Publicado em 22 de março de 2021 às 16:07
- Atualizado há 5 anos
Sem citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), criticou duramente nesta segunda-feira (22) quem adota uma postura negacionista frente à pandemia do novo coronavírus, argumentando que o negacionismo se tornou uma "brincadeira de mau gosto, macabra e medieval".>
O presidente do Senado também abordou a reunião que será realizada na quarta-feira (24), como uma tentativa de criar um pacto nacional contra a Covid-19. Pacheco disse que os líderes estão diante de duas alternativas: a "união nacional" ou o "caos nacional".>
O presidente do Senado participou na manhã desta segunda-feira da posse da nova diretoria da Associação Comercial de São Paulo.>
Pacheco ressaltou o comportamento do povo brasileiro durante a pandemia, que tem se mantido pacífico, ordeiro e disse que a maior parte da população é obediente às recomendações sanitárias de isolamento, de higienização, de uso de máscara.>
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"E não será uma minoria desordeira e negacionista que fará pautar o povo brasileiro e o Brasil neste momento em que precisamos de união", afirmou o presidente do Senado.>
"Se o negacionismo era uma tese no início da pandemia, que se desconhecia os efeitos dela e a gravidade dela, o negacionismo passou a ser uma brincadeira de mau gosto, macabra e medieval que não podemos aceitar no Brasil", completou.>
O presidente do Senado também acrescentou tomar precauções para evitar se contaminar e transmitir os vírus. E também disse que a classe dirigente tem que dar o exemplo para a população.>
A fala acontece um dia após o presidente Jair Bolsonaro participar de evento com centenas de apoiadores aglomerados, para comemorar seu aniversário de 66 anos. O evento foi planejado, com a Presidência da República reservando uma área específica em frente ao Palácio do Alvorada para os militantes, que trouxeram bolo, em um clima de grande festividade.>
Grande parte dos apoiadores estava sem máscara. O próprio presidente retirou o item de proteção para discursar, quando afirmou que a população pode contar com as Forças Armadas e que estão "esticando a corda". E que, enquanto ele for presidente, só Deus o tira do cargo.>
Na quarta-feira, o presidente vai liderar uma reunião com outros entes federados, cujo objetivo inicial era evoluir para um grande pacto nacional. A ideia partiu de Pacheco, mas que deixou a coordenação para Bolsonaro. Parlamentares consideram a reunião a "última chance" do presidente, prometendo represálias caso a iniciativa fracasse, como pressionar ainda mais por uma CPI no Senado.>
Um dia após convidar os comandantes do Congresso e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, para a reunião, Bolsonaro ingressou com ação no Supremo contra governadores que promovem lockdown para evitar a propagação do vírus, um sinal de que pode resistir ao diálogo com alguns atores.>
"Que possamos sentar à mesa e entendermos que a situação é gravíssima. E que precisamos encontrar os pontos de convergência. As divergências sempre existirão, mas que sejam dirimidas da melhor forma possível, dentro do que a lei determina, do que a Constituição determina", afirmou Pacheco nesta segunda-feira.>
"Cada qual tem seu ponto de vista, mas não façamos prevalecer o ponto de vista individual sobre o senso comum de urgência e necessidade de solução desses problemas nacionais que atingem muito severamente a vida de brasileiros e a economia do Brasil", completou.>
"Há dois caminhos que podemos seguir na pandemia: é o caminho da união nacional ou do caos nacional. Cabe a nós responsavelmente, com amor ao Brasil, escolhermos o melhor caminho", completou.>
Após o presidente falar em a população poder contar com as Forças Armadas, Pacheco disse que não risco para a democracia do Brasil, apesar dos "devaneios" de quem quer atentar contra ela.>
"Não há algum risco para a democracia no Brasil porque as instituições democráticas estão sólidas e consolidadas. As instituições funcionam no Brasil, apesar de todo o devaneio daqueles que querem atentar contra a democracia e invocar momentos que o Brasil não quer voltar. A democracia está afirmada e está reafirmada", afirmou.>
O presidente do Senado também foi questionado sobre os recentes fatos de prisões e ações por críticas contra o governo, baseadas na Lei de Segurança Nacional. Pacheco evitou comentar os episódios e preferiu uma abordagem técnica. Lembrou que partidos ingressaram no Supremo contra a ação e que o Senado foi instado a se manifestar.>
"Nós iremos fazer essa resposta após um longo estudo da advocacia do Senado, ouvindo os demais segmentos da Casa, para entendermos sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade. Fato é que essa questão deve ser decidida à luz de critérios muito técnicos, a adequação de todos os dispositivos ou parte dos dispositivos à Constituição de 1988 para se entender se a Constituição recepcionou integralmente ou parcialmente a Lei de Segurança Nacional", afirmou.>
"Mas é bom termos equilíbrio nisso para identificarmos se ela pode ser aproveitada sob o ponto de vista constitucional ou não, para além de uma conveniência ou percepção individual de cada um, precisamos adequar tecnicamente ao que determina a constituição federal", completou.>
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