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É acadêmico do 5° ano do curso de Direito da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Cursando especialização em gestão hospitalar e gestão pública (FAVENI)

Sobreviver com uma bolsa de estudos da Capes não é uma tarefa fácil

Ninguém está clamando por nada a mais. É o mínimo de decência honrar com o compromisso assumido com cada pesquisador que depende, exclusivamente, desses recebimentos para sobreviver

  • Gustavo Felipe Berça Ogata É acadêmico do 5° ano do curso de Direito da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Cursando especialização em gestão hospitalar e gestão pública (FAVENI)
Publicado em 09/12/2022 às 12h11

Brasil, dezembro de 2022. Natal, ano-novo, festas, presentes, férias, viagens, enfim, um mês que, em geral, traz um ar de descanso, preparo e renovação de forças. Parece que essa não é a realidade cerca de 200 mil bolsistas da Capes que correm o risco de não receber por falta de verbas devido ao congelamento dos repasses do MEC pela equipe econômica do atual presidente. Segundo ela, tal ação é para prevenir eventual estouro de orçamento.

Isso demonstra a falta de importância à educação e o projeto de sucateamento da pesquisa, ensino e extensão que temos vivido. Passar por uma pandemia - utilizando a palavra passar com ressalvas, posto que estamos enfrentando ondas e mais ondas de Covid-19 justamente por questões ideológicas sobre a vacinação - parece que não demonstrou nada ao atual governo, aquele que deveria estar estampado em cartazes de desparecido.

Sobretudo em crises sanitárias, é essencial que a nação esteja com as universidades fortalecidas e estruturadas, com pesquisadores com recursos capazes de desenvolver equipamentos, vacinas, medicamentos, suprimentos. Quando não para desenvolver, é primordial que tenhamos estrutura para conseguir receber o know-how de países membros da OMS, conforme previsto no atual Regulamento Sanitário Internacional (RSI), que vem sendo discutido atualmente para uma reformulação de acordo com os resultados do enfrentamento da pandemia de Sars-Cov-2.

Laboratórios
Pesquisador. Crédito: Pixabay

No novo draft fala-se, inclusive, em quebra de patentes, com a possibilidade de engenharia reversa de todos os recursos necessários para enfrentamento de novas pandemias. Ocorre que, para tanto, é necessário amplo investimento governamental em Ensino, Pesquisa e Inovação. A Educação precisa ser pauta e estar na agenda do governo.

Sobreviver com uma bolsa de estudos da Capes não é uma tarefa fácil. O poder de compra do brasileiro é o pior dos últimos cinco anos, com a desvalorização da moeda em mais de 30% desde 2017 até o primeiro semestre de 2022. Com a falta de reajuste há 9 anos, parece que viver dignamente é muito difícil. O ponto é que ninguém está clamando por nada a mais. É o mínimo de decência honrar com o compromisso assumido com cada pesquisador que depende, exclusivamente, desses recebimentos para sobreviver.

Fazer esse congelamento demonstra um projeto asqueroso, vil, preocupante para os rumos da educação brasileira. Porém, fazê-lo nesta época evidencia canalhice, um governo ignóbil, abominoso, desonroso, desrespeitoso, covarde. Muitas palavras poderiam tentar descrever esse ato, porém, o sentimento é de descaso total com os “cidadãos de bem” que estão apenas trabalhando, sim pesquisa é um trabalho e um trabalho árduo.

Escrevo hoje na expectativa de que, ainda esse mês, tudo seja resolvido e todos recebam suas bolsas (o ministro da Educação anunciou nesta quinta que o pagamento será no próximo dia 13). Talvez seja muito esperançoso de minha parte. Alguns anos atrás, dei um título a um artigo de opinião que aqui infelizmente eu repito: pátria amarga, Brasil.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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