesmo que as entrevistas fossem feitas com uma certa distância. A cerimônia teve tom mais sóbrio e menos grandioso do que o habitual, mas era de se esperar.

A estranheza veio com o primeiro prêmio da noite. Normalmente entregues no meio da cerimônia, os prêmios de Melhor Roteiro Adaptado e Original abriram a cerimônia após o discurso de Regina King. Enquanto o prêmio para "Bela Vingança" era de certa forma esperado, o de "Meu Pai", desbancando o favorito "Nomadland", foi uma pequena surpresa.

Mantendo premiações interessantes para fechar e abrir a cerimônia comandada pelo cineasta Steven Soderbergh, o Oscar teve momentos interessantes e diferentes das que nos acostumamos a ver na tradicional cerimônia.  A representatividade tão pautada nos últimos anos pareceu bem mais natural, com um festival de etnias, idiomas e gêneros desfilando pela festa.

Algumas surpresas foram o prêmio de Montagem para o excelente "Som do Silêncio", que também levou Melhor Som, categoria no qual era o favorito. Chloé Zhao confirmou seu favoritismo, mesmo perdendo o prêmio de roteiro, e viu "Nomadland" levar Melhor Filme, Direção e Atriz - Frances McDormand levou seu terceiro Oscar de Melhor Atriz para casa. Glenn Close, em sua oitava indicação, continua sem vencer o Oscar, mas a atriz com certeza fará filmes melhores que "Era uma Vez um Sonho".

Foi a primeira vez que duas mulheres foram indicadas na categoria de Direção (Zhao e Emerald Fennell) e Zhao foi apenas a segunda mulher na história do Oscar a vencer - a outra vencedora foi Kathryn Bigelow, por "Guerra ao Terror".  Nascida na China, Zhao ficará marcada também como a primeira mulher "de cor" a vencer a categoria. Vale lembrar que "pessoas de cor", para os americanos, são todos não-caucasianos. Ainda, Zhao é a primeira mulher a ser indicada em quatro categorias: Direção, Edição, Roteiro e Filme.

Frances McDormand e Chloe Zhao recebendo o prêmio por "Nomadland"
Frances McDormand e Chloe Zhao recebendo o prêmio por "Nomadland"

Youn Yuh-jung levou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante, o único de "Minari", que merecia mais sorte no Oscar, mas não teve força para desbancar os grandes favoritos.  Com 10 indicações, "Mank" ironicamente não era o grande favorito nas principais categorias. O filme de David Fincher acabou com duas estatuetas, Melhor Fotografia e Design de Produção.

O tal anticlimax citado lá em cima veio com uma mudança na ordem dos prêmios.  Historicamente a última categoria da noite, Melhor filme abriu o bloco final. A expectativa era: vão deixar a categoria de Melhor Ator por último para uma homenagem póstuma ao vencedor, Chadwick Boseman.

O problema é que a excelente atuação de Boseman tinha um Anthony Hopkins pelo caminho. O veterano ator de 83 entregou a melhor atuação de sua carreira em "Meu Pai" e foi o escolhido pelos membros da academia. Sem Hopkins para receber o prêmio, a noite se encerrou de maneira melancólica, com Joaquin Phoenix anunciando o nome do vencedor e com a cerimônia tendo um fim abrupto.

Em uma noite com os prêmios bem distribuídos, sem um grande confira os vencedores (em negrito).

MELHOR FILME 

Frances McDormand em cena de 'Nomadland', de Chloé Zhao
Frances McDormand em cena de 'Nomadland', de Chloé Zhao. Crédito: Cor Cordium Productions
  • "Meu pai"
  • '"Judas e o messias negro"
  • "Mank"
  • "Minari"
  • "Nomadland"
  • "Bela vingança"
  • "O som do silêncio"
  • "Os 7 de Chicago"

MELHOR ATRIZ

  • Viola Davis - "A voz suprema do blues"
  • Andra Day - "Estados Unidos Vs Billie Holiday"
  • Vanessa Kirby - "Pieces of a woman"
  • Frances McDormand - "Nomadland"
  • Carey Mulligan - "Bela vingança"

MELHOR ATOR

Anthony Hopkins em "Meu Pai"
Anthony Hopkins em "Meu Pai"
  • Riz Ahmed - "O som do silêncio"
  • Chadwick Boseman - "A voz suprema do blues"
  • Anthony Hopkins - "Meu pai"
  • Gary Oldman - "Mank"
  • Steve Yeun - "Minari"

