Entre os vários impactos da alta do Imposto sobre as Operações Financeiras (IOF), decretada pelo governo Lula na semana passada, está o encarecimento de diversas operações de câmbio para pessoas físicas e empresas. Estamos falando, por exemplo, de uso de cartões, crédito, débito ou pré-pago, internacional, compra de moeda, remessa de recursos e empréstimos de curto prazo (de até 365 dias, que estavam zeradas e foram para 3,5% de alíquota). Por causa do seu elevado grau de abertura econômica do Espírito Santo, proporcionalmente este aumento de carga atinge de maneira mais pesada a economia do Espírito Santo do que a do resto do Brasil. Pelas contas do Instituto Jones dos Santos Neves, a participação do comércio internacional no Produto Interno Bruto (PIB) do Estado é de 64,2%. No Brasil, a fatia é de 27,5%. Os números referem-se ao último trimestre de 2024.
"O aumento do IOF atrapalha muito a circulação de crédito no Brasil, é um problema em comum de toda a economia, mas no Espírito Santo a coisa vai além. O aumento da carga pega algumas operações importantes de câmbio, isso é destacadamente ruim para a economia capixaba, que, historicamente, é muito mais aberta que a brasileira. As análises feitas nacionalmente até agora não mostram muito isso justamente porque somos um país fechado. Vamos fazer, no Sindiex, um levantamento para mostrar com precisão o tamanho do problema. Mais uma vez o governo não faz o seu dever de casa e passa a conta para a sociedade. Muito ruim a decisão", disparou Sidemar Acosta, presidente do Sindiex, entidade que representa os importadores e exportadores do Espírito Santo.
"O que estamos vendo, novamente, é um aumento forte dos custos financeiros das empresas. É ruim como um todo, mas pior aqui para o Espírito Santo justamente porque temos uma vocação muito grande para importação e exportação. No fim das contas é a nossa indústria, que é a grande exportadora aqui do Estado, perdendo ainda mais competitividade lá fora. O governo fala em política de reindustrialização, mas esse tipo de medida é justamente o que não precisamos, é o contrário do que desejamos. Quase 80% do que é exportado pelo Espírito Santo sai da indústria. Um enorme contrassenso", lamentou Paulo Baraona, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo.
À frente da Federação do Comércio do Estado e do Sincades, que representa as empresas atacadistas e distribuidoras, Idalberto Moro lamentou o impacto na cadeia como um todo. "Veja que o mercado estima que esse aumento de IOF representa o mesmo que um aumento de até 0,5 ponto percentual na taxa de juros. Isso numa economia que vem desacelerando. Temos uma situação ruim no crédito como um todo e fica ainda pior aqui no Espírito Santo por causa do nosso elevado grau de abertura econômica, afinal, atrapalha e onera a troca de divisas. É muito ruim, toda a cadeia econômica acaba sendo impactada negativamente, mesmo setores que, em princípio, não são tão afetados assim. O governo não administra de maneira correta o seu orçamento e resolve aumentar ainda mais a carga tributária. É difícil, infelizmente".
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