A atividade do policial penal é desafiadora. Pressão, ambiente estressante e até com quês de incerteza se o servidor voltará para casa são e salvo. Orgulhosamente, por sete anos da minha vida, convivi com esse panorama, que foi fundamental para dar as bases ao meu ofício de advogado.
Mais do que no labor do policial militar ou do policial civil, aquele ou aquela que desempenha seu ofício no sistema penitenciário se depara com os efeitos danosos do crime no interno. Comportamento violento, pensamento fugaz, vida baseada somente no hoje, com o retorno imediato do delito sendo o balizador da vida.
O cárcere, com o ecossistema apurado, pode ser fundamental para guinada na vida do apenado, mas o livre arbítrio, conforme ensinamentos bíblicos, prossegue e, infelizmente, alguns ainda preferem a manutenção do convívio com o crime, por ser, na teoria, o mais fácil, o que não é: uma hora ou outra, a conta vem e o preço é incalculável, muitas vezes com a vida.
Sendo assim, o policial penal e todos os envolvidos têm a missão dupla: resguardar a integridade dele e daqueles que estão lá. E é preciso que haja punições severas aos que estão lá para salvaguardar o sistema, mas se infectam com a corrupção, como no caso noticiado pela coluna de Vilmara Fernandes, a respeito da demissão de dois membros da Polícia Penal.
Aos olhos da sociedade, a Sejus e a Polícia Penal realizam um trabalho “invisível”, afinal há uma massa carcerária de cerca de 23 mil internos. O que é isso perante quase quatro milhões de capixabas? No entanto, há indivíduos que ainda seguem ditando normas e aterrorizado comunidades dentro dos presídios. E nessa situação a integridade e a honestidade do servidor são fundamentais.

Porque a proteção de alguém de uma área de vulnerabilidade social pode começar com aquele policial penal que enfrenta escalas e que diariamente realiza seu trabalho honesto, o que, por sinal, é sinônimo da imensa maioria desses membros, com pouquíssimas maçãs podres.
O caminho fácil de se deixar levar pelas corrupções pode ser até “bom” momentaneamente, mas o “ruim” será colhido por toda a vida. Por isso que a defesa da integridade da Sejus e da Polícia Penal é um desafio diário. Um deslize qualquer pode levar à equiparação de delito com um contumaz agressor da sociedade e que precisava da orientação de um abnegado profissional. É um trabalho a ser feito da base até o topo, intransigentemente.
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