Publicado em 22 de agosto de 2023 às 08:27
SÃO PAULO – O quadro de saúde do apresentador Fausto Silva, o Faustão, o coloca como prioridade na fila de transplantes, segundo especialista. O apresentador está internado desde o dia 5 de agosto no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, tratando uma insuficiência cardíaca, fazendo diálise e entrou na fila do transplante para receber um novo coração.>
Segundo dados do Ministério da Saúde de 16 de agosto, 386 pessoas aguardam pelo órgão no Brasil. O país tem uma lista única com todas as pessoas que precisam de transplante, que é gerenciada pelo Sistema Nacional de Transplantes. De acordo com o médico João Vicente da Silveira, doutor em medicina e especialista em cardiologia, após a inclusão, o paciente precisa esperar chegar a sua vez.>
Mas, quando o paciente está muito grave, na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), o caso torna-se prioritário.>
"Esse paciente passa na frente. Por exemplo, o Faustão está hoje na UTI. Ele está tomando medicamentos na veia para fazer o coração bater mais forte. Só que isso é momentâneo. Isso não é eterno. Então como ele está com uma gravidade maior, ele 'fura a fila', mas tem que estar na UTI e ser justificado", explica.>
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De acordo com Silveira, são vários os critérios para ter prioridade.>
"O médico dele tem que colocar todos os critérios on-line, no sistema de transplante, que demonstra que ele está grave. Tem protocolos que ele precisa seguir. Você precisa inserir esses dados laboratoriais para mostrar que está muito grave e que tem de passar na frente", afirma.>
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e já estão aguardando em uma lista de espera unificada e informatizada. A posição na lista de espera é definida por critérios técnicos como tempo de espera e urgência do procedimento, compatibilidade sanguínea entre doador e receptor. A compatibilidade genética entre doador e receptores, quando necessária, é determinada por exames laboratoriais.>
Outro fator importante é a localização, pois é necessário entender o tempo de duração do órgão fora do corpo. Dependendo do prazo, é preciso um avião para o transporte até o destino.>
O Brasil, segundo o Ministério da Saúde, tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população por meio do SUS, responsável pelo financiamento de cerca de 88% dos transplantes no país.>
A rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.>
No Brasil, o órgão mais esperado para transplante é o rim, com 36.690 pessoas na fila de espera. A córnea está em segundo lugar, com 25.689, e o fígado na sequência, com 2.253. O coração, caso do apresentador Fausto Silva, está em 5º lugar.>
O Estado com mais pessoas na fila de transplante é São Paulo que tem 23.671. O segundo é Minas Gerais, que tem 7.096, seguido por Rio de Janeiro, com 6.138.>
foram realizados no Brasil, neste ano, até o último dia 16
Desse total de transplantes, 5.946 foram de córnea, 3.544 de rim e 1.417 de fígado. Foram 244 transplantes de coração.>
No mesmo período de 2022, foram 16.733 transplantes no país.>
De apenas uma pessoa podem ser doados rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos e tendões. Com isso, inúmeras pessoas podem ser beneficiadas com os órgãos e tecidos provenientes de um mesmo doador.>
No caso de doador vivo podem ser obtidos um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.>
O coração, depois de ser removido do doador, tem prazo de quatro horas para ser implantado no receptor, pois depois desse prazo começa a se deteriorar.>
"Do ponto de vista logístico, a cirurgia tem que ser muito bem ordenada. A captação tem de ser coordenada de tal forma, que o cirurgião que está com o paciente que vai receber o coração termine o transplante em um prazo de quatro horas", explica o médico Samuel Steffen, cirurgião cardíaco da Rede D'Or e do Incor (Instituto do Coração).>
O período de 24 a 48 horas é o mais crítico para o processo de adaptação de novo coração ao organismo, explica o cirurgião, que diz que a maioria dos pacientes vai bem nessa fase.>
"Quando passa pelo transplante, o paciente acaba tendo que ficar, em média, 30 dias internado, que é o pós-transplante. A partir do momento que você troca o coração precisa cuidar de uma situação que chama-se rejeição. Tem de ajustar as medicações para o organismo não rejeitar esse coração", afirma.>
O paciente precisa manter uma rotina de acompanhamento médico, que até seis meses do transplante, consiste em consulta mensal, depois a cada dois meses e depois vai espaçando. Os cuidados se mantêm para evitar a rejeição do órgão.>
"A gente sempre fala que a sobrevida em dez anos é muito boa. Só que a medicina tem evoluído muito nos últimos anos, principalmente, em relação ao tratamento da rejeição", diz Steffen.>
Segundo Silveira, a insuficiência cardíaca se caracteriza quando o coração, que é uma bomba muscular, não consegue bombear sangue para o corpo todo.>
"O coração fica tão fraco que dá cansaço aos mínimos esforços, como escovar os dentes, pentear os cabelos, até falar dá canseira, porque não tem fluxo de sangue no corpo todo. O coração cresce e fica fraco, explica Silveira.>
O especialista diz que uma das principais causas que fazem a saúde se deteriorar e levar uma pessoa a precisar de transplante de coração é a falta de atenção aos cuidados básicos com a saúde.>
"É importante ir ao cardiologista, aferir a pressão. A pressão alta é um assassino silencioso que dilata e enfraquece o coração. A obesidade também é um fator, o tabagismo, colesterol alto, o sedentarismo, o maldito cigarro eletrônico, tudo isso propicia a doença do coração", alerta Silveira.>
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