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Para bancar candidatura ao governo do ES, Rigoni enfrenta risco de debandada e isolamento no União Brasil

Deputado federal elabora plano de governo, coordenado por Luiz Paulo Vellozo Lucas, mas tem desafios pela frente

Vitória
Publicado em 14/03/2022 às 17h53
Felipe Rigoni em entrevista coletiva como presidente estadual do União Brasil
Felipe Rigoni em entrevista coletiva como presidente estadual do União Brasil. Crédito: Letícia Gonçalves

O deputado federal Felipe Rigoni saiu do PSB e ingressou no União Brasil, partido que resultou da fusão de DEM e PSL, e já assumiu a presidência da legenda no Espírito Santo. Não sem contratempos. Com menos de uma semana no posto já tem que conter uma possível debandada, que inclui a família Ferraço e deputados estaduais descontentes. Tudo isso ainda tentando emplacar uma candidatura ao governo do estado, a dele mesmo.

Inicialmente, quem comandaria o União Brasil estadual seria o ex-senador Ricardo Ferraço, mas por intervenção da direção nacional do partido, a sigla foi para as mãos de Rigoni. O deputado e o ex-senador se desentenderam.

Para Ricardo, de acordo com o próprio Rigoni, seria melhor que o pré-candidato ao governo do estado recuasse e disputasse a reeleição, facilitando a montagem de chapa de candidatos à Câmara Federal.

Deputados estaduais, principalmente os mais próximos ao governador Renato Casagrande (PSB), como aliás o é Ricardo Ferraço, não querem endossar o pleito de Rigoni ao Palácio Anchieta. Também apontam dificuldade para formar chapas proporcionais.

"Com o Ricardo presidente, a ideia era Rigoni vir a federal, aí viria também a Norma (Ayub) à reeleição e chamaríamos ainda a Lauriete (deputada federal que está no PSC). Agora, fica difícil", resumiu o deputado estadual Coronel Alexandre Quintino, aliado de primeira hora de Casagrande. Ele está de malas prontas para sair do União Brasil. É pré-candidato à reeleição na Assembleia.

Rigoni convocou uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (14), que precedeu o ato de lançamento da pré-campanha dele, marcada para o próximo dia 17. Ressaltou que vai trabalhar para impedir a saída de deputados e da família Ferraço, que inclui Theodorico, Norma e Ricardo.

Mas, se a tentativa resultar infrutífera, não vai se furtar em atrair outros quadros, tendo como prioridade o desenho das chapas para eleger deputados estaduais e federais.

Parece um contrassenso e é. A janela partidária, período em que deputados podem trocar de partido sem risco de perder o mandato, está aberta e o mercado político em polvorosa. Justamente agora o recém-criado União Brasil mostra desunião, um clima de barata-voa que Rigoni vai ter que administrar.

Para além das questões pragmáticas, Rigoni tem um plano. Quer ser governador, ainda que momentaneamente isolado no próprio partido, e repetiu que o ciclo de Renato Casagrande e Paulo Hartung na história política do Espírito Santo chegou ao fim. Algo que tem dito em entrevistas recentes.

O deputado foi eleito, em 2018, com apoio do atual governador, mas afirmou que preparar o estado para o próximo ciclo, que ele demarca em 20 anos, está à frente das relações pessoais.

Também não faltou, na coletiva, a menção a políticas públicas baseadas em evidências, quase um mantra de Rigoni. Ele apresentou um manifesto e quer imprimir eficiência estatal, digitalização dos serviços públicos e um novo ciclo de desenvolvimento econômico no estado.

É um plano ambicioso, mas para tirá-lo do papel precisa primeiro convencer os aliados, aliás, obter aliados.

Rigoni não parece ter pressa. Disse que somente vai procurar outros partidos para a empreitada quando o plano de governo estiver pronto, em junho.

"Ele fica falando isso de junho, mas eu não tenho até junho para mudar de partido", alfinetou Quintino à coluna.

Questionado pela coluna se poderia recuar da candidatura ao Palácio Anchieta e tentar a reeleição, o deputado federal respondeu que só trabalha com plano A.

"Paulo Hartung e Casagrande colocaram o estado nos trilhos. Está na hora de colocar o Espírito Santo na pista de decolagem", resumiu.

Ele não se considera oposição a Casagrande, embora tenha se colocado na rota como adversário, e diz que não foi estimulado por Paulo Hartung a disputar, mas não despreza o eventual apoio dele.

PROVISÓRIA

O União Brasil não tem um diretório estadual formado, apenas uma comissão provisória, e o mesmo modelo deve se repetir na organização municipal da legenda. Rigoni não tem um prazo, um mandato à frente da sigla.

Não foi eleito e sim designado, mas ao menos até o final do ano deve comandar o partido no Espírito Santo, sendo responsável, inclusive, por decidir quem vai dar as cartas em nome da sigla nas cidades.

LUIZ PAULO COORDENA PLANO

O ex-prefeito de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas coordena o plano de governo de Rigoni. Não se trata de uma participação tucana. Luiz Paulo abriu uma empresa de consultoria e foi contratado pelo deputado federal.

O cientista político João Gualberto Vasconcellos também.

Os dois, inclusive, marcaram presença na entrevista coletiva desta segunda-feira.

NEM LULA NEM BOLSONARO

Quando a questão é a disputa pela Presidência da República, Rigoni não tem um candidato natural a a quem apoiar. O União Brasil, nacionalmente, ainda não endossou ninguém.

O que o deputado garante é que, no primeiro turno, não vai estar com Lula (PT) nem com Jair Bolsonaro (PL).

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