Publicado em 18 de dezembro de 2025 às 17:57
BRASÍLIA - A Polícia Federal investiga um pagamento de R$ 300 mil feito por ordem do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, a uma empresária que é amiga de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, um dos filhos do presidente Lula (PT).>
Em uma mensagem apreendida pela PF em uma das fases da operação Sem Desconto, o Careca do INSS pede a um operador que faça o pagamento de uma parcela nesse valor a uma empresa em nome de Roberta Luchsinger, a RL Consultoria e Intermediações.>
O operador pergunta quem seria o destinatário do dinheiro. Antunes responde que seria "o filho do rapaz" e, em seguida, recebe o comprovante do pagamento para a empresa de Luchsinger. A PF tenta identificar se o Careca do INSS se referia a Fábio Luís.>
A empresa RL Consultoria tem entre seus sócios a empresária Roberta Moreira Luchsinger, que foi alvo de busca e apreensão no bairro de Higienópolis, em São Paulo, e é próxima ao filho do presidente.>
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Em uma troca de mensagens com Antunes em abril desse ano, Roberta afirma que "acharam um envelope com nome do nosso amigo no dia da busca e apreensão". Ele responde, "PUTZ", e ela acrescenta: "Antônio, some com esses telefones. Joga fora".>
Segundo a PF, alguns dias depois, em maio, Roberta envia um áudio para o Careca tentando tranquilizá-lo com o seguinte teor: "Na época do Fábio falaram de Friboi, de um monte de coisa o [sic] maior... igual agora com você".>
Roberta é herdeira de um ex-acionista do antigo banco Credit Suisse , o suíço Peter Paul Arnold Luchsinger, que era seu avô, segundo a coluna de Mônica Bergamo. Ela foi também casada com o ex-delegado da PF Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha.>
Em 2017, ela anunciou que faria uma doação milionária a Lula, que estava sendo investigado pela Operação Lava Jato.>
A defesa de Roberta afirma que as transferências não têm qualquer relação com o INSS, mas sim com um projeto de canabidiol que desenvolvia com o lobista.>
Em nota, a defesa diz que "Roberta Luchsinger e sua empresa atuam com a prospecção e intermediação de negócios com empresas nacionais e estrangeiras e, nesse âmbito, foi procurada no ano passado pela empresa Brasília Consultoria Empresarial S/A, de Antônio Carlos Camilo Antunes, para atuação na regulação do setor de empresas de canabidiol".>
Também afirma que os negócios que mantiveram foram apenas tratativas iniciais que não chegaram a prosperar e que essas tratativas aconteceram em momentos anteriores às revelações dos desvios de descontos do INSS.>
Lulinha não é investigado formalmente no caso e não contratou advogados, mas em ações no passado foi representado por Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, que se manifestou em nome do filho do presidente.>
Ele diz que Lulinha não é alvo e que as citações referidas na investigação "são absolutórias".>
"Uma das investigadas diz de forma categórica que o Lulinha, uma vez mais, é alvo de mentiras e vilanias, como foi no passado em relação à suposta sociedade que mantinha com a empresa Friboi. A própria história já se encarregou de desmentir", diz Marco Aurélio.>
"Quanto à citação do termo 'filho do rapaz', seguramente não está se referindo a Fábio Luís. Ele pode ser 'filho do cara', segundo [Barack] Obama, ou eventualmente de um senhor de mais de 80 anos de idade que atualmente preside o país.">
Segundo ele, a operação é prova de que "a Polícia Federal e as demais instituições do Estado brasileiro foram devolvidas pelo presidente Lula ao povo brasileiro. Não buscam proteger aliados e perseguir adversários".>
A defesa de Antonio Carlos Camilo Antunes não se manifestou sobre a operação.>
Em entrevista nesta quinta (18), o presidente Lula foi questionado sobre o tema. Ele disse que "ninguém ficará livre" de investigação, se estiver envolvido.>
"Se tiver filho meu metido nisso será investigado. Se tiver o [ministro da Fazenda Fernando] Haddad vai ser investigado, o [ministro-chefe da Casa Civil] Rui Costa com essa seriedade vai ser investigado", afirmou.>
A PF fez buscas e prisões nesta quinta-feira (18), em uma nova fase da Operação Sem Desconto. A ação foi autorizada pelo ministro André Mendonça, do STF (Supremo Tribunal Federal).>
Os investigadores cumpriram 16 mandados de prisão preventiva e 52 de busca e apreensão. A ação da PF e da CGU (Controladoria-Geral da União) foi autorizada por Mendonça.>
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