Publicado em 11 de agosto de 2023 às 08:39
O homem que em maio de 2021 matou duas educadoras e três crianças em uma creche em Saudades, no oeste de Santa Catarina, foi condenado nesta quinta-feira (10) pelo Tribunal do Júri da comarca de Pinhalzinho a uma pena de 329 anos e 4 meses em regime fechado. O conselho de sentença foi composto por seis mulheres e um homem.>
Fabiano Kipper Mai, que na época tinha 18 anos de idade, está preso preventivamente desde a data do massacre e optou por ficar em silêncio durante a fase de interrogatório.>
Na manhã de 4 de maio de 2021, o homem entrou na Escola Municipal Infantil Pró-Infância Aquarela usando uma adaga (uma espécie de espada) que havia comprado pela internet. Ele teria tentado se matar após o atentado e foi detido.>
Durante o ataque, duas funcionárias da creche —a professora Keli Adriane Aniecevski, 30, e a agente de educação Mirla Amanda Renner Costa, 20— morreram, além de três crianças menores de dois anos. Uma quarta criança foi gravemente ferida, mas sobreviveu.>
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Ele foi acusado pelo Ministério Público de cinco homicídios consumados triplamente qualificados por motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas; 13 homicídios tentados duplamente qualificados por motivo torpe e meio cruel; e um homicídio tentado qualificado por motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas.>
O julgamento, que começou na manhã de quarta-feira (9), foi presidido pelo juiz Caio Lemgruber Taborda, da Vara Única da comarca de Pinhalzinho. Na quarta, foram ouvidas três vítimas, três testemunhas de acusação e três testemunhas de defesa.>
O debate central no primeiro dia de julgamento se concentrou na divergência entre o possível diagnóstico de doença mental do réu, apresentada pelos assistentes técnicos da defesa e da acusação. Os nomes dos dois psiquiatras foram preservados a pedido do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, por razões de segurança.>
A defesa alega que o réu sofre de esquizofrenia paranoide, o que o tornaria incapaz de compreender a gravidade dos atos que estava cometendo.>
Segundo o assistente técnico da defesa, o acusado demonstra características típicas da doença. Entre elas, o fato de não se reconhecer doente, já que, em um primeiro momento, teria se negado a tomar a medição prescrita pelos médicos.>
Outro ponto apresentado pelo psiquiatra responsável pela assistência técnica é que o réu apresenta uma compreensão distorcida da realidade. De acordo com a defesa, ele foi vítima de bullying na escola e, apesar de o fato ser confirmado pelos familiares, não tinha a intensidade com a qual ele percebia.>
Já a acusação afirma que o réu sofre de deficiência mental leve e transtorno de personalidade, doenças mentais que não o caracterizariam como inimputável.>
A conclusão é baseada em dois fatos: o primeiro, de que o réu teria planejado detalhadamente a ação, por meses. O segundo diz respeito a uma suposta articulação do réu em mudar seu depoimento. Isso porque ele teria relatado ao delegado o crime com detalhes e posteriormente passou a alegar que não tem lembrança do que ocorreu.>
Dessa forma, a acusação alega que "em tudo houve método e intencionalidade", destacou o assistente técnico da acusação.>
O Ministério Público também incluiu o histórico de pesquisas do acusado na internet entre as provas de que houve o planejamento do ataque: havia buscas sobre fabricação de bombas, acusados por ataques em escolas, compra de arma de fogo e conteúdos que indicavam ódio por crianças e mulheres.>
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