
Gustavo Martinelli*
O mundo virtual ultrapassou mais um limite. Será que estamos preparados para a era do Deep Fake? A palavra deep vem de “deep learning”, que é um método pelo qual o computador “aprende” alguma coisa. Nesse caso, ele aprende os padrões do seu rosto, suas expressões, dentre outros detalhes. Já a palavra fake, significa falso, pois o que computador faz é gerar um vídeo falso. Contudo, como se fosse você mesmo.
Inicialmente, o Deep Fake foi utilizado em filmes eróticos, onde era possível substituir qualquer rosto do filme pelo de quem se desejasse. Após isso, foi a vez das celebridades e dos políticos, por causa de suas inúmeras imagens na internet.
Uma das vítimas foi o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que de tão perfeito que seu vídeo ficou, veio a público manifestar ampla preocupação com essa questão. Vá ao YouTube e pesquise: deep fake Barack Obama. Veja por si próprio. Já a voz utilizada nesses vídeos costuma ser a voz de outra pessoa.
Porém, também já existem inteligências artificiais que, com alguns exemplos de sua voz, conseguem gerar textos inteiros como se você é que os tivesse lido, como é o caso do site Lyrebird. Como se não bastasse, também já existem programas que prometem clonar a voz em tempo real. Agora, imagine receber uma ligação de alguém se passando por seu pai, sua mãe, seu filho, cônjuge ou chefe, mas, com a mesma voz? Ou até mesmo um vídeo deles pelo WhatsApp?
A situação é preocupante, pois nem mesmo sabemos quantas fotos nossas já estão pelas redes sociais ou na internet, e quantas notas de voz já enviamos pelo WhatsApp ou Telegram. De todo modo, é claro que o Deep Fake também possui pontos positivos. Tanto que cientistas afirmam ter criado uma Inteligência Artificial para detectar o Deep Fake. Porém, será que ela evitará inúmeros crimes e golpes de serem aplicados?
Talvez seja o momento do Brasil priorizar sua adesão à Convenção de Budapeste, também conhecida como Convenção sobre Cibercrime, que prevê uma cooperação entre os países membros para a investigação de cibercrimes. Enquanto isso não ocorre, é preciso muita atenção para não ser mais uma vítima do Deep Fake.
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*O autor é advogado e professor universitário, especialista em Direito Digital e mestre em Direito e Garantias Fundamentais
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