Publicado em 7 de julho de 2025 às 20:26
BRASÍLIA - O ex-prefeito de Araraquara e ex-ministro Edinho Silva, 60 anos, foi eleito para presidir o PT até 2029. Ele obteve a maioria dos votos no primeiro turno da eleição interna realizada no domingo (6). O principal fiador de sua candidatura foi o presidente Lula.>
Edinho derrotou o deputado federal Rui Falcão (SP) e os dirigentes partidários Romênio Pereira e Valter Pomar. Uma cerimônia de posse deverá ser organizada no início de agosto, quando o partido realiza seu encontro nacional, em Brasília.>
O PT, por meio de sua assessoria, divulgou nota no fim da tarde desta segunda (7) anunciando a vitória de Edinho, ainda sem o resultado final da eleição interna. Depois, o atual presidente da sigla, Humberto Costa, disse que ainda faltam votos para ser apurados, mas que eles não são suficientes para mudar o desfecho.
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De acordo com o resultado divulgado por Costa, Edinho Silva teve 239.144 votos, o que representa 73,48%. O segundo colocado foi Rui Falcão, com 36.279 votos (11,15%), seguido de Romênio Pereira, com 36.009 votos (11,06%) e Valter Pomar, que recebeu 14.006 votos (4,30%).>
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Ainda é necessário apurar votos de Pernambuco, Bahia, Pará, Paraná e Rio de Janeiro, além de Minas Gerais. O PT adiou a votação em Minas Gerais por causa de uma decisão judicial sobre a disputa pelo diretório local.>
Edinho estava ao lado de Humberto Costa na sede do PT em Brasília durante o anúncio do resultado. Também participaram o secretário de Comunicação da sigla, Jilmar Tatto, e a secretária de Finanças, Gleide Andrade.>
"Quero fazer um agradecimento público à confiança do presidente Lula. Vou trabalhar todos os dias para honrá-la", declarou Edinho Silva.>
Ele disse que o processo eleitoral do partido teve um clima de unidade e fez cumprimentos a seus adversários —que não estavam no anúncio. "Serei o presidente de todas as correntes do PT", declarou.>
Ele foi questionado por jornalistas sobre o novo discurso do partido e do governo no debate tributário, de ricos contra pobres. Disse que o governo apenas reagiu ao Congresso Nacional, que havia imposto uma série de derrotas ao Executivo em torno do tema.>
A avaliação do governo que é que a oposição e o centrão querem enfraquecer o governo para reduzir as chances de reeleição de Lula.>
Edinho mencionou a importância da campanha de reeleição do atual presidente da República no ano que vem. "A reeleição do presidente Lula significa construir um país sem privilégios", declarou.>
Ele também elogiou a ex-presidente do partido e atual ministra Gleisi Hoffmann, que deixou o cargo em fevereiro para assumir a Secretaria de Relações Institucionais do governo.>
"Na minha avaliação, foi a maior dirigente da história do PT. Ela dirigiu o PT no pior momento da nossa história", declarou, em uma referência ao período da Operação Lava Jato.>
O ex-prefeito de Araraquara será presidente do PT durante as eleições de 2026, quando Lula deverá tentar um novo mandato à frente do Palácio do Planalto. Se a tradição do partido for mantida, Edinho será o coordenador de campanha.>
Ele deverá atuar para garantir uma aliança com as legendas que integram a base governista ou, ao menos, evitar que elas apoiem um adversário direto de Lula.>
Antes do anúncio da vitória, Edinho disse que será preciso avaliar a situação de cada Estado para garantir não só a reeleição, mas também a governabilidade em um eventual quarto mandato. Ele também prometeu trabalhar para unir o partido e minimizar contradições entre as correntes internas.>
"O partido tem que se unificar para a gente enfrentar as dificuldades que estão colocadas e obter sucesso naquilo que é o centro da nossa tática, que é a reeleição do presidente Lula. E eu vou trabalhar incansavelmente pela unidade do PT.">
Uma das missões do novo presidente do PT será a definição de um sucessor para Lula, para futuras eleições. Durante os debates petistas, Edinho pregou a preparação para disputas sem o presidente e lembrou que a eleição de 2026 será a última com o nome dele nas urnas.>
"Quero reproduzir aqui uma frase do presidente Lula, que para mim ela é histórica e emblemática: 'o sucessor do presidente Lula não será um nome. O sucessor do presidente Lula será o PT'", declarou o agora dirigente eleito em sua campanha.>
Outro desafio está na necessidade de rejuvenescimento do partido, no diálogo com evangélicos e na formulação de uma agenda de segurança pública.>
"É impossível o PT não ter uma proposta de segurança pública que unifique nosso discurso nacionalmente. Nós precisamos urgentemente formular uma proposta de segurança pública. O partido tem que ser muito mais protagonista no debate da transição energética, da urgência climática", disse.>
"Nós temos que melhorar nosso funcionamento, nossa organização, para que a gente dialogue com a nova classe trabalhadora, para que a gente dialogue com as comunidades evangélicas. É nítida nossa dificuldade de diálogo com as comunidades evangélicas", acrescentou.>
A vitória de Edinho também deve dar mais tranquilidade para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Sob a presidência da hoje ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, o partido chegou a divulgar um documento em que criticava o que classificava como austericídio fiscal do governo.>
A eleição de Edinho não encerra as negociações sobre a divisão de poder dentro do PT. As tendências do partido têm até 26 de julho para escolher os nomes que assumirão os demais cargos na direção da sigla.>
O ex-prefeito tem perfil conciliador e é um dos líderes petistas mais moderados. Apesar disso, ele assumirá o comando no momento em que o partido guina seu discurso à esquerda depois de uma série de derrotas no Congresso, que escancaram as dificuldades de governabilidade.>
Ele também terá de lidar com divisões internas até dentro do grupo político do qual faz parte, a corrente CNB (Construindo um Novo Brasil).>
Edinho não conseguiu, por exemplo, impor um nome de sua confiança para a secretaria de Finanças do partido. O mais provável é que a atual ocupante do cargo, Gleide Andrade, da CNB, permaneça no posto ou indique quem a sucederá.>
Lula manifestava desde o ano passado a aliados seu apoio a Edinho. Ele usou seu peso político para que figuras importantes do partido, como Gleisi, também endossassem o ex-prefeito de Araraquara.>
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