Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

Conseguirá Christopher Nolan salvar o ano de 2020 nos cinemas?

Em um ano desastroso para a indústria, cineasta aposta que seu “Tenet” irá amenizar as perdas e fomentar a retomada do públicos nas salas

Publicado em 19/07/2020 às 15h00
Atualizado em 19/07/2020 às 15h00
Poster do filme
Poster do filme "Tenet". Crédito: Warner/Divulgação

Estamos sem cinemas desde março. Sim, há quatro meses, um terço de um ano, desde quando eu me preparava para assistir a “Um Lugar Silencioso 2”, um dos filmes que mais esperava ver em 2020. Além do filme dirigido por John Krasinki, adiado inicialmente para setembro e que provavelmente sofrerá novo adiamento, a essa altura do ano já teríamos assistido a “Viúva Negra”, “Mulan”, “Velozes e Furiosos 9”, “007 - Sem Tempo para Morrer”, “Soul” (nova animação da Pixar), “Top Gun: Maverick”, “Mulher-Maravilha 1984”, entre outros, apenas para ficarmos nos grandes blockbusters.

Alguns filmes como o caso do péssimo “Artemis Fowl” e do razoável “Greyhound: Na Mira do Inimigo”, ganharam lançamentos nos serviços de streaming - Disney+ e AppleTV+, respectivamente. O caminho deve ser seguido pelo terror “Antlers”, produzido pelo Guillermo Del Toro, que deve ser lançado durante a versão on-line da San Diego Comic Con.

Mesmo que todos os filmes tenham suas datas de estreias confirmadas, só os que foram levados para o streaming é que realmente podem dizer que estão mesmo CONFIRMADOS. Muitos lançamentos foram empurrados da temporada de verão americano, a mais quente do ano (com o perdão do trocadilho), para as festas de fim de ano. Tudo permanece indefinido.

“Tenet”, o salvador?

A última semana também seria a data inicial da estreia de “Tenet”, novo e misterioso filme de Christopher Nolan, o autoproclamado o salvador das salas de cinema. Desde o início da pandemia, o diretor fala para quem quiser ouvir que salas de cinema serão reabertas com seu novo trabalho. Nolan, óbvio, não quer perder o momento - mesmo com as mudanças, ele exigia da Warner que seu filme estreasse em julho. Não rolou.

Pouco se sabe sobre “Tenet” além de que ele será um filme de ação com ficção científica que lida com o tempo sem necessariamente ser sobre viagem no tempo, palavras do diretor. Com elenco encabeçado por John David Washington e Robert Pattinson, o filme atualmente tem estreia agendada para 13 de agosto, mas é pouco provável que chegue às salas nessa data, mesmo com a insistência de Nolan. A Warner já falou que o filme definitivamente será lançado nos cinemas, não existindo a possibilidade de levá-lo para o streaming.

Robert Pattinson e John David Washington em
Robert Pattinson e John David Washington em "Tenet". Crédito: Warner/Divulgação

Quando as salas forem reabertas, é óbvio que não terão capacidade máxima de público, e menos público significa menos bilheteria. Por isso, a Warner trabalha com a possibilidade de deixar “Tenet” em cartaz por mais tempo (não terá muitos concorrentes…).

A empolgação do estúdio com o filme também é mostra de sua confiança nele. Apesar de superestimado, Christopher Nolan talvez seja o grande cara do cinema mundial hoje. Sim, ele é didático demais e com frequência encerra tramas supostamente complexas com conclusões simplistas (“Interestelar”, tô falando de você), mas o cineasta consegue levar um cinema que mistura o pop e o cult para as salas, consegue fazer com que o público “médio”, aquele que não se encaixa em nenhum nicho de audiência, se sinta brilhante ao assistir ao já citado “Interestelar”, “A Origem” ou ao ótimo “O Grande Truque”; consegue, também, transformar um simples recorte da Segunda Guerra no excelente “Dunkirk”, em uma interessante narrativa.

Por essas e por outras, é compreensível a empolgação da Warner, pois Nolan é capaz de levar público aos cinemas com um cinema autoral, mas colocar todo esse peso nas costas de “Tenet” pode ser complicado. Se o filme for um sucesso, outros estúdios logo se apressarão para desengavetar seus filmes, resultando em uma temporada de estreias fora de época para ajudar a normalizar a situação. Caso seja um fracasso, porém, os estúdios terão duas opções: recuperar parte dos investimentos no streaming para reduzir danos ou segurar os grandes lançamentos para quando a situação estiver diferente, o que pode demorar. 

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