Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

O cinema se despede de Alan Parker, um brilhante contador de histórias

Cineasta britânico estava afastado das câmeras desde 2003. Ele é o responsável por filmes como "Coração Satânico", "Expresso da Meia-Noite" e "The Commitments"

Publicado em 31/07/2020 às 16h02
Atualizado em 31/07/2020 às 22h01
Alan Parker
Alan Parker. Crédito: Divulgação

Morto nesta sexta-feira (31), aos 76 anos e por causas não divulgadas após um longo período doente, Alan Parker foi um dos grandes nomes do cinema durante os anos 1970, 80 e 90. O cineasta britânico foi indicado duas vezes ao Oscar, por “Expresso da Meia-noite” (1978) e “Mississipi em Chamas” (1988), mas nunca levou a estatueta para casa. Seu último trabalho foi o bom “A Vida de David Gale”, no já longínquo 2003.

Parker começou a carreira dirigindo comerciais de televisão junto com nomes como Ridley e Tony Scott. Segundo ele, era impossível trabalhar com cinema na Inglaterra dos anos 1960 por “não haver uma indústria de cinema”.

Seu primeiro trabalho de grande destaque foi “Bugsy Malone” (1976), uma comédia musical sobre o mundo da máfia que trazia um aspecto curioso: crianças interpretavam os papéis dos personagens adultos. O filme concorreu à Palma de Ouro em Cannes e se tornou querido por público e crítica especializada - no elenco, uma jovem Jodie Foster brilhava.

The Commitments
The Commitments. Crédito: DIvulgação

Foi com “O Expresso da Meia-Noite”, lançado em 78, que o diretor se colocou entre os grandes nomes da época. O roteiro adapta o livro homônimo de Billy Hayes e conta a história de como o jovem americano acaba preso na Turquia após tentar embarcar com drogas em um avião. Um filmaço que traumatizou gerações e pode ser conferido no serviço de locação de YouTube e AppleTV+.

Um dos grandes talentos do diretor era sua versatilidade; ele escrevia e dirigia dramas reais com a mesma maestria de um musical ou de um filme de terror. Parker é o responsável pelo longa “Pink Floyd - The Wall” (1982), um grande mergulho psicodélico no disco clássico do Pink Floyd. Ele também dirigiu “Fama” (1980), mas seu lado musical merece destaque mesmo é por “The Commitments” (1991), filme sobre jovens de uma cidade operária na Irlanda que resolvem formar uma banda de soul e que no Brasil ganhou o subtítulo “Loucos Pela Fama” e não se encontra disponível em nenhum serviço de streaming.

Alan Parker com crianças no set de
Alan Parker com crianças no set de "Bugsy Malone". Crédito: Divulgação

É curioso que o cineasta, à época, para dar credibilidade à história, não contratou atores para os papéis - ele selecionou músicos irlandeses que tinham pouca ou nenhuma experiência com atuação. O filme é divertido e comovente, o que fez dele um sucesso independente e o tornou cult para a geração que era adolescente nos anos 1990 (na qual me incluo). Como curiosidade, a banda The Corrs teve seu início durante o processo de seleção para o filme e as três irmãs aparecem em pequenos papéis.

Parker também dirigiu filmes pesados como o terror “Coração Satânico” (1987), o drama baseado em fatos “Mississipi em Chamas”, “As Cinzas de Angela” (1999), “Evita (1996) e o já citado “A Vida de David Gale” (2003). Independente do gênero que escrevia ou dirigia, seu grande talento era contar histórias.

O cineasta deixa cinco filhos, entre eles o roteirista Nathan Parker (“Moon”). 

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