Publicado em 1 de outubro de 2025 às 14:43
- Atualizado há 2 meses
A cineasta brasileira Bárbara Marques, que vive e trabalha em Los Angeles desde 2018, foi levada por agentes da ICE, o serviço de imigração dos Estados Unidos, há duas semanas. O ICE afirma que ela permanecerá sob custódia até ser repatriada. Em nota enviada à reportagem, o ICE afirma que Marques "é uma estrangeira em situação irregular" e que "não possui documentos de imigração válidos que a autorizem a estar ou permanecer legalmente nos Estados Unidos".>
O marido, Tucker May, relatou, em uma publicação em sua conta no Instagram, que o casal estava numa reunião relativa ao green card de Marques numa repartição pública em Los Angeles e que, ao final do compromisso, um dos funcionários do governo deu a desculpa de que uma impressora estava quebrada e, com isso, conseguiu ludibriar a cineasta e fazer com que ela se afastasse de seu advogado.>
Segundo a nota, agentes do ICE em Los Angeles a prenderam em 16 de setembro. Marques teria permanecido nos EUA além do prazo do visto concedido quando entrou pela primeira vez no país, em 14 de março de 2018, e depois em 21 de novembro de 2019. A nota afirma ainda que um juiz de imigração determinou sua deportação para o Brasil. "Estrangeiros que residem ilegalmente nos Estados Unidos são incentivados a se autodeportar", segue a nota.>
O ICE frisa que "estrangeiros em situação irregular agora enfrentam uma possibilidade muito real e iminente de serem localizados, presos e deportados pelo ICE", e destaca "um compromisso renovado com a lei e a ordem liderado pelo presidente [Donald] Trump e pela secretária [de segurança interna Kristi] Noem.>
>
De acordo com relatos do marido, a brasileira não havia sido notificada de uma audiência à qual precisaria comparecer. A reportagem procurou o Itamaraty, mas ainda não obteve resposta. Procurado, o marido de Bárbara enviou uma nota afirmando que ele a família estão "aguardando informações oficiais e atualizadas sobre o processo judicial em curso".>
"O advogado que atua na causa interpôs um recurso para defesa dos direitos da Bárbara, uma vez que ela seguiu todos os trâmites legais e apresentou aos órgãos competentes todos os documentos necessários para emissão do green card", segue a nota da família. "Aguardamos, com muita confiança na Justiça, uma decisão judicial.">
Marques dirigiu um curta-metragem, "Cartaxo", lançado em 2020, sobre o dia em que a atriz Marcélia Cartaxo foi homenageada no Los Angeles Brazilian Film Festival do ano anterior. Na ocasião, Cartaxo apresentou o filme "Pacarrete", que venceu o Festival de Cinema de Gramado daquele ano.>
Segundo o perfil da cineasta no IMDB, um dos maiores agregadores de informações sobre filmes, Marques fez outros curtas, como "Amor", de 2018, sobre quando seu avô foi diagnosticado com Alzheimer, e "Basement", de 2021, um terror com elenco americano.>
Natural do estado do Espírito Santo, a capixaba se formou em cinema no Rio de Janeiro, em 2015, e depois estudou atuação na Amda, uma escola de artes cênicas em Los Angeles, segundo relato seu ao jornal A Gazeta. Num primeiro momento, Marques foi levada para um centro de detenção de imigrantes em Adelanto, no estado da Califórnia. Depois, segundo May, foi transferida para o estado do Arizona e agora está detida no estado da Louisiana, que seria o último ponto antes de uma possível deportação. Ainda segundo May, Marques e outros detentos ficaram mais de 12 horas sem comida.>
Acompanhando toda a situação no país norte-americano, o marido de Bárbara, Tucker May e a diretora e amiga, Nikki Groton, publicaram nas redes sociais que a cineasta "provavelmente não enfrentará deportação imediata e está de volta ao sul da Louisiana". A afirmação foi feita no início da tarde desta quarta-feira (1°). No texto, é destacado que Tucker conversou diretamente com uma deputada dos Estados Unidos, que segue atento à situação da capixaba.>
Nikki e Tucker afirmaram que a maior preocupação é com a segurança e o bem-estar da cineasta, que, segundo eles, sofreu tratamentos desumanos. >
"Bárbara passou mais de 12 horas sem comida ou água, recusa de equipamento médico necessário e até de ibuprofeno para a dor, incapacidade de dormir devido ao medo constante, casas de banho sem papel higiênico ou suprimentos básicos, e cancelamento da sua conta na mercearia (quando estava marcada para deportação). Isto bloqueia o acesso a sabonete, desodorante, cobertores e itens essenciais, mesmo que os fundos tenham sido pagos", disseram, na publicação postada no Instagram.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta