Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 12:39
- Atualizado Data inválida
O total de matrículas em creches públicas caiu em 2020 pela primeira vez em ao menos 20 anos. Os dados são do Censo Escolar, divulgado pelo governo federal nesta sexta-feira (29), e refletem o cenário anterior à pandemia de coronavírus e ao fechamento de escolas. >
O número de crianças de até 3 anos matriculadas em creches públicas foi de 2.443.303 no ano passado. Trata-se de uma redução de 0,6% com relação a 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro (sem partido).>
Embora pequena, a queda interrompe uma série de altas anuais registradas ao menos desde 2000, segundo os dados oficiais consultados pela Folha.>
De 2000 a 2019, o ritmo médio de crescimento de matrículas em creches públicas foi 8% ao ano. A média, no período, foi de 98.650 novas vagas públicas por ano -á em 2020, o total foi reduzido em 13.280 com relação ao ano anterior.>
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Entre 2018 e 2019, as matrículas em creches públicas haviam crescido 4,5%. Com 104.551 novas vagas.>
Os dados do Censo Escolar de 2020 referem-se à realidade de matrícula registrada em 11 março de 2020. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) determinou essa data para refletir o momento imediatamente anterior à interrupção das aulas.>
Estudos tem mostrado a importância da educação nos primeiros anos de vida. O governo Bolsonaro alçou a educação infantil à prioridade, mas o Ministério da Educação (MEC) reduziu repasses para obras de creches e até agora não há uma política federal para expansão das vagas na etapa.>
A Folha revelou que, em 2019, o ex-ministro da educação Abraham Weintraub deixou de usar R$ 1 bilhão recuperados pela operação Lava Jato. O MEC não empenhou nem um centavo do recurso porque, segundo o próprio Weintraub confessou, a pasta não tinha um projeto.>
Com a pandemia, a Educação perdeu o recurso depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o montante fosse destinado ao combate à Covid-19.>
As creche privadas também apresentaram queda de matrículas em 2020, de 7%, chegando a 1.208.686 de alunos.>
Somadas as redes públicas e privadas, o país alcançou 3.651.989 de matrículas em creche. Uma redução de 3%.>
O PNE (Plano Nacional de Educação) estipulou como meta ter ao menos 50% das crianças de até 3 anos em matriculados até 2024. Em 2019 esse índice de atendimento estava em 37%, segundo o Observatório do PNE, do Movimento Todos pela Educação.>
Na pré-escola (entre 4 e 5 anos), que compõe a educação infantil, houve aumento 1% de matrículas na rede pública, chegando a 4.057.575 alunos. Na rede privada, houve queda de 7% e as matrículas somaram 1.120.231.>
O país registrou, no ano passado, 47,3 milhões de matrículas nas 179,5 mil escolas de educação básica. São cerca de 579 mil matrículas a menos em comparação com 2019, o que corresponde a uma redução de 1,2% no total.>
Além da educação infantil, o ensino fundamental também teve redução de alunos, o que é uma tendência registrada nos últimos anos. Foram registradas 26,7 milhões de matrículas na etapa (do 1º ao 9º ano).>
Já no ensino médio houve aumento de matrículas, interrompendo um movimento de queda (de 8% entre 2016 e 2019). O país chegou a 7,6 milhões de alunos na etapa em 2020, uma alta de 1% com relação ao ano anterior.>
O número de matrículas na educação profissional teve alta de 1%, alcançando 1,9 milhão de matrículas.>
É esperado entre especialista um impacto considerável no abandono escolar por causa do fechamento de escolas em razão da pandemia e das dificuldades em manter atividades remotas no período. Pesquisa Datafolha divulgada pela Folha mostrou, em uma sondagem inédita sobre esses efeitos, que 10% dos estudantes de ensino médio declararam ter abandonado os estudos.>
O Censo Escolar ainda mostra que, na média, 25% das escolas públicas não tem acesso à internet, mas isso e desigual pelo país. Na região norte, o percentual de escolas desconectadas chega a 57%.>
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