Publicado em 17 de outubro de 2022 às 17:11
BRASÍLIA - Os ministros do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) derrubaram em caráter liminar (decisão provisória e urgente), nesta segunda-feira (17), duas propagandas na TV do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e uma do presidente Jair Bolsonaro (PL).>
Nas decisões, eles argumentaram que as peças apresentavam informações falsas ou ofensas pessoais.>
O TSE já tomou dezenas de decisões relacionadas às fake news. A campanha de Lula é a que mais aciona a corte para retirar conteúdos desse tipo. >
Em uma das decisões desta segunda (17), o presidente do tribunal, Alexandre de Moraes, mandou a campanha de Bolsonaro suspender propaganda que acusava Lula de "mostrar desprezo" pela vida dos brasileiros. A peça foi ao ar no domingo (16).>
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A propaganda usou de forma descontextualizada, segundo Moraes, declaração de Lula de maio de 2020 sobre a pandemia. "Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o estado é capaz de dar solução a determinadas crises", disse o ex-presidente à época.>
O presidente do TSE ainda decidiu que Bolsonaro e sua campanha não podem voltar a fazer esse tipo de acusação contra Lula nas redes sociais e em "concessionárias do serviço público", sob multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento.>
Já a ministra Maria Claudia Bucchianeri vetou que Lula volte a apresentar duas inserções de 30 segundos que haviam sido levadas ao ar nos últimos dias.>
Em uma das propagandas, a campanha do petista acusou Bolsonaro de defender o aborto, armar a milícia e praticar atos de corrupção. No outro caso, o vídeo questionava se Bolsonaro tem "uma família ou uma quadrinha" após ligar o chefe do Executivo à "rachadinha", milícia e a outros crimes.>
No vídeo vetado, a campanha de Lula chegou a afirmar que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, "sempre viveu perto do crime". Na sequência, a propaganda eleitoral apresentava fala de Bolsonaro relatando que a avó de Michelle havia sido presa.>
"Quer me parecer ser gravemente ofensiva a afirmação de que a primeira-dama seria 'parte do esquema', até porque 'sempre viveu perto do crime', pois sua 'avó' e sua 'mãe' seriam criminosas', afirmou Bucchianeri na decisão.>
"Com todo o respeito devido, há inequívoca veiculação de ofensas pessoais que desbordam da crítica política, mesmo que ácida, rompendo por completo todos os limites já estabelecidos pela jurisprudência desta Corte para o pleito de 2022", escreveu ainda a ministra.>
Bucchianeri afirmou nas duas decisões que defende a intervenção mínima da Justiça Eleitoral no "livre mercado de ideias políticas". Ela ponderou que o plenário do TSE, porém, tem tomado decisões mais duras.>
"O Plenário desta Corte Superior, considerando o peculiar contexto inerente às eleições de 2022, com 'grande polarização ideológica, intensificada pelas redes sociais', firmou orientação no sentido de uma 'atuação profilática da Justiça Eleitoral'", disse a ministra.>
Em portaria publicada nesta segunda-feira (17), Moraes ainda fez alterações no rol de ministros da corte que tratam dos processos de propaganda eleitoral. Decidiu que ele mesmo fará parte do grupo. O presidente do TSE também inseriu a ministra substituta Maria Isabel Diniz Galotti, que ocupa vaga do STJ (Superior Tribunal de Justiça) na corte eleitoral.>
No domingo (16), Moraes tomou decisão celebrada pela campanha de Bolsonaro. Ele determinou a remoção de vídeos da campanha de Lula em que a fala do atual chefe do Executivo de que "pintou um clima" entre ele e adolescentes venezuelanas é associada à pedofilia.>
Nesse caso, o ministro também determinou que a campanha de Lula deve se abster de "promover novas manifestações" imputando a Bolsonaro declarações pedófilas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.>
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