Publicado em 9 de dezembro de 2025 às 19:49
BRASÍLIA - O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força da cadeira do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Ele ocupou o local nesta terça (9) em protesto contra a decisão de pautar o processo que pede a cassação de seu mandato por chutar um militante de direita que o perseguia na Câmara.>
A votação ocorrerá paralelamente à votação para decidir sobre a perda do mandato dos deputados Carla Zambelli (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), que foram condenados pela Justiça e estão foragidos.>
"Há uma ofensiva em que o único mandato de fato atingido é o mandato que me foi conferido pelo povo do Rio de Janeiro", afirmou Braga, enquanto presidia a sessão. Ramagem e Zambelli não estão participando das sessões por estarem fora do país – ela, presa na Itália, e ele, morando nos Estados Unidos.>
O deputado ocupou a mesa de Motta durante a sessão, em protesto contra o presidente da Câmara. A polícia legislativa determinou a retirada dos jornalistas do plenário, enquanto negociava a saída de Braga da mesa diretora, para evitar imagens. >
>
A confusão da expulsão se seguiu pelo salão verde, com jornalistas, policiais e deputados em um tumulto com empurra-empurra e agressões. Em seguida, o deputado deu entrevista à imprensa — a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), mulher do deputado, e outras deputadas choravam durante a fala do deputado. Glauber passou ainda por um exame de corpo de delito.>
Questionada sobre quem determinou que a imprensa fosse barrada e a sessão não fosse transmitida, a assessoria de Motta não respondeu. O presidente também não respondeu sobre agressões de policiais a deputados e jormalistas.>
"Determinei também a apuração de possíveis excessos em relação à cobertura da imprensa", disse apenas nas redes sociais.>
O ato de Glauber está sendo comparado ao motim bolsonarista, que tomou conta da Mesa Diretora no início de agosto, e, nos bastidores, foi criticado até por deputados de esquerda, por utilizar o mesmo método que eles criticaram anteriormente.>
A avaliação de de aliados de Glauber é a de que sua atitude aumentou as chances, que já eram grandes, de que ele seja cassado.>
Após a confusão, Motta se manifestou apenas pelas redes sociais e reabriu a sessão normalmente, com as votações previstas para o dia.>
"Quando o deputado Glauber Braga ocupa a cadeira da Presidência da Câmara para impedir o andamento dos trabalhos, ele não desrespeita o presidente em exercício. Ele desrespeita a própria Câmara dos Deputados e o Poder Legislativo. Inclusive de forma reincidente, pois já havia ocupado uma comissão em greve de fome por mais de uma semana", publicou.>
"O agrupamento que se diz defensor da democracia, mas agride o funcionamento das instituições, vive da mesma lógica dos extremistas que tanto critica. O extremismo não tem lado porque, para o extremista, só existe um lado: o dele. Temos que proteger a democracia do grito, do gesto autoritário, da intimidação travestida de ato político. Extremismos testam a democracia todos os dias. E todos os dias a democracia precisa ser defendida", completou.>
Glauber teve a recomendação da cassação do mandato aprovada pelo Conselho de Ética da Casa em abril por agressão a um militante do MBL (Movimento Brasil Livre). No mesmo dia, ele iniciou uma greve de fome só encerrada após compromisso de Motta de não pautar a votação do caso em plenário no primeiro semestre. Cabe ao plenário a última palavra a respeito da decisão do conselho.>
O deputado disse que, no caso da agressão, se exaltou após o militante do MBL ofender a sua mãe, que estava em estágio avançado de Alzheimer e viria a morrer dias depois. Afirmou ainda ser vítima de perseguição política patrocinada nos bastidores pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que nega. Já o conselho de ética entendeu que ele quebrou o decoro parlamentar e recomendou a cassação.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta