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Dinheiro do governo para prefeituras gera racha entre candidatos no ES

Manato diz que, se eleito, não vai dar "nem um real novo" para prefeitos que não zerarem a fila da saúde

Vitória
Publicado em 30/08/2022 às 11h14
Evento Diálogo com o setor produtivo, realizado no Hotel Senac Ilha do Boi, em Vitória
Evento Diálogo com o Setor Pro. Crédito: Alexandre Mendonça/Findes

Candidato ao governo do Espírito Santo, o ex-deputado federal Carlos Manato (PL) afirmou que, se eleito, vai "apertar" os prefeitos do estado para "zerar a fila da saúde". Para pressioná-los, disse que não vai repassar dinheiro via convênios, que são transferências voluntárias feitas pelo governo do estado aos municípios, até que a questão da saúde seja resolvida.

"Prefeito gosta de dinheiro, né?", ironizou, diante de uma plateia de empresários durante o evento Diálogo com o Setor Produtivo, realizado pelo Fórum de Entidades e Federações (FEF), em Vitória, nesta segunda-feira (29).

"Dinheiro para fazer obras", complementou.  "Todas as obras que começaram nós vamos terminar. Mas não vou dar um real novo para prefeito que não zerar a fila da saúde", prometeu.

Como contrapartida do estado, ele exemplificou que levaria pacientes que aguardam por exames e procedimentos simples para municípios vizinhos em uma van cedida pela prefeitura aos finais de semana. 

Também prometeu construir um novo hospital em Guarapari e um em Vitória, na Reta da Penha, onde hoje funciona a Rádio Espírito Santo. E ainda citou diversos hospitais já existentes em que ele ampliaria os serviços ofertados.

Questionado pela coluna se há dinheiro suficiente para fazer tudo isso, disse que acha que sim.

Para além da saúde, o que está em jogo é a forma de o governo se relacionar com os prefeitos.

Hoje, a maioria dos chefes dos Executivos municipais apoia a reeleição do governador Renato Casagrande (PSB). 

O socialista sempre exemplifica, na campanha, que a gestão atual realizou obras em diversos municípios. Reconhece que o estado precisa avançar nas áreas de saúde e segurança, por exemplo, mas frisou, para a mesma plateia do fórum, que, "se você conversar com qualquer gestor municipal vai ouvir que nunca tivemos tanto investimento".

O ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD), que quer a cadeira de Casagrande, tem uma análise bem diferente sobre a forma como os recursos são repassados às prefeituras.

"O governo tem que arrumar uma maneira diferente de atender os municípios. Não pode aprisionar os municípios via acordos políticos com os prefeitos para só (inaudível) dinheiro em ano eleitoral, como está acontecendo", afirmou Guerino, em entrevista após participar do fórum.

Audifax Barcelos, Carlos Manato, Guerino Zanon e Renato Casagrande durante o evento Diálogo com o Setor Produtivo
Audifax Barcelos, Carlos Manato, Guerino Zanon e Renato Casagrande durante o Diálogo com o Setor Produtivo. Crédito: Alexandre Mendonça/Findes

"Não quero dinheiro no caixa para ficar segurando os prefeitos. Dinheiro público tem que entrar e sair de imediato", criticou, tocando no ponto abordado pela coluna anterior, a respeito dos R$ 6 bilhões em superávit no caixa do governo. 

Casagrande já rebateu que é importante ter uma poupança e que, graças a isso, o governo pode suportar a redução da arrecadação de ICMS, resultado da baixa da alíquota em relação aos combustíveis, medida aprovada pelo Congresso Nacional.

Voltando à relação entre estados e municípios, Guerino lembrou do início do atual mandato do governador, em que verbas já liberadas ou pactuadas com prefeituras foram seguradas.

Em 2019, Casagrande suspendeu os convênios firmados pela gestão de Paulo Hartung (então filiado ao MDB), seu antecessor, nos três meses anteriores.

"Sei o que é um governador não cumprir acordos assinados pelo estado em mandato anterior", alfinetou Guerino que, na época, ainda comandava Linhares e presidia a Associação dos Municípios do Espírito Santo (Amunes).

"O secretário (Tyago Hoffmann, então titular da pasta de Governo) chegou a declarar 'se (os prefeitos) não devolverem serão penalizados'", destacou.

Hoffmann, ainda em 2019, disse que os convênios foram liberados por Hartung com critérios políticos, sem atender às prioridades dos municípios,

"O repasse desses convênios foi feito de forma seletiva para alguns prefeitos que supostamente o governador anterior tratava como mais aliados dele. Vamos tratar de forma republicana. Vamos levantar os recursos que foram repassados e estabelecer novas prioridades", afirmou Hoffmann, na ocasião.

Agora, são os adversários de Casagrande que dizem que a verba via convênios é repassada às prefeituras devido a critérios político-eleitorais.

Em entrevista à coluna, em junho, foi a vez de o socialista ironizar Guerino: "A acusação de investir muito é uma boa acusação". 

"O Espírito Santo em 2019, no primeiro ano do meu governo, já fez mais investimento do que o último ano do governo do Paulo (2018) em infraestrutura. Geralmente os governos vão aumentando a sua velocidade. (Digo isso) para os adversários saberem e não chegarem num debate e o nosso representante precisar desmentir", respondeu o governador.

Os candidatos ao governo do Espírito Santo não se encontraram durante o evento desta segunda. Cada um falou à plateia em horários diferentes e respondeu às mesmas perguntas sobre a área econômica.

O ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) também participou. Foram convidados os quatro mais bem colocados na última pesquisa Ipec.

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