Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

NX Zero: "Não tem nada definido, mas nada que não possa acontecer"

Após hiato de seis anos, NX Zero se apresenta em Vitória neste sábado (24) com a turnê "Cedo ou Tarde", a mais ousada da história da banda

Vitória
Publicado em 23/06/2023 às 12h35
Banda NX Zero se apresenta em Vitória após pausa de seis anos nos trabalhos
Gee Rocha, Dani Weksler, Di Ferrero, Fi Ricardo e Caco Grandino. Crédito: Cesar Ovalle/Divulgação

No início dos anos 2000, quando o movimento “emo” finalmente chegou ao Brasil, poucos nomes tiveram tanto destaque e tanta importância quanto o NX Zero. Ao contrário das bandas inspiradas pela segunda onda “emo”, nascidas nos anos 1990, o NX não se limitava à sonoridade do hardcore e tampouco aos dogmas do underground. A banda, mesmo tendo surgido em shows pequenos e tendo lançado o primeiro disco, “Diálogo”, por um selo independente (Urubuz Records), sempre teve o lado pop que a consagrou anos depois – o fato de ser formada por jovens bonitos e entenderem que o visual é parte do apelo ajudou muito.

Não foi à toa que Di Ferrero, Gee Rocha, Caco Grandino, Fi Ricardo e Dani Weksler foram, por anos e inquestionavelmente, uma das maiores bandas de rock do Brasil. O NX Zero nunca se manteve em um só lugar, sempre procurou inovar e experimentar na sonoridade, cada vez mais abraçando o inegável apelo pop.

Após anos de sucesso, em 2017, a banda decidiu entrar em um hiato. O cenário musical já não era o mesmo e os integrantes queriam experimentar, se jogar por experiências novas. “A gente tava há muito tempo na ativa, 16 anos ininterruptos, e precisava dessa pausa”, conta o baixista Caco, em chamada de vídeo ao lado do guitarrista Fi.

Banda NX Zero se apresenta em Vitória após pausa de seis anos nos trabalhos
Banda NX Zero se apresenta em Vitória após pausa de seis anos nos trabalhos. Crédito: Cesar Ovalle/Divulgação

De lá para cá, no entanto, com um mundo em transformação, o interesse pela banda novamente aumentou e o que parecia apenas uma faísca se tornou uma explosão que poucos poderiam prever. “O Diego foi conversar pessoalmente com cada um pra ver como a gente tava, entender o momento de cada um e sugerir uma turnê de reunião. Cada um tem suas coisas, negócios, famílias, então era um momento delicado, mas o NX Zero é nossa paixão e decidimos ser a hora”, explica Caco.

A ideia, inicialmente, não era algo tão grandioso quanto a atual turnê “Cedo ou Tarde”. “Era coisa de dez shows”, brinca Fi, antes de completar: “aí viraram 20 shows e, quando percebemos já estávamos lotando o Allianz (estádio do Palmeiras)”. O guitarrista lembra que, quando os shows voltaram a acontecer, principalmente nos grandes festivais, ficou aquela saudade dos palcos, uma lembrança de “a gente sabia fazer isso também, né?”.

Durante os seis anos de pausa, mesmo que os integrantes ainda se falassem, cada um seguiu seu caminho. Para Caco, “rolou um desapego” após uma vida inteira tocando baixo. Ele lembra que o retorno ao instrumento se deu quando Fi foi diretor musical de uma banda chamada Meu Nome não é Cláudia, um projeto para tocar no estande de um patrocinador do Rock in Rio. O guitarrista não só convidou Caco, como insistiu para quebrar a resistência do baixista, preocupado com sua agência de publicidade. “Tiramos 35 músicas para tocar em todos os dias do festival, três vezes por dia, e foi uma das coisas mais gostosas que a gente fez. Era só diversão”.

Fi Ricardo

Guitarrista do NX Zero

"Era coisa de dez shows. Aí viraram 20 shows e, quando percebemos já estávamos lotando o Allianz (estádio do Palmeiras)"

Com a ideia de levar o NX Zero de volta aos palcos consolidadas, a banda teve que se reencontrar com sua própria discografia e repensá-la para os shows. “Temos que lembrar a energia da época do Hangar, pensar na galera que nos viu naquele momento e hoje é outra pessoa, mas também temos que abraçar todos os trabalhos”, diz Fi.

O show que desembarca em Vitória neste sábado (24) deve ter mais de duas horas de duração, com estrutura da banda, ou seja, a mesma qualidade técnica em todos os shows da turnê. “A ideia é ter aquelas músicas que todo mundo quer ouvir, mas estamos também fazendo também muitos ‘lado B’ pra deixar na espera. Vamos adaptando pra cada cidade”, diz Caco. “Temos um esqueleto, mas tem sempre uma surpresa. Não estamos tão loucos quanto o Pearl Jam, que ensaia umas 180 músicas”.

Mas será que todo mundo se lembrava de todas as músicas? “É muito legal. Eu fico pensando o que eu pensava na época. Pra que eu fazia tanto (risos). É uma energia adolescente…”, brinca o guitarrista. “Por que eu queria correr tanto, com tanta nota? Quando você é mais novo, você quer tocar rápido, com tudo o que você sabe”, completa Caco, que brinca, “eu estava preocupado”.

O novo interesse pelo “emo”, ressurgindo hoje com novo significado, não mais como o termo pejorativo que tinha antes, criou um novo interesse pela banda. “Eu vejo muito nas redes sociais as pessoas falando sobre as letras do NX, sobre a postura de positividade da banda. Nunca fomos superficiais, a ideia é levar a reflexão, celebrar a vida, e muita coisa hoje não é assim”, pondera Caco.

Conrado "Caco" Grandino

Baixista NX Zero

"Eu vejo muito nas redes sociais as pessoas falando sobre as letras do NX, sobre a postura de positividade da banda. Nunca fomos superficiais, a ideia é levar a reflexão, celebrar a vida, e muita coisa hoje não é assim"

A turnê “Cedo ou Tarde” vai, a princípio, até dezembro (“podendo ir além”, segundo Caco), mas o que será do NX Zero após esses shows, após essa turnê? Será que já há conversas sobre uma volta definitiva, novas músicas, novos discos?

“É a maior turnê que a gente já fez, estamos focados nela, então não estamos pensando em nada além disso. Se pintar algo no estúdio, vamos trabalhar, mas não tem nada certo. Não tem nada definido, mas nada que não possa acontecer”, diz Fi.

“O ‘pós-turnê’ a gente vai definir sentado numa mesa do bar do Fi, onde a gente fica a vontade (risos). Como sempre fomos uma banda natural, em que tudo aconteceu de forma orgânica, a gente respeita o jeito NX de ser. Se surgir música nova, novos projetos, a gente só vai saber no final do ano, na mesa do bar”, encerra Caco.

SERVIÇO

  • NX ZERO – TURNÊ “CEDO OU TARDE”
  • QUANDO: Sábado, 24 de junho de 2023, às 20h.
  • ONDE: Praça do Papa. Avenida Nossa Senhora dos Navegantes, Vitória.
  • INGRESSOS: A partir de R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). À venda no site www.eventim.com.br

A Gazeta integra o

Saiba mais
Música Rock in Rio Praça do Papa Rafael Braz Rock

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.