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PM tem mais de um terço de defasagem no número de soldados

Se for considerada toda a tropa, o déficit é de 2.401 integrantes (22,19% da corporação)

Publicado em 09/10/2019 às 05h00
Atualizado em 09/10/2019 às 05h01
PMs no Centro de Formação e Aperfeiçoamento da corporação. Crédito: Carlos Alberto Silva
PMs no Centro de Formação e Aperfeiçoamento da corporação. Crédito: Carlos Alberto Silva

A Polícia Militar capixaba enfrenta um grande desafio: a defasagem do seu efetivo. Levantamento feito pela coluna mostra que o déficit de soldados combatentes, ou seja, aqueles que fazem o patrulhamento nas ruas, é de 35,96%. O quadro operacional da PMES prevê que neste ano deveriam estar em ação 4.925 militares nessa função, porém há somente 3.154 vagas ocupadas. Os dados estão disponíveis na Transparência do Governo do Estado.

Outro posto que vem fazendo falta para a PMES é o de tenente, base do grupamento de oficiais. No segmento de oficiais combatentes, ou seja, aqueles militares que entram na corporação com idade entre 18 e 28 anos, há 43 ocupando o posto de segundo-tenente e outros 37 como primeiro. O quadro operacional prevê 121 trabalhando como segundo-tenente e 115 como primeiro-tenente. A ocupação atual desses cargos é de 35,53% e 32,17%, respectivamente.

Os soldados são os homens de execução da corporação, que vão fazer as abordagens e operações de campo. É comandado por outros superiores hierárquicos, como cabo, sargento ou o próprio tenente. "Sem soldado você não consegue lançar o policiamento na rua", alerta uma fonte da PM.

TENENTES

O tenente, por sua vez, é o primeiro nível de gestão da Polícia Militar na escala operacional. Entre suas funções está o policiamento da unidade. O coordenador de policiamento da unidade, que está presente em todo plantão, é um tenente. Este militar verifica se as viaturas estão em seus devidos setores e se as ordens do comandante do batalhão estão sendo seguidas. Além disso, coordena grandes operações. Se acontece um assalto a banco, por exemplo, quem coordena a operação é um tenente. Os policiais apelidaram esses postos de “motorzinho” e “pulmão”.

Na escala dos tenentes e capitães com 20 e 30 anos de profissão, 94 são segundos-tenentes (efetivo prevê 60), 63 são primeiros-tenentes (efetivo prevê 40) e 20 são capitães, dentro da quantidade prevista. Treze entre estes militares já têm 30 anos de serviço. No Espírito Santo, o militar se aposenta com 35 anos de contribuição.

SARGENTOS

Um ponto que vem sendo alvo de discussão é a função de sargento. A defasagem atual na PMES é de 19,16% no quadro de combatentes para o posto de 3º sargento, ou seja, deveria haver 1.232 na ativa, porém o quadro disponível é de 996. Policiais defendem que o Curso de Habilitação de Sargentos tenha mais do que as 240 vagas estabelecidas, que foram aprovadas na Lei Complementar 911.

Entre os demais oficiais do quadro de combatentes, as vagas estão contadas, ou até acima do previsto - tirando o posto de capitão, com déficit de 24,26% de homens e mulheres (deveria haver 202 na ativa, mas 153 estão atuando). 116 majores estão em ação (quando 115 são previstos no quadro operacional). A PMES tem também em seus quadros 65 tenentes-coronéis (dos 63 previstos) e 21 coronéis (dos 20 esperados).

O atual concurso da PM, no nível dos combatentes, prevê que entrem 250 como alunos soldados (para os praças) e, para oficiais, são 30 vagas. Números que ainda são insuficientes para conseguir a renovação e completar a lacuna das bases dos oficiais e dos praças.

Se for considerada toda a tropa (policiais combatentes, administrativos e especialistas), o número de ativos é de 8.417, quando o efetivo deveria ser de 10.818. Um déficit de 22,19% ou 2.401 integrantes da corporação. No entanto, o problema pode ser maior: o número obtido pela coluna não informa quantos estão afastados por problemas médicos, quadro que ainda é consequência da greve da Polícia Militar em fevereiro de 2017.

A categoria também vem buscando por uma reposição salarial e não são raras as vezes em que as associações de militares alegam que os salários dos PMs no Estado são um dos piores do país.

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