Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

Orquestra Voadora mistura carnaval de rua e cinema mudo em oito clipes

"Pernas Voadoras" é a segunda música lançada pela Orquestra Voadora em 2021 e ajuda integrantes do grupo e foliões a matarem a saudade de carnaval

Vitória
Publicado em 16/03/2021 às 01h10
Atualizado em 16/03/2021 às 01h10
Banda Orquestra Voadora
Banda Orquestra Voadora. Crédito: Michelle Murieta/Divulgação

Em 2012, quando a hoje abandonada Estação Porto ainda recebia shows, a Orquestra Voadora fez uma apresentação histórica em Vitória, um show que deixou o palco do galpão e foi para as ruas em um momento realmente inesquecível para quem estava presente. Ali estava a essência do grupo surgido no carnaval de rua do Rio de Janeiro: a alegria e, principalmente, a rua.

Obviamente, após 12 anos sem perder um carnaval, o Bloco da Orquestra Voadora não desfilou em 2021. As atividades da banda, porém, continuaram com oficinas e lançamentos de singles. No início do ano lançou a belíssima “Revoar” e agora lança “Pernas Voadoras”, música que ganhou oito clipes.

“A gente tava com a ideia de fazer a música ambientada no Rio antigo, no começo do século XX. A ideia era mostrar que essa coisa do carnaval e da música de rua, de dançar na rua, é algo que remonta a um passado distante e que vai continuar depois de tudo isso”, contra André Ramos, saxofonista e compositor do grupo.

“Pernas Voadoras”, diferentemente de “Revoar”, traz também à tona o bloco da Orquestra Voadora, não apenas a banda. Com aquele clima de brass band que marca a sonoridade do grupo, a música foi a primeira da Orquestra com o envolvimento do bloco e dos alunos das oficinas. “Era uma música que a gente tava trabalhando para levar pras ruas este ano, apresentar neste carnaval. É o momento em que as pernas de pau entram no show”, conta André.

Os oito clipes contam histórias diferentes, funcionando como uma espécie de antologia de curtas-metragens de cinema mudo sobre personagens clássicos da cultura carioca. André diz que eles selecionaram referências de contos de João do Rio, “Um Homem Célebre”, de Machado de Assis, entre outros, e as enviaram para as pessoas do grupo. Cada pessoa criou seu personagem e o diretor, Daniel Paiva, que também integra a banda, ressignificou o material na edição, segundo André. “Aí fizemos uma versão com um apanhado geral e outras sete com personagens separados”, explica.

A Orquestra Voadora não lança um disco desde 2013, quando lançou "Ferro Velho" pela Biscoito Fino. André explica que a ideia por enquanto é continuar lançando singles separados, o que oferece mais possibilidade de trabalhar cada música, fazer um vídeo e se dedicar à divulgação dela. “Eu super acredito em álbum quando realmente existe um conceito pra unir as músicas, pra que elas façam parte do mesmo universo. Os nosso singles recentes são todos completamente diferentes”, pondera o músico.

“Pernas Voadoras” foi lançada pelo selo Lona Musik, do capixaba Cid Travaglia, hoje residente em Berlim, na Alemanha. Cid, para quem não se lembra, é o idealizador do festival Dia D e ex-baterista do Pé do Lixo. Ele foi responsável também pelo selo Lona! Records, que lançou, entre outros, discos de Dead Fish, Java Roots e Macucos.

O contato de 'Cidinho' com a Orquestra Voadora veio através da banda Bagunço, muito amiga da Orquestra e com quem o capixaba já vinha trabalhando em esquema parecido. “Ele tem muita noção de mercado de música, não se restringe a nada”, diz André.

Em um ano sem carnaval, e cheio de incertezas quanto aos próximos, ouvir “Pernas Voadoras” e assistir a seus clipes traz um sentimento diferente, algo obviamente compartilhado por André e o resto do grupo. “O contato corpo a corpo, o presencial, é a nossa essência. Estamos tentando nos reinventar enquanto é possível, mas faz muita falta. Falta isso na nossa vida. Estamos aproveitando o momento para produzir outras músicas, mas faz muita falta”, lamenta o músico.

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