Publicado em 12 de abril de 2023 às 05:42
O YouTube está se posicionando no meio digital do mesmo jeito que a TV fazia no analógico.>
Quem defende a ideia é Felipe Neto, que participou de uma mesa realizada nesta terça-feira na Rio2C.>
O empresário e influenciador falou ao lado de João Pedro Paes Leme, ex-executivo da TV Globo que hoje é sócio de Neto na Play9, agência de influenciadores e produtora de conteúdo digital.>
"É na TV que você encontra conteúdo gratuito. Se você quiser conteúdo premium, tem os streamings para você pagar e assistir. O YouTube tem essa coisa de ser democrático demais", disse Neto.>
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"O YouTube também caminha para o ao vivo, vendo a importância disso para o conteúdo. Hoje quando alguém vai conectar algum aparelho em alguma coisa, vai se conectar ao YouTube. Essa janela de oportunidade que a plataforma está explorando é uma mudança muito drástica na cultura brasileira.">
No começo de fevereiro, depois de um período afastado, Neto voltou a produzir conteúdo em seu canal na plataforma, que foi onde ele despontou para o sucesso, há 13 anos. Ele acaba de alcançar 45 milhões de inscritos no canal.>
Paes Leme afirmou que o site alcança hoje 125 milhões de brasileiros e, com isso, deixou de ser algo de nicho.>
"Tem desde a minha sogra que pesquisa receitas até o menino que vai atrás do YouTube Kids. O maior concorrente da TV aberta vai ser o YouTube. A TV fechada compete com os streamings.">
Os dois sócios comentaram a estreia de Galvão Bueno na plataforma em março, produzida pela Play9. O canal do locutor tinha 10 mil inscritos e atingiu 700 mil depois da transmissão do amistoso entre Brasil e Marrocos, que teve 10 milhões de visualizações.>
"Eu fico imaginando como estão as pessoas das emissoras vendo os direitos esportivos se pulverizando. Tem moleque transmitindo o campeonato carioca, falando palavrão, com direitos, fazendo baita trabalho", disse Neto.>
Os dois falaram sobre o desejo que alguns têm de receber a chancela de meios tradicionais e também a segurança de trabalhar nesses meios.>
Os dois apontam diminuição de receitas do Adsense, serviço de publicidade do Google. Segundo Paes Leme, o rendimento é baixo e é prejudicado pela pulverização.>
"Hoje são criadas alternativas. Antes era só Adsense, aí os branded contents, depois os serviços de assinatura, depois começaram a vender camiseta, boné", disse Neto.>
Ele e Paes Leme reclamaram que marcas têm dificuldades em trabalhar com criadores de conteúdo online, ao tentarem seguir modelos muito tradicionais de propaganda.>
"Outro dia queriam que a Paola Carosella fizesse campanha absolutamente engessada. Ela leu [o texto] uma, duas vezes e disse: Desculpa, eu não sei ler essa palavra, eu sou argentina, vai ficar ridículo se ler aqui", contou Paes Leme. "Até hoje temos que lidar com esse tipo de resistência.">
Neto também falou das mudanças que a pandemia provocou no mercado de conteúdo digital. "Foram muito drásticas: compras dentro de casa, o TikTok, vídeos de minutagem alta. Isso fez o mercado prestar atenção.">
Ele lembrou do alcance de a "saga Minecraft", história produzida por ele a partir do game e da repercussão com o público. "A internet começou a ser mainstream, as pessoas aprenderam a colocar na TV da sala. Até 2017 ninguém via YouTube na TV. A partir de 2020, o que já vinha explodindo vira um negócio de louco.">
*O jornalista viajou a convite da organização do evento>
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