Publicado em 12 de março de 2020 às 20:53
Um dos principais organizadores da manifestação que estava prevista para domingo (15) em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, o movimento Nas Ruas anunciou o adiamento do ato, em razão do agravamento da crise do coronavírus. >
"O momento agora é de união e responsabilidade", disse em nota Marcos Bellizia, um dos coordenadores do grupo. Não há nova previsão de data.>
O ato tinha como objetivos apoiar o governo de Bolsonaro e pressionar o Congresso e o Supremo a aprovar reformas econômicas.>
Em pronunciamento na TV nesta quinta-feira (12), Bolsonaro pediu que os atos fossem repensados e adiados.>
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"Pedimos que Congresso, governo e Supremo trabalhem juntos para a aprovação das reformas da forma mais rápida possível. Isso irá beneficiar 100% dos brasileiros", afirmou Bellizia.>
Outro movimento, o São Paulo Conservador, também anunciou o adiamento dos atos.>
Até o início da semana, a possibilidade de cancelar o evento era descartada. O fato de o coronavírus ser considerado agora uma pandemia pela OMS (Organização Mundial da Saúde) alterou o quadro.>
Antes do agravamento da crise, os movimentos obtiveram aval do Ministério da Saúde para realização dos atos. A consulta à pasta foi feita pela deputada Carla Zambelli (PSL-SP), uma das entusiastas das manifestações.>
"Não somos irresponsáveis", diz Edson Salomão, presidente do Movimento Conservador, ao afirmar que a orientação de manter a manifestação estava sendo reavaliada conforme a evolução da doença. "Estamos aguardando uma recomendação das autoridades competentes para tomar alguma decisão.">
Em coletiva de imprensa nesta quinta, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não recomendou o cancelamento de eventos.>
"Não há nenhuma recomendação do governo do estado de São Paulo para cancelamento de eventos públicos de nenhum tipo, apenas a orientação para que pessoas com mais de 50 anos evitem aglomerações", disse ele.>
As decisões, afirmou Doria, são sanitaristas e não têm "qualquer cunho político". O governador se aliou ao bolsonarismo ao ser eleito em 2018, mas rompeu com Bolsonaro e pretende concorrer à Presidência em 2022.>
Mais cedo, o adiamento foi mencionado por deputados federais que apoiam Bolsonaro. "Os movimentos são pessoas sérias e não querem comprometer a saúde de quem está se mobilizando. O adiamento é razoável, a saúde pública vem em primeiro lugar", disse Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP).>
A deputada Bia Kicis (PSL-DF) afirmou que Bolsonaro pediria o adiamento das manifestações. "Ele tem ouvido apoiadores e organizadores e tem ponderado sobre a importância de preservar a população mais vulnerável, os idosos, sempre presentes", afirmou.>
Bolsonaro fará um pronunciamento na noite desta quinta em cadeia nacional de televisão e rádio. Segundo assessores presidenciais, ele deve pedir à população que não participe dos protestos.>
Para os políticos, a sinalização de Bolsonaro pelo cancelamento é necessária para que os movimentos que organizam os protestos não sejam vistos como traidores ou para que as pessoas não insistam em ir às ruas mesmo após um eventual cancelamento.>
Os movimentos de esquerda que organizam os protestos do dia 18, em oposição a Bolsonaro, também estão avaliando a viabilidade dos atos conforme o avanço do coronavírus nos próximos dias.>
Uma reunião com os movimentos e as centrais sindicais foi marcada para segunda-feira (16) para debater o tema e, por enquanto, o protesto está mantido.>
"Vamos esperar a evolução para tomar qualquer definição. A princípio, a manifestação está mantida", afirmou Guilherme Boulos, líder do MTST e da Frente Povo Sem Medo.>
Nesta quinta, representantes das centrais sindicais se reuniram para tratar do assunto. Em nota, os sindicatos cobraram "medidas específicas para os trabalhadores e trabalhadoras da saúde, educação e transporte público que estão mais expostos ao contágio", mas não cancelaram os atos. A definição ficou para segunda-feira.>
Antes do encontro, a CUT pleiteava a manutenção do ato, enquanto a UGT falava em cancelamento. "Nossa preocupação é que os trabalhadores e trabalhadoras são os mais vulneráveis por não terem assistência médica, diferente da classe média, que está coberta", afirma Ricardo Patah, da UGT.>
Nas redes sociais, o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Iago Montalvão, disse estar em discussão interna a respeito das mobilizações.>
"Eu, particularmente, acredito que não podemos ficar a reboque das mobilizações do dia 15 que Bolsonaro provavelmente vai desmobilizar. Temos que mostrar responsabilidade com a saúde do nosso povo", afirmou.>
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