È enorme a diversidade dos vírus de gripe A entre as aves. Diversos subtipos virais com variações de 18 hemaglutininas (H1-H18) e 11 neuraminidades (N1-N11) ocorrem em diversos tipos de aves aquáticas e alguns mamíferos. Até hoje somente os subtipos de três hemaglutininas (H1,H2 e H3) causaram doenças frequentes em seres humanos. O vírus B de gripe muito raramente ocorre em aves. No século 20, ocorreram quatro pandemias de gripe. É natural que os cientistas se preocupem.
O vilão da vez é sem dúvida o H5N1. A primeira descrição desse vírus em seres humanos ocorreu em 1997, em Hong Kong, quando 18 pessoas foram acometidas em decorrência de um surto de H5N1 em mercados de aves vivas. Na ocasião, 61% tiveram pneumonia, metade foi admitida na UTI e 1 em cada 3 pessoas morreu.
Desde 2003 a gripe H5N1 tem causado sucessivos surtos em aves e patos na Europa e Ásia. O primeiro caso em humanos na América do Sul ocorreu no Equador em uma criança de 9 anos, em janeiro de 2023.

Em 2024, o epicentro de H5N1 passou a ser os Estados Unidos, com a contaminação de 865 rebanhos de vacas leiteiras em 16 estados americanos. O vírus é excretado pelo leita da vaca, com risco de contaminação se ocorrer contato com leite in natura. A pasteurização, felizmente, elimina o vírus. Mais de 61 pessoas foram infectadas nos Estados Unidos, a imensa maioria apresentou conjuntivite e alguns apresentaram sintomas respiratórios leves. O antiviral oseltamivir foi usado, já que não há relato de resistência de H5N1 ao medicamento.
Em dezembro, um paciente grave com H5N1 foi hospitalizado em Lousiana nos EUA. O paciente não teve contato com vacas, mas com aves mortas no quintal. Não existem evidências de transmissão de pessoa a pessoa, de modo que a orientação das autoridades sanitárias é não manipular aves doentes ou mortas.
Os vírus de gripe mutam a todo instante, a alguns cientistas acreditam que poucas mutações são necessárias para o vírus se adaptar aos receptores de células humanas.
Enfim, existe risco de pandemia pelo H5N1. A boa notícia é que a tecnologia para preparo de vacinas anti-H5N1 existe. O próprio Instituto Butantã tem uma vacina pronta e submeteu à Anvisa solicitação para testes em humanos. Também interessante é que talvez tenha havido uma perda de agressividade do vírus. De acordo com a OMS, até 2023, de cerca de 878 casos em seres humanos, mais de 50% foram a óbito. Entre 2024 e o final de janeiro de 2025, de 62 casos nos EUA, houve um óbito.
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