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Pacheco afirma que política externa falhou na pandemia e cobra mudanças

Pacheco afirma que política externa falhou na pandemia e cobra mudanças

O presidente do Senado foi questionado sobre as duras críticas dos senadores contra o ministro Ernesto Araújo, que participou de sessão no dia anterior

Publicado em 25 de março de 2021 às 17:37- Atualizado há 3 anos

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O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. (Pedro França/Agência Senado)

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), defendeu nesta quinta-feira (25) mudança na política externa do Brasil, acrescentando que foi um dos pontos de falha do país no enfrentamento à pandemia da Covid-19. No entanto, Pacheco disse que cabe ao presidente decidir se substitui ou não o ministro Ernesto Araújo.

Pacheco também considerou "totalmente inapropriado" o gesto do assessor internacional da Presidência, Filipe Martins durante uma sessão do Senado e repudiou com veemência qualquer ato que "envolva racismo".

Pacheco concedeu entrevista a jornalistas ao chegar para a Sessão do Congresso Nacional que vai votar o orçamento 2021.

O presidente do Senado foi questionado sobre as duras críticas dos senadores contra o ministro Ernesto Araújo, que participou de sessão no dia anterior. Os parlamentares foram praticamente unânimes ao pedirem a demissão do chanceler e atacar sua condução da política externa.

"Muito além da personificação ou do exame sobre o trabalho específico de um chanceler, o que se tem que mudar é a política externa do Brasil. Evidentemente que ela precisa ser aprimorada, melhorada", afirmou Pacheco.

"As relações internacionais precisam ser mais presentes, num ambiente de maior diplomacia. Isso é algo que está evidenciado a todos, não só no Congresso Nacional mas a todos os brasileiros que enxergam essa necessidade de o Brasil ter uma representatividade externa melhor do que tem hoje", completou.

A pressão dos senadores se soma às críticas feitas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Nos bastidores do Congresso, interlocutores afirmam que Lira e Pacheco exercem grande pressão pela substituição de Ernesto Araújo.

Pacheco evitou externar sua opinião sobre a permanência ou não do chanceler. Disse que a decisão cabe ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

"Essa questão de saída ou de entrada de ministros, eu considero que só pode demitir aquele que admite. Esse é o papel do presidente da República, é uma prerrogativa do presidente da República e ele há de tomar as melhores decisões para melhorar o governo", afirmou.

"Obviamente que há críticas e as críticas estão externadas em relação à política externa do Brasil, e cabe ao presidente decidir quem é o melhor nome para ser o chanceler do Brasil, se é o ministro atual ou outro ministro", completou.

Questionado sobre sua percepção pessoal da atuação do ministro, Pacheco afirmou que houve muitos erros no enfrentamento da pandemia e que um deles foi a condução da política externa, que atrapalhou o relacionamento com países que poderiam colaborar com o Brasil.

"Eu considero que nós tivemos muitos erros no enfrentamento da pandemia, um deles foi o não estabelecimento de uma relação diplomática, de produtividade, com diversos países que poderiam ser colaboradores nesse momento agudo de crise que temos no Brasil", afirmou.

"Ainda está em tempo de mudar para salvar vidas. Infelizmente, nós perdemos muitas vidas no Brasil, em razão de uma conjuntura que é muito variada, que não é uma responsabilidade única de alguém ou de um ministério. É um problema nacional que temos que enfrentar. E o que temos que fazer agora é mudar o rumo dessa política externa para poder termos parcerias internacionais", completou.

O presidente do Senado também criticou o comportamento do assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, que acompanhou Ernesto Araújo em sessão do Senado nesta quarta (24). Considerou o gesto "totalmente inapropriado" para o ambiente do Senado.

"Não podemos ter pré-julgamentos em relação ao fato, mas, verdadeiramente, vendo as imagens, nós identificamos um gesto completamente inapropriado para o ambiente do Senado", afirmou.

"Queremos aqui, uma vez mais, repudiar todo e qualquer ato que envolva racismo ou discriminação de qualquer natureza, repudiar qualquer tipo de ato obsceno também, caso tenha sido essa a conotação, no Senado ou fora dele", completou.

Martins foi flagrado por imagens, sentado atrás de Pacheco, fazendo um gesto com as mãos, com o dedo indicador e o dedão formando um círculo, enquanto os demais dedos ficaram esticados.

Em países que vivenciam o crescimento de movimentos de extrema direita, o gesto feito é ligado ao movimento supremacista branco. Os três dedos esticados simbolizam a letra "w", que seria uma referência à palavra em inglês "white" (branco). O círculo formado representa a letra "p", para a palavra "power" (poder). Ou seja, o símbolo é apontado como simbolizando "poder branco".

Pesquisadores que estudam as simbologias da extrema direita alegam que o gesto vem sendo utilizado como uma mensagem codificada com o intuito de que membros de grupos racistas possam identificar uns aos outros.

A obscenidade também associada ao gesto vem de seu uso no Brasil como uma forma de dizer "vai tomar no c.".

Em suas redes sociais, Martins disse que estava apenas ajeitando a lapela de seu terno e que iria processar aqueles que o associaram ao movimento supremacista.

Por determinação de Pacheco, o caso foi levado para a Secretaria Geral da Mesa do Senado e também envolverá uma diligência da Polícia Legislativa. O assessor deve ser convocado nos próximos dias para dar explicações à polícia. A investigação se dá em modo parecido com um caso na Polícia Civil.

"Uma vez apontado o fato pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição, de que teria ocorrido esse fato, imediatamente determinei à Secretaria-Geral da Mesa que colhesse as imagens e as encaminhasse à Polícia Legislativa do Senado Federal para que através um procedimento próprio investigue o fato, materialize a conduta através das provas que devem ser constituídas no procedimento, identifique-se a autoria e se avalie a tipicidade penal do fato", completou.

"Ali, era um trabalho muito sério que estávamos desenvolvendo e que não pode esse tipo de conduta estar presente num ambiente daquele. Mas obviamente sem pré-julgamentos, garantindo a ampla defesa, o contraditório, o devido processo legal. Deve-se apurar esse fato, inclusive ouvindo o assessor, permitindo que ele dê a versão sobre esse fato."

Há um movimento de pressão por parte dos senadores para a demissão de Filipe Martins.

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