Publicado em 28 de maio de 2020 às 20:42
Líderes partidários do Senado criticaram, nesta quinta-feira (28), a tentativa do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de buscar uma pacificação entre o presidente da República Jair Bolsonaro e o STF (Supremo Tribunal Federal).>
Nesta quinta, Alcolumbre esteve no Palácio do Planalto para uma conversa com Bolsonaro. Após o encontro, ele narrou aos colegas que levou uma mensagem de harmonia diante da escalada da retórica autoritária do presidente.>
O líder do PT, Rogério Carvalho (SE), afirmou que as manifestações desta quinta do presidente Bolsonaro e de seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), não podem ser aceitas. O presidente afirmou, ao sair do Palácio da Alvorada, que "ordens absurdas não se cumprem", em relações às decisões recentes do STF.>
Já seu filho falou que será natural se a população recorrer às Forças Armadas caso esteja insatisfeita com o desempenho do Congresso Nacional e do STF.>
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"O que o presidente (Bolsonaro) falou hoje, o que o seu filho falou hoje é dizer que já não é uma questão de fazer, de dar um golpe, de estabelecer o limite para o STF, para o Congresso Nacional, mas é quando isso é uma ameaça inaceitável que nós não podemos aceitar calados, nem o Congresso, nem o Senado, nem a Câmara", criticou o líder do PT.>
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) considerou como preocupantes as declarações da família Bolsonaro que, segundo ela, são uma ameaça de golpe.>
"O presidente tem feito declarações extremamente preocupantes, e não apenas ele, mas os seus familiares, mais precisamente seus filhos, O que nós temos hoje é uma escalada clara de que há um desejo por parte deste governo de ameaçar a democracia e até estabelecer um golpe no nosso país", disse.>
Eliziane criticou a tentativa de Alcolumbre de pacificação, que segundo ela, não têm mais reflexo junto ao governo federal.>
"Ou nós vamos agir ou teremos simplesmente que olhar uma situação acontecendo, numa posição clara de letargia, sem agir e, infelizmente, tendo que, lá na frente -e eu espero que isso não aconteça-, acompanhar um golpe de Estado".>
Para o líder da Rede, Randolfe Rodrigues (AP), Alcolumbre precisa ter uma posição que vá além de pedir pacificação.>
"Em algum momento, tem que ser dito para o Senhor presidente da República que ele não pode avançar mais".>
Mais cedo, Alcolumbre chegou a narrar para os colegas senadores a conversa como presidente da República, onde o senador afirmou que levou uma mensagem de "calma e serenidade".>
"Foi uma conversa boa, muito franca, diante de tudo que viemos nos últimos dias desde a publicação do vídeo, e a gente vai tratar com serenidade, e vamos pedir calma, e quando chegar outro momento, lá na frente que superarmos a maior dificuldade do brasil cada um pega a bandeira do seu partido e a gente vai para o embate depois que a gente salvar os brasileiros e as empresas", disse ele aos senadores, na reunião acompanhada pela reportagem.>
Apesar do diálogo, o líder do MDB na Casa, Eduardo Braga (AM), afirmou que é preciso que haja firmeza do lado do Congresso para que seja feita a defesa da democracia.>
"Quero dizer ao presidente Alcolumbre que concordo com a firmeza na defesa da democracia e, ao mesmo tempo, com a serenidade e a sensatez que o momento exige. Acho que todos nós precisamos entender que, no meio desta pandemia, quando o Brasil chora a perda de compatriotas, e muitos ainda correm risco de vida, nós devemos ter muita firmeza em defesa da democracia, muita sensatez e muita serenidade".>
Já o líder do PSD, Otto Alencar (BA), cobrou que o Congresso faça uma manifestação contra as agressões.>
"É importante, agora, que se dê uma posição. É super importante isso. Eu queria colocar que a posição do nosso partido -já conversada com os nossos senadores- vai ser equilíbrio neste momento, para ver se o Brasil encontra um passo nesse descompasso que estamos vivendo".>
Alvaro Dias (Podemos-PR), líder da legenda, defendeu que seja colocado um limite ao presidente da República.>
"Eu acho que nós precisamos estabelecer um limite no tempo. Essa crise já chegou à sociedade, já está, na opinião pública, como uma preocupação do dia a dia. Este confronto entre os Poderes afronta os princípios democráticos, porque é evidente -e todos nós sabemos disso- que podemos, eventualmente, atacar, agredir, criticar esse ou aquele integrante de quaisquer dos Poderes, mas não podemos agredir as instituições. E elas estão sendo agredidas", disse.>
O senador afirmou que não é possível que haja pedido de entendimento constantemente.>
"É preciso que se estabeleça um prazo. Nós não podemos ficar indefinidamente pedindo o entendimento. Nós estamos dispostos, obviamente, a nos desarmar -e essa tem sido uma manifestação recorrente aqui no Congresso Nacional-, mas é preciso que entendam que há um limite para as agressões reiteradas às instituições democráticas".>
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