Publicado em 1 de julho de 2021 às 09:57
A CPI da Covid antecipou para esta quinta-feira (1º) o depoimento do representante de uma vendedora de vacinas que afirmou em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde. >
Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, será ouvido pelos senadores a partir das 10 horas. Assista ao vídeo com o depoimento. >
Dominguetti disse em entrevista exclusiva à Folha de S.Paulo na terça-feira (29) que o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou a propina em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, região central da capital federal, no dia 25 de fevereiro. >
Roberto Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Sua nomeação ocorreu em 8 de janeiro de 2019, na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta. A Folha de S.Paulo tentou, sem sucesso, contato com Dias na noite de terça-feira. Ele não atendeu as ligações. >
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A empresa Davati buscou a pasta para negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com uma proposta feita de US$ 3,5 por cada (depois disso passou a US$ 15,5). "O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa", disse Dominguetti. >
A CPI ouviria nesta quinta o empresário Francisco Emerson Maximiano, sócio-administrador da empresa Precisa Medicamentos, que fechou contrato com o governo para fornecer doses da vacina indiana Covaxin, mas o depoimento foi adiado e não tem nova data para ocorrer. >
O grupo majoritário da CPI avaliou que a sessão seria contraproducente porque Maximiano conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) e poderia ficar calado. A comissão vai recorrer. >
A suspeita sobre a compra de vacinas veio à tona em torno da compra da vacina indiana Covaxin, quando a Folha de S.Paulo revelou no último dia 18 o teor do depoimento sigiloso do servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda ao Ministério Público Federal, que relatou pressão "atípica" para liberar a importação da Covaxin. >
Desde então, o caso virou prioridade da CPI da Covid no Senado. A comissão suspeita do contrato para a aquisição da imunização, por ter sido fechado em tempo recorde, em um momento em que o imunizante ainda não tinha tido todos os dados divulgados, e prever o maior valor por dose, em torno de R$ 80 (ou US$ 15 a dose). >
O irmão do servidor, deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), disse à comissão que levou as denúncias de irregularidades ao presidente Jair Bolsonaro, ocasião em que teria sido mencionada pelo chefe do Executivo que seria um esquema de Ricardo Barros. >
Nesta quarta, Luis Miranda reuniu-se com senadores e prometeu entregar documentos que comprovam as denúncias que apresentou. >
O deputado será ouvido novamente na semana que vem em reunião aberta da CPI. Os senadores querem que ele explique declarações que deu à revista Crusoé de que recebeu oferta de propina para facilitar a compra de vacinas.>
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