A ansiedade sempre esteve presente na vida das pessoas, mas, com o passar do tempo e apesar do avanço de diversas tecnologias, parece que, enquanto sociedade, só regredimos no quesito emocional. Penso, inclusive, que justamente é essa tal evolução tecnológica que contribui para isso.
Esse não é, obviamente, um ponto de vista que difama a tecnologia. É, sim, uma abordagem equilibrada, com a pretensão de analisar os dois lados da questão.
Se você foi estudante até o final dos anos 90, certamente se lembra de como se fazia um trabalho escolar. Na verdade, ao ler isso, provavelmente veio à sua mente a famosa "Barsa". Para quem não sabe, Barsa é a enciclopédia que usávamos para fazer pesquisas escolares. Levávamos horas para realizar uma pequena pesquisa sobre algum assunto. Sabíamos que demandava tempo e, por isso, não fazíamos na correria, com pressa para terminar.
Em meados do ano 2000, chegou ao Brasil um negócio chamado Google. No início, não fornecia todas as informações de que precisávamos, mas já economizava muitas horas de pesquisa. Com o tempo, essa ferramenta foi aprimorada. Passamos a obter em segundos o que, antes, levávamos horas para encontrar.
Quando era preciso fazer um serviço bancário, passávamos até horas em uma fila enorme. Muitas vezes para pagar um simples boleto. Com o surgimento das fintechs, hoje conseguimos fazer tudo em poucos minutos, através de um aplicativo de celular. O surgimento dessa tecnologia, inclusive, fez com que até os bancos mais tradicionais se adaptassem ao mesmo modelo.
Antigamente, para assistir a um filme, era preciso ir até a locadora, torcendo para que a “fita de vídeo” desejada não estivesse alugada. Antes de ver o filme, era preciso assistir a todos os trailers. Não havia a opção de pular. Esperávamos, então, com toda a paciência do mundo. Hoje, dispomos de um “negócio” chamado streaming. Trailer? Só se você quiser. Rebobinar a fita? Nem sei mais o que é isso! (E muita gente não sabe mesmo!)
Todas essas reflexões (saudosistas, mas nem tanto) me servem para dizer que a tecnologia moldou e vem moldando nossos comportamentos. Se temos tudo tão rapidamente na palma da mão, por que não esperar que seja assim em todas as esferas da vida? É aí que surgem os conflitos e os transtornos…
Parece que internalizamos essa visão imediatista. Queremos crescer logo na carreira, desejamos aprender outro idioma em poucos meses, planejamos nos tornar bem-sucedidos para ontem. Essas conquistas, no entanto, não são tão fáceis e rápidas. Lidar com isso nos faz sentir não apenas ansiosos, mas também frustrados e com um sentimento de impotência, de insuficiência.
É bem provável que você já sentiu diversas vezes que está ficando para trás, que não está conseguindo conquistar nada ou que as coisas são mais demoradas para você.
Se isto serve para lhe tranquilizar, gostaria de dizer que costuma ser assim para todos, com raríssimas exceções. As coisas mais gratificantes da vida realmente demandam tempo. É absolutamente normal as coisas não acontecerem do dia para a noite. Acredite nisso, mesmo que a tecnologia aproxime você de histórias de sucesso mirabolantes e, como eu já disse, raras (caso sejam reais).
Precisamos compreender que nem sempre existem atalhos na vida e que, para alcançar nossos objetivos, precisamos nos lembrar de um antigo ditado: dê tempo ao tempo!
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