Publicado em 20 de julho de 2022 às 17:24
CURITIBA E FOZ DO IGUAÇU - O Ministério Público do Paraná apresentou, nesta quarta-feira (20), uma denúncia contra o policial penal federal Jorge Guaranho, que matou a tiros o sindicalista e guarda municipal petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR), sob acusação de homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e perigo comum).>
Na decisão, o MP narra o contexto da discussão política do assassinato e viu como motivação fútil a "preferência político-partidárias antagônicas" dos envolvidos. O MP - que frisou se basear em questões técnicas - disse entender que a conduta de Guaranho não feriu o estado democrático de direito, mas atentou contra a vida de Arruda. >
Na denúncia, o MP diz que Guaranho, antes de disparar dois tiros contra Arruda, disse que "petista vai morrer tudo". Ainda que reconheça o teor político da desavença, os promotores afirmaram que a Constituição não define o que é crime político. Para eles, o acusado atentou contra a vida de Arruda, e não contra o Estado. >
O inquérito sobre o assassinato retornou para a polícia nesta terça-feira (19), após a Justiça determinar urgência nas perícias pendentes na investigação. Entre elas, a análise das câmeras de segurança do trajeto feito por Guaranho no dia do crime e a análise de seu celular, já apreendido.>
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Devem ser avaliados, ainda, os celulares de outras três pessoas que conheciam Guaranho. Também devem ser identificados todos que tiveram acesso às câmeras de segurança da associação onde ocorreu o homicídio. O depoimento de uma dessas pessoas foi solicitado pelo Ministério Público.>
Apesar de todas as perícias da polícia não terem sido concluídas, o Ministério Público decidiu apresentar a denúncia.>
Em paralelo, a Promotoria manifestou concordância com o pedido da corregedoria-geral do Departamento Penitenciário Nacional para abertura de processo administrativo contra Guaranho, que está em prisão preventiva.>
Há relatos de que o policial tenha saído da UTI, onde estava internado depois de ser baleado em troca de tiros com o petista. O estado de saúde dele, porém, não foi informado pela família.>
A Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que irá cumprir as diligências rapidamente. "As perícias já tinham sido requisitadas pela autoridade policial à Polícia Científica, na semana passada", aponta a secretaria. "Por enquanto, sem previsão de conclusão.">
Durante o inquérito, em que as investigações foram finalizadas em cinco dias, a polícia descartou crime político ou de ódio, mas apontou motivo torpe para o assassinato.>
A delegada responsável pelo caso confirmou que tudo começou com uma provocação do bolsonarista, seguida de discussão por questões políticas e ideológicas. Mas disse que, para enquadrá-lo como um crime político, seriam necessários requisitos para isso, como o de tentar impedir ou dificultar outra pessoa de exercer direitos políticos.>
A pena de homicídio simples prevista na legislação vai de 6 a 20 anos de prisão. Com a presença do motivo torpe, pode ir de 12 a 30 anos.>
Segundo a polícia, na tarde do último dia 9, Guaranho estava em um churrasco regado a bebidas, lá ficou sabendo da festa temática do PT e, diante disso, decidiu agir - um outro convidado do churrasco era funcionário do clube no qual Marcelo havia alugado o salão de festas e, por isso, tinha acesso às câmeras de segurança.>
Esse funcionário visualizou as imagens do salão em meio ao churrasco, como rotina, segundo a polícia, e foi nesse momento, em meio a um roda de amigos, que o bolsonarista ficou sabendo da festa temática do PT - a polícia diz não ver nenhum crime por parte desse funcionário.>
Segundo testemunhas, Marcelo e Guaranho não se conheciam, e o bolsonarista inicialmente chegou ao local da festa gritando palavras de ordem a favor de Bolsonaro e contra o PT e Lula.>
Guaranho estava em seu carro, com a esposa e uma criança no banco traseiro. Em meio a suas provocações, como mostram as imagens, Marcelo enche a mão com um punhado de terra e pequenas pedras de um jardim na entrada do salão e lança em direção ao carro do policial penal, que deixa o local e promete voltar.>
Ele retorna minutos depois, agora armado e sem a esposa e a criança. Guaranho atira primeiro, o que levou a polícia a descartar legítima defesa. Ele efetuou quatro disparos, sendo que dois atingiram Marcelo, que revidou com dez disparos, sendo que quatro deles atingiram o bolsonarista.>
Em resumo, segundo a polícia, Guaranho foi inicialmente ao salão para provocar os participantes da festa por causa do tema político do aniversário. Mas, durante as discussões, passou a ter Marcelo como seu único foco e teria cometido o assassinato por impulso, após discussão, e não de forma premeditada.>
Marcelo era tesoureiro do PT municipal. No partido havia mais de dez anos, ele concorreu a vereador e a vice-prefeito pela sigla em eleições recentes.>
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