Aquiles Reis é músico e vocalista do MPB4. Nascido em Niterói, em 1948, viu a música correr em suas veias em 1965, quando o grupo se profissionalizou. Há quinze anos Aquiles passou a escrever sobre música em jornais. Neste mesmo período, lançou o livro "O Gogó de Aquiles" (Editora A Girafa)

Com "Samba é Amor", Marcelo Kamargo entrega um grande álbum de sambas

11 faixas do disco realçam as qualidades de um bom samba

Publicado em 26/07/2021 às 10h00
O sambista Marcelo Kamargo
O sambista Marcelo Kamargo. Crédito: Reprodução/Facebook

Ao ouvir CDs que recebo com frequência – físicos em maioria –, sinto não poder comentá-los todos – há que selecioná-los. Esta semana vamos de "Samba é Amor" (lançado pelo selo Lobo Music, da produtora Kuarup), o quarto álbum de Marcelo Kamargo, mineiro de Coronel Fabriciano-MG, parceiro de Ricardo Gomes Kamargo em duas músicas.

Gomes é também arranjador das onze faixas do álbum, com eles realçando as qualidades de um bom samba. "Samba Até Cair", que fecha o disco, chegou até com clipe, lançado na última sexta-feira (23).

"Samba é Amor" (Ricardo Gomes e Marcelo Kamargo) tem sabor de samba-de-quadra, dá título ao álbum e abre o CD. Com levada rítmica balançada, a intro tem violão de sete (Gustavo Monteiro) e acordeom (Duduzinho Aguiar). Logo vem Marcelo Kamargo. Seguro de si, valendo-se de uma boa voz, ele simplesmente canta – não precisa de rodeios, vai tão firme quanto delicadamente às notas. A harmonia é virtuosa, e a linha melódica é digna de costurar a emoção. Belo começo.

A seguir, "Natural é o Amor" (Marcelo Kamargo) sacode o esqueleto de qualquer amante do samba que se preze. Em ritmo acelerado, a percussão (Diego Panda) se une ao cavaquinho (Fernando Bento) e ao sete cordas (Gustavo Monteiro), para dar ao samba o que ele tem de mais precioso: melodia em tom menor, inspirada em mestres de tempos imemoriais, e em sentimentos que nos levam à emoção. Junto com um coro misto (Ana Espi, Luisa Espi, Sofia Espi, Ricardo Gomes e Marcelo Kamargo), o repertório só faz crescer.

"Não Há Mal Que o Samba Não Cure" (Marcelo Kamargo) tem a magia do samba tocada pelo cavaquinho (Fernando Bento), pelo sete cordas (Gustavo Monteiro) e pelo violão com cordas de náilon (Ricardo Gomes). Mais uma vez, a presença do coro exalta os vocalistas e também o som de instrumentistas de alta classe.

Ler os nomes que inspiraram Kamargo foi suficiente para atestar que um trabalho como esse não tem como não ser singular. Ouvir o álbum, iniciado pelos três sambas aqui citados, foi o que me bastou para decidir comentar "Samba é Amor".

Conhecendo a magnitude dos inspiradores citados por MK – Nelson Cavaquinho, Cartola, João Nogueira, Adoniran Barbosa, Tom, Chico Buarque e Pixinguinha, dentre outros –, sente-se que ali está traçado o caminho para que talentos como Marcelo Kamargo se multipliquem e se aperfeiçoem.

Ora, também com tantos espelhos a refletir sabedorias, um bamba como MK deita e rola. Não só ele como os que trabalham dia a dia para fazer da música popular ofício.

Compondo canções que revelam mestres de ontem, de hoje e do futuro à alma dos brasileiros, cada vez mais solidificarão e manterão a nossa música como a melhor do mundo.

Assim, ó: numa boa, ouçam Marcelo Kamargo! Se puderem, comprem o CD, se não puderem, busquem o disco na internet.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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