Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"O Homem de Toronto", da Netflix, é divertidíssima comédia de ação

Kevin Hart e Woddy Harrelson dão show de química e humor em "O Homem de Toronto", filme com estrutura de "buddy cop" no qual a história pouco importa

Vitória
Publicado em 24/06/2022 às 23h55
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Filme "O Homem de Toronto", da Netflix. Crédito: Sabrina Lantos/Netflix

“O Homem de Toronto”, lançado pela Netflix nesta sexta (24), é um filme que, em outros tempos, teria sido lançado nos cinemas nesta mesmo época do ano, o verão americano. Os estúdios investiriam uma boa grana com campanhas para o filme de orçamento médio (cerca de US$ 75 milhões) atrair público para as salas em uma semana sem a estreia de um grande blockbuster como “Top Gun: Maverick”, “Lightyear” ou “Jurassic World: Domínio”, apenas para citar os que atualmente dominam as salas, e muito provavelmente ficariam insatisfeitos com o resultado - o verão americano é selvagem para quem ousa competir.

Isso, como disse, seria em outra época. Hoje, as plataformas de streaming viraram um ambiente mais seguro para filmes como “O Homem de Toronto”, pois eles estão ali, a dois ou três cliques, sem a necessidade de uma programação, de deslocamento ou de ter que tirar do bolso um dinheiro que já não está previsto no orçamento da pessoa.

Produzido pela Sony e originalmente programado para agosto deste ano, o filme foi adquirido pela Netflix para distribuição mundial (menos na China, onde a Sony ainda acredita no potencial do filme), mas por que isso acontece? Bem, o estúdio provavelmente estudou o cenário, as possibilidades de lançamento e julgou que negociar seu produto seria uma forma de amenizar suas possíveis perdas.

“O Homem de Toronto”, apesar dessa descrença de sua produtora, é uma boa e divertida comédia de ação. Logo no início conhecemos Teddy Jackson (Kevin Hart) enquanto ele faz vídeos de técnicas exercícios para suas redes sociais. Pouco depois, somos apresentados a Toronto (Woody Harrelson), um sujeito misterioso que chega a uma cabana para extrair uma informação de uma pessoa sendo torturada, só ele seria capaz disso. As sequências iniciais servem para que o público logo de cara perceba como aquelas duas pessoas são completamente diferentes.

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Filme "O Homem de Toronto", da Netflix. Crédito: Sabrina Lantos/Netflix

Por um acaso, Teddy vai a um endereço errado, um lugar onde o homem de Toronto era esperado para interrogar uma pessoa, e acaba confundido com ele. Essa confusão leva Teddy ao FBI, que pede para ele continuar fingindo ser o homem de Toronto para, assim, ajudar em uma grande operação para evitar um grande incidente internacional. O problema é que Toronto logo descobre o que está acontecendo e vai atrás da pessoa que está se passando por ele.

O diretor Patrick Hughes, dos dois “Dupla Explosiva”, com Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson, entende do gênero e sabe o que faz em seu novo filme. Ele se aproveita do carisma de Kevin Hart e de toda sua força cômica para aproximar o personagem do público e obviamente garantir algumas risadas com boas piadas sempre bem encaixadas pelo ator. Woody Harrelson, em um papel que seria de Jason Statham, parece estar sempre prendendo a risada, mesmo nos momentos mais sérios, mas isso nunca compromete; o ator tem bom tempo de humor e não compromete nas cenas de ação (mesmo que seja fácil identificar o dublê em várias delas).

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Filme "O Homem de Toronto", da Netflix. Crédito: Sabrina Lantos/Netflix

Como todo bom filme de “buddy cop”, “O Homem de Toronto” depende da química entre seus protagonistas. Por isso, é quando Hart e Harrelson estão juntos em tela que tudo funciona como o planejado, com diálogos rápidos, cheios de boas sacadas sustentadas por tudo o que separa aqueles personagens. As sequências de ação, mesmo que não sejam nada de outro mundo, são boas e seguem o tom de ação absurda da história, sem grandes preocupações, por exemplo, com as leis da física.

Nos momentos em que busca o drama ou dar alguma profundidade à grande ameaça, o texto não consegue se afastar da comédia. O conflito entre Teddy e sua esposa, Lori (Jasmine Matthews), não faz diferença alguma ao filme, assim como a presença da melhor amiga dela, Anne (Kaley Cuoco), o que é um desperdício de uma atriz com ótimo tempo de humor em um papel totalmente dispensável.

Da mesma forma, o roteiro é falho ao tentar construir a rede internacional da qual Toronto faz parte e a ameaça que ela representa, deixando o público sem saber exatamente qual o vilão do filme, o que, sejamos sinceros, pouco importa.

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Filme "O Homem de Toronto", da Netflix. Crédito: Sabrina Lantos/Netflix

O filme peca pela repetição de algumas situações e por explorar pouco alguns personagens, mas isso não importa. Criativo nas cenas de ação, com câmera na mão e perto dos atores, Patrick Hughes explora bem Kevin Hart e Woody Harrelson, tirando o que cada um tem de melhor a oferecer.

“O Homem de Toronto” não traz grandes novidades, mas entrega o que promete, uma comédia com muita ação, muitas piadas e uma ótima química entre seus protagonistas. Ainda, traz algo raro, uma conclusão, um filme de arcos fechados e sem ganchos para continuações - isso não significa, claro, que uma continuação não seja possível se o filme for um sucesso, pois, mesmo fechada, a história poderia ser facilmente ampliada.

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