> >
Delator diz ter sido agente infiltrado de Moro e procuradores do Paraná

Delator diz ter sido agente infiltrado de Moro e procuradores do Paraná

Tony Garcia afirma que foi obrigado a gravar 'um monte de gente'; ex-juiz diz que relato do empresário é mentiroso

Publicado em 5 de junho de 2023 às 18:45

Ícone - Tempo de Leitura 2min de leitura

CURITIBA - O empresário de Curitiba e ex-deputado estadual Antônio Celso Garcia, conhecido como Tony Garcia, 70 anos, afirma que foi obrigado a gravar pessoas de forma ilegal a pedido de procuradores e do ex-juiz federal Sergio Moro após firmar acordo de colaboração premiada em 2004.

"Eu fui um agente infiltrado deles", disse ele, em entrevista à Folha de S.Paulo, na sexta-feira (2). O caso foi revelado pela revista Veja.

O empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia em imagem de 2018
O empresário e ex-deputado estadual Tony Garcia. (Reprodução)

As supostas ilegalidades, segundo Garcia, foram informadas à juíza federal Gabriela Hardt em 2021. Em novembro de 2022, a magistrada rescindiu o antigo acordo de delação, atendendo a um pedido do MPF (Ministério Público Federal) de 2018. A defesa do empresário ainda recorre da decisão.

Garcia afirma que, embora tenha apontado atuação ilegal das autoridades envolvidas em sua delação, a juíza não tomou providências.

Segundo ele, seu relato foi feito durante uma audiência em 2021 e o conteúdo foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal) somente em abril deste ano, por decisão do juiz Eduardo Appio – afastado do cargo desde 22 de maio sob suspeita de infração disciplinar.

Garcia diz que prestou depoimento à juíza para detalhar sua atuação como colaborador, "para que ela formasse juízo de valor antes de sentenciar uma barbaridade daquela", isto é, o pedido de rescisão feito pelo MPF.

"Nessa audiência, surpreendi até os meus advogados, que não sabiam de nada, e coloquei tudo que eu fui obrigado a fazer. Fui agente infiltrado [de Moro e dos procuradores]", disse ele, em referência aos anos seguintes ao acordo de delação, entre 2005 e 2006.

"Eles [procuradores] me obrigaram a andar com dois telefones deles com microfone aberto. Foi assim que eu gravei o [advogado] Roberto Bertholdo, um monte de gente, para eles. Quando eles pegavam conversas que interessavam, eles levavam ao Moro e ele esquentava as conversas. Fazia como se tivesse autorização judicial, com data retroativa."

Garcia afirma que possui provas para corroborar as declarações e que pretende mostrá-las ao STF.

Hoje senador pela União Brasil, Moro disse em nota que o empresário faz um "relato mentiroso e dissociado de qualquer amparo na realidade ou em qualquer prova".

Gabriela Hardt disse, via assessoria, que não vai se manifestar sobre o assunto. Segundo a Justiça Federal, o processo está sob sigilo.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais