Publicado em 4 de agosto de 2022 às 17:12
RIO DE JANEIRO - Um ex-assessor do vereador carioca Gabriel Monteiro (PL) afirmou em depoimento ao Conselho de Ética e Decoro da Câmara Municipal do Rio que o parlamentar praticava sexo com menores de idade na frente da equipe de trabalho.>
Monteiro foi denunciado em junho sob acusação de assédio e importunação sexual contra uma ex-assessora de seu gabinete. A testemunha afirmou ainda que o parlamentar sabia que as meninas com quem se relacionava eram menores de idade.>
Procurada, a defesa de Monteiro, através do advogado Pedro Henrique dos Santos, chamou as denúncias de "castelo de cartas marcadas" e disse refutar "todos os fatos aos quais responde o parlamentar".>
"A manutenção do mandato é medida justa, uma vez que os fatos narrados fazem parte de um conluio entre ex-funcionários e pessoas que se incomodam com as ações fiscalizatórias do parlamentar, que se negou à tentativa de corrupção por parte dos poderosos", disse Santos.>
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O vereador Chico Alencar (PSOL), relator do processo contra o ex-policial militar e youtuber, apresentou na terça-feira (2) o parecer final da Câmara que pede a cassação do mandato do vereador por quebra de decoro.>
Monteiro já responde por duas denúncias. Além do caso da ex-assessora, ele se tornou réu num caso que apura a gravação de um vídeo íntimo em que o parlamentar aparece tendo relações sexuais com uma adolescente de 15 anos.>
A apuração do Conselho de Ética ouviu ex-funcionários do gabinete de Gabriel Monteiro e da empresa que produz vídeos para o YouTube.>
Um dos ex-assessores, Heitor Monteiro Neto, afirmou em depoimento que o vereador fazia sexo com menores de idade em público, dentro de casa.>
"Já teve ocasiões que a gente estava editando vídeo durante o expediente, e o Gabriel chega lá com uma garota e começa a transar na nossa frente", afirmou Neto, em trecho que consta no relatório.>
Ele relatou ainda que Monteiro, além de ter conhecimento de que se relacionava com menores, dava preferência a elas. "Todas as garotas que vão lá, geralmente, são menores de idade. Eu diria que 99%, porque ele fala que só pega novinha".>
Luiza Caroline Batista, ex-funcionária de vídeos do gabinete do vereador, disse ao Conselho que ele gravava cenas de sexo e mostrava para pessoas da equipe. Os episódios aconteciam na casa do parlamentar, na Barra da Tijuca, onde ele recebia meninas que iam direto da escola.>
"Algumas delas iriam até de uniforme", afirma Mateus de Oliveira, em depoimento. Em denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), Gabriel Monteiro é acusado de constranger Luiza. O trecho da denúncia aponta que ele a ameaçou de demissão, dizendo: "Ou topa tudo, ou não trabalha para mim". Monteiro é réu na Justiça por importunação sexual e assédio pelo episódio.>
Alencar, o relator do processo no Conselho de Ética, afirmou ter sofrido ameaças virtuais coordenadas por Monteiro no último fim de semana, dias antes da leitura do relatório. >
"O próprio Gabriel lidera os ataques, porque é muito forte nas redes. Há uma metodologia: ele faz algum comentário, que não é nem ofensivo, nem ameaçador, mas parece que aquilo dá o start para seus seguidores.>
"Na última sexta-feira, depois que eu publiquei um vídeo, ele postou no meu Facebook: 'Vereador, quanta politicagem'. A partir daí começaram os xingamentos e ameaças, como 'eu sei onde sua família mora'. Foram 700 comentários com ataques e ameaças. Nunca usei carro blindado na vida, mas agora estou precisando", disse Alencar à reportagem.>
Após ouvir 12 testemunhas, oito indicadas pela defesa e quatro pelo conselho, o parecer do relator que recomendou a cassação de Gabriel Monteiro foi publicado na terça (2).>
O relatório trata as condutas de Monteiro como "deploráveis". O documento cita os vídeos manipulados para o canal, as denúncias de sexo contra menores de idade e os assédios contra ex-funcionários.>
Desde a última terça-feira, está em vigor o prazo de cinco dias úteis para que a defesa de Gabriel Monteiro apresente alegações. Depois, membros do Conselho de Ética se reúnem para votar o relatório. A votação está prevista para a próxima quinta-feira, dia 11.>
Caso a maioria do Conselho vote pela continuidade, a cassação será debatida em plenário, até o dia 15 de agosto.>
Em paralelo à cassação, Gabriel Monteiro divulgou, no início da semana, sua pré-candidatura ao cargo de deputado federal pelo Partido Liberal. Sua irmã, Giselle Monteiro, é pré-candidata a deputada estadual pela mesma legenda.>
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