Publicado em 3 de julho de 2023 às 08:53
Quem vai ao cinema após o fim das restrições por conta da pandemia de covid-19 pode ter notado: as salas voltaram a ser frequentadas, mas não parecem tão cheias quanto antes do lockdown de 2020. >
Os números do primeiro semestre de 2023 comprovam essa impressão. O público retornou, mas com menos peso. Em ano de lançamentos esperados pelo público, como Velozes & Furiosos 10, Avatar e A Pequena Sereia, a presença nos cinemas brasileiros não voltou a ser a mesma de antes da pandemia.>
Em 2023, pelo menos 48 milhões de ingressos já foram vendidos em salas comerciais no Brasil até o dia 4 de junho. No mesmo período de 2019, ano anterior à crise da covid-19, foram 77 milhões de ingressos vendidos. Os dados são da Ancine (Agência Nacional do Cinema).>
O número de espectadores registrados até junho deste ano é cerca de 22% maior do que no mesmo período de 2022, mas ainda 37% abaixo do alcançado em 2019. Atualmente, uma sala de cinema tem em média 30 pessoas por sessão. Em 2019, eram 42 espectadores.>
>
Os números atuais mostram ainda que há uma menor quantidade de obras audiovisuais exibidas no Brasil. São 64 títulos a menos do que os registrados em 2019. Segundo especialistas, a baixa procura do público pelas salas de cinema pode estar relacionada com a pandemia, mas também com a presença cada vez maior das plataformas de streaming na vida dos espectadores.>
Fontes do mercado citam como principais motivos para que o antigo patamar não tenha sido alcançado: a perda do hábito de ir ao cinema durante a pandemia; e a expectativa de os filmes estrearem logo em streaming.>
Para a produtora cinematográfica Bianca de Felippes, da Gávea Filmes, "o público se acostumou" a ver produções audiovisuais em casa. Há também a facilidade de que os mesmos filmes que estão nas telonas sejam vistos pouco tempo depois pelas plataformas digitais.>
"Acho que as pessoas ainda não voltaram a ter o prazer de sentar numa sala escura e ver o filme, que não é substituído pelo streaming. Acredito que (esse hábito) vai voltar, mas está difícil. Está demorando mais do que a gente achava", relata a produtora. Ela, no entanto, acredita que o caminho é continuar oferecendo bons títulos ao público. "O que está acontecendo é um reflexo dos três anos em que ficamos dentro de casa. Temos de continuar produzindo e fazendo filmes.">
A menor procura também pode ser explicada pela alta de 21% no preço médio dos ingressos, segundo dados da Ancine. "Os custos de cinema no Brasil não são baixos e o brasileiro médio sofre para colocar isso em seu orçamento mensal", pontua Alan Ceppini, chefe de estratégia do grupo de comunicação Alpes.>
Segundo o executivo, hoje em dia, todas as telas são concorrentes, seja a TV aberta, seja o streaming, seja o cinema. Para ele, a estratégia está no conteúdo e "não mais em qual plataforma estará o comunicador".>
Apesar de as salas de cinemas não voltarem ao patamar pré-pandêmico, o cenário já está melhor do que durante a crise, quando cinemas não podiam funcionar e salas foram fechadas.>
Adhemar Lage
Produtor audiovisual e pesquisador pela Universidade Federal de SergipeMesmo com as dificuldades citadas, segundo a Ancine, os dados permitem um leve otimismo. "O número de sessões programadas por semana vem se recuperando e hoje é apenas 11% inferior ao de 2019. Da mesma forma, o parque exibidor volta a ter mais de 3 mil salas em atividade", acrescenta a entidade, em nota. >
*As informações são do jornal O Estado de São Paulo>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta