Ora, quantas vezes estive diante de pessoas as quais queria agradecer, elogiar, dizer a verdade do meu coração, e voltei atrás por timidez, insegurança, falta de coragem...
Você sabia que feridas profundas, causadoras de doenças crônicas, muitas vezes severas, são produtos de faltas... Falta de reconhecimento, falta de uma palavra, falta de perdão, falta de compreensão, falta de abraço, falta de verdade.
Não é raro vermos pessoas mutiladas pela carência de aprovação, admiração, respeito, reconhecimento, do pai, por exemplo, ou do irmão, da mãe, de um companheiro, de um amigo... Levando uma vida suspensa – freada pela ausência daquela frase específica, que o libertaria de um monumental martírio.
"Eu tenho orgulho de você, meu filho"; "Eu te amo, filha"; "Eu te perdoo, irmão"; "Me desculpa, pai?"; Eu te entendo, mãe" – enfim, é infinita a lista de bálsamos verbais que, uma vez manifestados, operariam cura na alma.
Porque, note, mesmo que o resto do mundo inteiro aprove e aplauda de pé o sujeito, existe aquela pessoa a quem a alma é devota – muitas vezes a revelia dele mesmo.
Considerando isso, porque não somos capazes de dizer? Ou porque não confessamos aquilo que nos falta, com a grande humildade de manifestar que precisamos ouvir?
Claro, receber não é fácil... Aliás, receber pode ser mais complicado que oferecer. Mesmo porque culturalmente fomos moldados para controlar: controlar a bexiga, o sono, a fome, controlar as emoções, os sentimentos e assim, ao longo do tempo, exageramos, e no lugar do controle sadio, vamos nos tornando mesquinhos da nossa própria abundância, inclusive emocional.
Miseráveis da própria espontaneidade, guardando migalhas de generosidade, em troca da sensação de auto-importância.
Mas no fim da história, não tem segredo (é só mistério), porque o grande culpado é sempre o medo. Medo de ser ignorado, rejeitado, abusado. Medo de parecer tolo, inseguro. Medo de demonstrar afeto e medo de senti-se menor por isso mesmo.
Finalmente, exercitar a gratidão é estar em dia com a consciência da nossa pequeneza (humana) e compreender que somos nada além de poeira, e a vida... Ah, a vida é um trem passa.
De modo que reconhecer, honrar e agradecer é o que nos resta... Então, porque não cultivar? A começar dentro de casa, pela família, agradecendo e honrado aqueles à quem amamos e devemos, inclusive, a vida.
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