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É economista, doutora em Economia da Indústria e da Tecnologia pela UFRJ e professora da Fucape Business School

Por que é preciso privatizar os Correios?

Fax, computadores, telefonia móvel e e-mail mudaram a dinâmica dos serviços prestados pela estatal, mas pouco ou nada se fez para ajustar sua estrutura aos sinais dos tempos

  • Arilda Teixeira É economista, doutora em Economia da Indústria e da Tecnologia pela UFRJ e professora da Fucape Business School
Publicado em 16/07/2021 às 02h00
Agência dos Correios
Correios: votação da privatização na Câmara foi adiada para agosto . Crédito: Divulgação

No início dos anos 1980, além de carregar o estigma da concentração de renda, o Brasil era, também, uma economia inflacionada, endividada e desacreditada pelos seus pares no exterior. A plutocracia brasileira sustentava a relação incestuosa que estabelecera com o governo do país, através do pacto corrupto para privatizar os lucros e socializar as perdas.

Essa situação disseminou uma sensação de descrença em suas instituições públicas. Em meio a esse ambiente de descrédito, decidiu-se fazer uma pesquisa para saber em qual instituição os brasileiros mais confiavam. A resposta unânime foi: os Correios! Naquele momento, seus serviços – entrega de correspondências – eram pontuais e seguros.

Aí o tempo foi passando e, no início da segunda metade dos anos 1980, o telex (correio eletrônico da época) apresentou-se como alternativa ao tradicional serviço de envio de correspondência, por ser mais rápido. Mas, como somente os Correios tinham autorização por Lei a prestar o serviço de entrega de correspondência, assumiu também o monopólio do telex; mantendo a mesma estrutura operacional anterior – ou seja, desconsiderou a mudança estrutural em curso no serviço de entrega de correspondência.

No final dos anos 1980 chegou o fax – transmissão de correspondência através de linha telefônica – sem precisar de utilizar os Correios. O fax foi sinal explícito de que o monopólio de entrega de informações/correspondência, nos padrões dos Correios, começava a terminar. Iniciava uma mudança estrutural nesse segmento de mercado.

Mas a administração dos Correios permanecia como se não houvesse perspectiva de mudança. Também não houve mobilização por parte do governo federal para se ajustar ao novo contexto.

Na esteira do fax vieram computadores, telefonia móvel e comunicação eletrônica (e-mail), quebrando o monopólio dos Correios e mudando a dinâmica do tradicional mercado de serviços de correspondência prestados pela estatal, tirando-lhe demanda por seus serviços.

Mesmo assim, pouco ou nada se fez para ajustar sua estrutura de funcionamento aos sinais dos tempos. Além de ter sucumbido às recorrentes práticas de prevaricação e fisiologismo, habituées dos porões das repartições públicas brasileiras.

Entre reagir e se ajustar às mudanças em curso para resgatar seu posto de instituição mais confiável da Administração Pública, optou por financiar o fisiologismo e a prevaricação. Essa opção, além de ser um desrespeito ao cidadão contribuinte, é uma alocação ineficiente de recursos.

Portanto a privatização dos Correios é solução para estancar essa sangria de dinheiro público praticada pelos prevaricadores que orbitam nos porões da República brasileira. A máquina pública deve funcionar para atender às necessidades do cidadão. Ela está a serviço de cidadão, e não o contrário.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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