MELHOR DIREÇÃO

Chloe Zhao, diretora de "Nomadland"
Chloe Zhao, diretora de "Nomadland"
  • Thomas Vinterberg - "Druk - Mais uma rodada"
  • David Fincher - "Mank"
  • Lee Isaac Chung - "Minari"
  • Chloé Zhao - "Nomadland"
  • Emerald Fennell - "Bela vingança"

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Maria Bakalova - "Borat: fita de cinema seguinte"
  • Glenn Close - "Era uma vez um sonho"
  • Olivia Colman - "Meu pai"
  • Amanda Seyfried - "Mank"
  • Youn Yuh-jung - "Minari"

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Filme
Filme "Judas e o Messias Negro". Crédito: Warner/Divulgação
  • Sacha Baron Cohen - "Os 7 de Chicago"
  • Daniel Kaluuya - "Judas e o messias negro"
  • Leslie Odom Jr. - "Uma noite em Miami"
  • Paul Raci - "O som do silêncio"
  • Lakeith Stanfield - "Judas e o messias negro"

MELHOR FILME INTERNACIONAL

  • "Druk - Mais uma rodada" (Dinamarca)
  • "Shaonian de ni" (Hong Kong)
  • "Collective" (Romênia)
  • "O homem que vendeu sua pele" (Tunísia)
  • "Quo vadis, Aida?" (Bósnia e Herzegovina)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

  • "Borat: fita de cinema seguinte"
  • "Meu pai"
  • "Nomadland"
  • "Uma Noite em Miami"
  • "O Tigre Branco"

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

  • "Judas e o Messias negro"
  • "Minari"
  • "Bela vingança"
  • "O som do silêncio"
  • "Os 7 de Chicago"

MELHOR FIGURINO

  • "Emma"
  • "A voz suprema do blues"
  • "Mank"
  • "Mulan"
  • "Pinóquio"

MELHOR TRILHA SONORA


  • "Destacamento blood"
  • "Mank"
  • "Minari"
  • "Relatos do mundo"
  • "Soul"

MELHOR ANIMAÇÃO

  • "Dois irmãos: Uma jornada fantástica"
  • "A caminho da lua"
  • "Shaun, o Carneiro: O Filme - A fazenda contra-ataca"
  • "Soul"
  • "Wolfwalkers"

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

  • "Burrow"
  • "Genius Loci"
  • "Se Algo Acontecer... Te amo"
  • "Opera"
  • "Yes people"

MELHOR CURTA-METRAGEM EM LIVE-ACTION

  • "Feeling through"
  • "The letter room'"
  • "The present"
  • "Dois Estranhos"
  • "White Eye"

MELHOR DOCUMENTÁRIO

  • "Collective"
  • "Crip camp"
  • "The mole agent"
  • "Professor Polvo"
  • "Time"

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM

  • "Collete"
  • "A concerto is a conversation"
  • "Do not split"
  • "Hunger ward"
  • "A love song for Natasha"

MELHOR SOM

Filme
Filme "Sound of Metal" ("O Som do Silêncio"), da Amazon. Crédito: Amazon/Divulgação
  • "Greyhound: Na mira do inimigo"
  • "Mank"
  • "Relatos do mundo"
  • "Soul"
  • "O som do silêncio"

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

  • "Fight for you" - "Judas e o messias negro"
  • "Hear my voice" - "Os 7 de Chicago"
  • "Husa'vik" - "Festival Eurovision da Canção: A saga de Sigrit e Lars"
  • "Io sì" - "Rosa e Momo"
  • "Speak now" - "Uma noite em Miami"

MELHOR CABELO E MAQUIAGEM

  • "Emma"
  • "Era uma vez um sonho"
  • "A voz suprema do blues"
  • "Mank"
  • "Pinóquio"

EFEITOS VISUAIS

  • "Problemas monstruosos"
  • "O céu da meia-noite"
  • "Mulan"
  • "O grande Ivan"
  • "Tenet"

MELHOR FOTOGRAFIA

Filme
Filme "Mank", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação
  • "Judas e o messias negro"
  • "Mank"
  • "Relatos do mundo"
  • "Nomadland"
  • "Os 7 de Chicago"

MELHOR EDIÇÃO

  • "Meu pai"
  • "Nomadland"
  • "Bela vingança"
  • "O som do silêncio"
  • "Os 7 de Chicago"

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

  • "Meu pai"
  • "A voz suprema do blues"
  • "Mank"
  • "Relatos do mundo"
  • "Tenet"

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Oscar Rafael Braz

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