Publicado em 14 de maio de 2025 às 20:11
NOVA YORK - O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou nesta quarta-feira (14) decisão da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) contra votação do Legislativo no caso do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) e disse não ser correto que uma parte da corte decida o futuro de um parlamentar.>
Ele deu a declaração ao justificar o recurso apresentado pela Câmara ao STF nesta terça-feira (13) para levar à análise do plenário a decisão da turma de cinco ministros, que derrubou uma manobra dos parlamentares que anulava uma ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).>
A resolução aprovada por 315 deputados na semana passada também poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).>
"O que eu não acho razoável é a decisão de um Poder ser desfeita por uma parte do outro Poder, numa sessão virtual. Eu acho que o razoável é o plenário do Supremo Tribunal Federal decidir sobre o assunto", disse Motta, nesta quarta (14), enquanto chegava para participar de um evento do Valor Econômico em Nova York.>
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Questionado se cumpriria a decisão do STF caso o plenário mantenha a posição da Primeira Turma, disse que não trabalha com suposições.>
Motta comunicou o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, do recurso minutos antes de protocolá-lo. Barroso também está em Nova York para a chamada semana do Brasil, em que ocorrem uma série de eventos na cidades, e os dois têm se encontrado em alguns deles.>
Após participar do mesmo evento, Barroso disse a jornalistas que vai decidir sobre a análise do recurso quando retornar ao Brasil nos próximos dias.>
A semana do Brasil em Nova York reúne uma série de eventos paralelos organizados por instituições como Lide, Grupo Esfera, Veja e Valor Econômico.>
O presidente da Câmara negou que haja um embate entre as instituições e considerou ser um "direito da Câmara" defender o parlamentar.>
"O que existe entre nós é uma boa relação, relação de diálogo, é uma relação que nós temos buscado, desde que assumimos a Câmara, manter de respeito com os demais Poderes. Tem sido assim com o Poder Executivo também", afirmou. Ele ressaltou que mais de 300 deputados foram a favor de suspender a ação penal de Ramagem.>
Uma ala da Câmara defende que a Casa leve adiante o projeto que limita decisões monocráticas de ministros do STF. Motta disse que essa é uma matéria que já passou pelo Senado e que a decisão de pautá-la depende da posição dos líderes partidários.>
Ramagem, assim como os demais 33 denunciados na trama golpista, é alvo de ação por cinco crimes, dos quais dois teriam ocorrido depois da diplomação dele, em dezembro de 2022: dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.>
Os outros três são associação criminosa armada, golpe de Estado e abolição do Estado democrático de Direito. Ele foi diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) no governo anterior.>
A aprovação da medida na Câmara abriu caminho para o trancamento de processos contra outros parlamentares no STF (Supremo Tribunal Federal). O PL pediu à Casa que também suspenda a ação contra a deputada Carla Zambelli (PL-SP) pela suposta invasão hacker ao sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).>
O presidente da Câmara afirmou nesta terça (13) que "não pode ter preconceito com nenhuma pauta", mas que a Casa tem "seu ritmo" e a definição do que será votado precisa ser conversado com os líderes.>
"O presidente da Câmara não pode ter preconceito com nenhuma pauta, nem pelo fato de às vezes não concordar com o que está sendo proposto, como também ter o preconceito, vamos dizer, dos polos, porque os partidos estão lá legitimados com representação política", disse.>
"O que nós temos procurado fazer é dar um tratamento um pouco mais institucional para que o dia dia da casa não vem a ser mais um fator gerador de instabilidades. É isso que eu tenho defendido e tenho também colocado que a agenda que é prioritária para o Brasil é a agenda do emprego, da renda, da segurança pública, da educação", afirmou, citando outras propostas que ele considera "estruturantes".>
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